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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


segunda-feira, 23 de março de 2020

SEM O FUTEBOL EM NOSSA VIDA - Por Wilton Bezerra.


De repente, pintou uma despedida temporária do futebol, como parte dos esforços para conter um vírus que assola o mundo.
Embora ganhe a vida como comunicador, há momentos em que faltam palavras (absurdo reconhecer isso) ao se procurar traduzir uma despedida, mesmo que momentânea.
Ainda mais, porque numa despedida, as palavras nunca dizem tudo.
O futebol se foi, sem prazo para voltar, deixando todos nós, cronistas e torcedores, desolados e judiados.
A gente não quer só comida; a gente quer felicidade, afeto, diversão e a grande arte, que o futebol proporciona.
Ferreira Gullar, genial poeta, disse que “ a arte existe porque a vida só, não basta”.
Inegável a nossa dificuldade de falar e “batucar as pretinhas” (ato de redigir no teclado do computador) em torno de uma atividade apaixonante e, agora, ausente.
Mesmo com o nariz torcido de alguns intelectuais, o futebol é importante sim, e não pode ser ignorado.
É uma prática que materializa o prazer de jogar e ver jogar. Viver.
Vai além do entretenimento, das cifras, das regras, estatísticas. Se presta mais ao sonho, ao lúdico, num sentido amplo e poderoso.
Em crônica passada, num arroubo de entusiasmo, escrevi que se a visão do paraíso para um escritor é uma biblioteca. Para mim é um estádio lotado e colorido em suas arquibancadas.
Como disse Nelson Rodrigues, o futebol no Brasil se dá de forma atmosférica (respiramos futebol). Nos resta impedir que uma gripe malvada prejudique a nossa respiração.

Um comentário:

  1. Prezado amigo Wilton Bezerra - O seu texto é de uma razoabilidade impar. Verdadeiro, não carece de nenhum reparo.

    Mas, pior poderia ser. Essa era a resposta que um fazendeiro de Várzea-Alegre dava para os moradores quando estes se queixavam de algum "afregelo". Por mais mirabolante que fosse a historia a resposta era pior poderia ser.

    Um dia, um morador avisou que outro morador havia flagrado a mulher com outro e tinha assassinado os dois : O velho respondeu pausadamente, de forma quase teatral : Pior poderia ser. O morador questionou : Como poderia ser pior tamanha violência. E o velho torcendo o bigode lascou : Se tivesse sido ontem que era eu quem estava lá.

    Assim respondo eu : O Futebol sem as nossas vidas.


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