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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quinta-feira, 3 de agosto de 2023

ACREDITE NOS APELIDOS - Por Wilton Bezerra.

No Crato de 50 anos atrás, era bastante conhecido um comerciante “vapt vupt” chamado “Zé Enrolão”.

Gostava de transações rápidas e que não exigissem nota fiscal, evitando diminuir o seu lucro no “rolos” que fazia.

Digo sempre que é preciso acreditar nos apelidos, ligá-los aos tipos que os carregam e perceber que tem tudo à ver.

Certa feita, precisei de um conserto nas lâmpadas do meu carro e um atendente da loja de peças me advertiu logo: “Isso é serviço para o “Golinha”, procure-o nas imediações”.

Quando encontrei o tipo, nem precisei perguntar se era o “Golinha” tal a semelhança, do pescoço pra cima, com o passarinho.

Muitos deveriam procurar os cartórios, e providenciar mudança dos seus nomes de registro para os apelidos que carregam.

Voltando ao “Zé Enrolão”, seus negócios eram pequenos e o que valia era o giro rápido da mercadoria.

Ao tentar despachar oito sacas de farinho de trigo (sem nota fiscal) na estação de trem do Crato, foi advertido pelo conferente amigo: “Ei, Zé, não vai ser possível despachar essa farinha de trigo sem a nota fiscal, é muita coisa”. 

E o Zé, mais “Enrolão” do que nunca, perguntou: “ Por que”? O conferente respondeu: “Porque vai dar bolo”! Zé encerrou o papo dizendo: “É pra isso mesmo, que a farinha serve”.

2 comentários:

  1. Prezado Wilton - Esse senhor em referência, que eu conheci e conheço, era avesso a pagar imposto, certa feita trazia da cidade de Campos Sales uma carrada de bodes para negociar no Juazeiro do Norte.

    Há menos de cinco km do Posto Fiscal da Batateira estacionou o carro na beira da estrada e foi vê o ambiente no posto fiscal.

    Resolveu ir até o mercado e comprou 36 sombreiros.

    Depois de fazer dois orifícios em cada chapéu de palha para adequá-los no crânio de cada pai de chiqueiro, lá se foi estrada a fora : um pau de arara carregado de romeiros.

    Com a troca do fiscal de plantão, a sorte não poderia ter sido mais favorável : O novato era portador de elevado grau de miopia, usava óculos fundo de garrafa, mesmo como seu "Enrolão" precisava.

    O homem se aproximou da carroceria do carro, iluminando com uma lanterna, olhando pelas brechas resmungou:

    Ô catinga de bode!

    Deve ter sido alguém que esqueceu de trocar o absorvente, disse o Enrolão.

    Esse povo é tão baixo!

    Enrolão emendou, é a fé que é muita, vão todos ajoelhados!

    O guarda desejou boa viagem e vendo o carro se afastar - Lascou :

    Ô povo feio.

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