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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


terça-feira, 5 de maio de 2020

FATOR DE SEGURANÇA - Por Wilton Bezerra.



Nos anos de escuridão em um país chamado Brasil, o futebol foi considerado fator de segurança nacional.
Funcionava o entendimento, nos meios governamentais, de que a magia e a paixão desse jogo, tinha o poder de fazer o brasileiro feliz e alheio aos problemas.
Era como se funcionasse, mesmo, como uma religião, na sua função de consolar e, vejam só, dar um sentido mais alegre à vida.
Por isso mesmo, ensaiou-se uma torcida contra a seleção brasileira na Copa do Mundo de 1970, por conclusão de alguns estratos de oposição política, à época, de que a vitória verde amarela beneficiaria o regime militar.
Tão logo a bola rolou, o maior escrete brasileiro de todos os tempos passou a encantar o mundo, dissipando-se, rapidamente, o desejo de que aquele time fosse derrotado.
Aí, ninguém segurou o “Prá frente, Brasil” de Miguel Gustavo, colocando “noventa milhões em ação”.
Inegável que a ditadura tirou a sua “casquinha”, com a conquista do tricampeonato.
Se deu então, à época, que os idiotas que perderam a modéstia, fecharam questão ao julgar o futebol um fator, não só de segurança, mas, também, de alienação.
Reconhecemos que o futebol, como outra prática esportiva qualquer, possa ser usado para tal fim. Isto não significa, no entanto, que sua essência seja alienante.
A partir do grau de importância obtido pelo jogo inventado pelos ingleses e, aperfeiçoado pelos brasileiros, passou-se a imaginar que o futebol deveria ser modelo para resolver outros problemas da Nação.
Nada disso. O futebol foi, e deve ser sempre, importante em outras dimensões da vida moderna: pelo aperfeiçoamento da condição física, o gosto pela disputa, o despertar de nossas possibilidades motoras, o simbolismo e, principalmente, por ser um lugar social indispensável para o brasileiro.
Apesar do gangsterismo dos dirigentes e de uma certa desumanização pela indústria do espetáculo, o futebol continua na sua missão de encantamento das grandes plateias.


Um comentário:

  1. “Prá frente, Brasil” de Miguel Gustavo, “noventa milhões em ação”.

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