Surpreendido estou, com a minha “performance”, diante desse isolamento antisocial. Embora, em alguns momentos, uma paúra ameace pintar no meu tugúrio.
Paúra e tugúrio não são preciosismos. Tratam-se, mesmo, de frescura nossa.
Recolhido aos “costumes”, há mais de dois meses, não há como evitar um quadro de ansiedade semelhante a outros já vividos.
Em 1990, em viagem profissional à Itália, para cobertura da Copa do Mundo, o tempo de duração do vôo me impacientou tanto, que eu fui sendo tomado pela ideia de que precisava sair do avião.
O que agoniava o juizo desse “beradêro” foi a sensação desesperada de que aquele percurso aéreo, Brasil-Itália, nunca chegaria ao fim.
Com saídas restritas à garagem do condomínio, para pequenas caminhadas, de repente, bate uma necessidade de sair de casa e ganhar as ruas. Impaciente, pela falta do mundo físico a que estamos habituados.
Amparados na Netflix, já assistimos a tantos filmes que, em determinados momentos, interrompemos a “fita” por estar abusados, mesmo, ou por já ter visto a dita.
Por falar nisso, lembro-me de “seu” Vicente, lá de Juazeiro do Norte, bronco e mau humorado, habitué do Cine Eldorado.
Na “preliminar” dos filmes, assistia-se ao jornal Atualidades Atlântida e, logo depois, aparecia o símbolo do estúdio cinematográfico, anunciando a “película”.
Quando surgiu o leão da Metro Goldwyn Mayer, com aquele urro, “seu” Vicente levantou-se puto da cadeira e saiu, dizendo em voz alta: “Eu já assisti essa porra”!
Ávido por informações, nos deparamos com as leituras de jornais e os noticiários da TV, que não nos ajudam nessa hora.
Assuntos dessa política distópica só trazem desalento e aborrecimento. O balanço diário de mortos e feridos na guerra contra o coronavírus só provoca tristeza profunda.
Acabamos por nos refugiar na leitura, nem sempre possível, por falta de concentração, e na produção de crônicas piegas, nas quais quem paga o pato é o leitor.
Haja saco!
E desse jeito. Assim estamos todos nós.
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