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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

DIGRESSÕES - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.

 


Se eu não falar sobre mim, quem o fará?

Frequentemente, me flagro agarrado ao passado, filtrando algumas passagens.

Da minha cabeça, começam a sair lembranças de montão, sem preocupação com datas.

Penso e pinta na tela.

Fui gerado em Várzea da Conceição, no Cedro. Lá, nasci.

Nesse tempo, as gestantes traçavam galinha caipira com pirão, para ganhar sustança.

Minha mãe, Dona Deusdideth, deve ter feito, também, essa dieta.

Meu estômago não foi da miséria.

Na nossa casa, se comia muito, quando se tinha muita comida. Se comia pouco, quando a ração era pouca.

Era um critério adotado por Seu Martins, meu pai, homem de "barriga cheia", como se dizia.

Nosso caviar era de ova de curimatã, uma delícia.

Minha chegada ao Cariri, desembarcando no Crato, teve como fundo musical "Boneca Cobiçada", com Palmeira e Biá.

Gosto muito do Crato e adoro Juazeiro.

Morei 30 anos de minha vida no interior, onde o calor  humano é maior.

O clima da Copa do Mundo conquistada pelo Brasil na Suécia ocupou mentes e corações, bem no começo da jornada.

Me enrabichei pelo rádio, onde cheguei de calças curtas.

Virei cronista esportivo, embora os planos fossem ser jogador de futebol ou sanfoneiro.

Não deixei o Cariri no último pau de arara.

Com a mulher e uma récua de filhos, cheguei a Fortaleza, em um Fusca de cor azul, que os amigos chamavam de "caixão de anjo”.

Quando conheci o mar viagens anteriores, dei o maior valor.

Para conseguir uma morada e dar "de comer" à família, fiz mais de 20 viagens.

Resisti bem aos obstáculos e nunca entreguei o jogo no segundo tempo.

Conheci políticos, mas deles precisei muito pouco.

Hoje, o ritmo diminuiu muito e só saio de casa para o trabalho ou para olhar o mar.

Até aqui, estou no lucro.

É isso.

Um comentário:

  1. Na foto vemos a praia e sua beleza, e, o côncavo do pé da chapada do Araripe na sua magnitude.

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