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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


domingo, 24 de julho de 2022

A Crônica do Domingo -- por Armando Lopes Rafael (*)

  A coroa dos Reis e Rainhas de Portugal

A última coroa dos Reis de Portugal foi confeccionada no Brasil, em 1818

    Há uma curiosidade sobre a coroa dos reis e rainhas de Portugal. Eles não a usavam à cabeça. De 1640 até 1910 (quando a monarquia portuguesa foi derrubada pelos carbonários, que assassinaram -- em 1908 -- o Rei Dom Manuel II e o seu filho, o herdeiro do trono, Príncipe Dom Carlos, com apenas 18 anos de idade), nas solenidades de coroação essa coroa ficava pousada, numa almofada, ao lado do novo rei ou rainha, e não na cabeça do novo soberano.

   Esta tradição foi iniciada com a Restauração da Independência Portuguesa, em 1º de dezembro de 1640, quando o Rei Dom João IV colocou a coroa real aos pés da imagem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa – Padroeira de Portugal – afirmando que a Virgem Maria era a verdadeira Rainha da nação lusitana e de suas colônias, dentre as quais o Brasil. Esse gesto de Dom João IV foi seguido por seus sucessores até 1910, quando foi imposto o regime republicano aos portugueses, após o assassinato do Rei e seu herdeiro, em 1908.

     No entanto, as coroas, para investidura de novos soberanos portugueses, continuaram sendo confeccionadas, a partir de 1640.  A última feita – para a subida de Dom João VI ao trono, em 6 de fevereiro de 1818 – foi confeccionada no Rio de Janeiro, pois no Brasil morava a Família Real Portuguesa. 

      Esta coroa é guardada hoje numa das maiores caixas-fortes do Mundo, atrás de duas portas de cinco toneladas, e muito raramente é exposta (em solenidades especiais) no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa, onde funciona o Museu do Tesouro Real. Portugal conserva, em vários aspectos,  a herança da sua gloriosa monarquia, cuja lembrança permanece viva na memória das novas gerações....

Bandeira do Reino de Portugal
 

(*)Armando Lopes Rafael é historiador. Sócio do Instituto Cultural do Cariri e membro-correspondente da Academia de Letras e Artes Mater Salvatoris, de Salvador (BA).

5 comentários:

  1. Prezado Armando Rafael - Essas postagens suas são uma oportunidade que o leitor tem de conhecer para comparar a diferença entre as personalidades no tempo do império e as de hoje : Caráter, decência, honradez e bons costumes.
    Já que não querem fazer a comparação atual com os países em que são governados pelo sistema monárquico : Educação, saude, economia e o respeito do mundo.

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  2. A Coroa representava o "respeito e a nobreza" dos manarcas. Hoje os candidatos vestem o gibão, botam um chapéu de couro na maior hipocrisia e deboche com o cargo que almejam. Você podia imaginar, um dia, Geraldo Alckmin de chapéu de couro e gibão ao lado do Lula! É pouca vergonha mesmo dele e de quem votar.

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  3. Quando foi restaurada a Monarquia na Espanha- em 1975 - o novo Rei, Dom João Carlos, determinou que fosse imitado o costume dos Reis portugueses e também os soberanos espanhóis deixassem num móvel ao lado a Coroa e não a usassem á cabeça.

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  4. Muito importante esses considerações históricas nos mostrando fatos reais da história obrigado amigo historiador Amando

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  5. O regime monárquico tem um viés importante, que é o respeito. A república também tem seus aspectos importantes, mas, muitas vezes, eleitores e eleitos não se merecem de tão baixos e hipócritas que são.

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