De tempos em tempos, desisto do Brasil. Estou desistindo novamente agora. Além de renunciar às urnas, resolvi renunciar também ao nosso site.
A partir de hoje, vou parar de escrever para a imprensa. No caso, O Antagonista e a Crusoé.
O plano é me dedicar a atividades mais gratificantes do ponto de vista intelectual e espiritual. De fato, pretendo passar meus dias deitado no sofá, tirando meleca do nariz. Quanto tempo isso vai durar? O trato é permanecer um ano de folga. Pode ser mais, pode ser menos. A única certeza é que vou me abster de comentar a campanha eleitoral, os debates na TV, o resultado do primeiro turno, a festa do vencedor, os nomes dos ministros, as tentativas de golpe, a compra dos parlamentares.
Sinto-me revigorado só de ver essa lista.
É claro que há reciprocidade nisso. Eu desisti do Brasil, o Brasil desistiu de mim. Ninguém está disposto a ler pela trigésima-oitava vez os mesmos comentários sobre os mesmos assuntos. Eu já disse o que tinha a dizer. O afastamento, portanto, é consensual.
O Brasil e eu enjoamos um do outro. Vou sair de mansinho e o leitor nem vai notar.
Estupidamente, eu havia prometido me atirar do campanário de São Marcos em caso de segundo turno entre Lula e Jair Bolsonaro.
A aposentadoria precoce foi o jeitinho acovardado que arrumei para descumprir a promessa. É uma espécie de terceira via particular.
Minha vida vai virar uma Simone Tebet: estreita, tediosa, supérflua e sem brilho, mas longe daquela gentalha fedorenta que há vinte anos embosteia meu dia a dia.
Acompanho e leio o Diogo Mainard desde o famigerado governo do Fernando Henrique Cardoso. Um jornalista competente, sério e independente. Sempre do lado correto da historia com independência e altivez. Corajoso e de uma razoabilidade ímpar. Seu comportamento tem sido criticar o que está errado, e, como de 50 anos pra cá nada nesta republiqueta de meia tigela é razoável ou algo de elogio, ele ficou contra os desgovernos de todos os presidentes. Um jornalista que nunca se vendeu. Esse seu gesto e decisão torna a mídia mais pobre do que já era.
ResponderExcluirInfelizmente os que ficam são exatamente aqueles que escrevem o que quem paga quer que seja escrito. Os vendidos.
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