Almina Arraes de Alencar Pinheiro, nasceu em Araripe (CE), em 03.08.1924, filha de José Almino de Alencar e Silva e Maria Benigna Arraes de Alencar. Foi a sexta filha deste casal. Ela teve os seguintes irmãos: Miguel, Maria Alice, Anilda, Laís, Alda e Violeta. Em 1928, a família mudou-se para Crato, a fim de proporcionar uma melhor educação formal aos filhos. Dois anos antes, a Diocese da cidade havia implantado o Colégio Diocesano de Crato (para educação masculina) e, posteriormente, criou também o Colégio Santa Teresa de Jesus, (destinado à educação feminina). Ambos os educandários proporcionavam o ensino dos primeiros anos do curso médio completo. Foram neles que estudaram os filhos do casal José Almino e Maria Beniga.
Dona Almina é uma mulher admirável! Conhecida por sua inteligência e perspicácia, fez o curso primário (hoje o básico) no educandário Santa Inês, pertencente a três irmãs que vieram instalar essa escola na cidade de Crato. Iniciou o intermediário no Colégio Santa Teresa de Jesus, em Crato, mas veio a concluir esse curso na Escola Normal Rural da cidade de Limoeiro do Norte, no Ceará. Almina foi a oradora e a aluna com as melhores notas da sua turma.
Voltando ao Crato, depois de formada, exerceu o magistério até a chegada dos primeiros filhos, frutos do seu casamento, em 1946, com César Pinheiro Teles. Desta feliz e exemplar união nasceram 6 filhos: Maria Edite, Joaquim, José Almino, Maria Amélia, Maria Benigna e Antônio César. As obrigações com a casa e a criação dos filhos não inibiram a criatividade de Almina. Esta foi sempre foi uma característica dela. Pois Almina sempre empregou seu pouco tempo livre lendo e pesquisando, como forma de preencher as atividades do seu dia a dia Virtude essa que ela conservou até pouco tempo.
Foi da iniciativa de Dona Almina os manuscritos que proporcionaram o primeiro livro de poesias do consagrado e conhecido poeta Patativa do Assaré. Almina copiava em cadernos os versos ditados por aquele poeta popular. Suas anotações chegaram à editora Borsoi, no Rio de Janeiro, que publicou o primeiro livro de Patativa, em 1953, com o sugestivo título de “Inspiração Nordestina”.
Com todos os filhos criados (e muito bem criados) todos vitoriosos pelos caminhos da vida, Almina, aos 83 anos, ingressou no mundo da informática. Frequentou um curso onde o colega mais velho da turma tinha 12 anos. Anotou as dificuldades que enfrentou no aprendizado e publicou uma cartilha voltada sobre os princípios da Internet para as pessoas da 3ª idade. Esse trabalho foi distribuído com os amigos idosos. Muitos deles aderiram a rede mundial da WEB, graças a dona Almina. Nesta quadra da sua vida, ela também montou, em sua residência, um curso de pintura. Contratou o professor e convidou algumas amigas. Naquela fase, Dona Almina pintou mais de 100 quadros.
Naquela época, sensível à crise no setor da produção das conhecidas redes artesanais do Ceará, uma produção bem característica do Nordeste brasileiro, Almina montou um consórcio para dar saída à produção feita nos teares artesanais, ajudando muitas mulheres “rendeiras”, na obtenção de emprego e renda. Esta iniciativa foi destacada na edição da revista “Continente”, da Companhia Editora de Pernambuco–CEPE, edição de 01.07.2012.
Depois que atingiu os 90 anos, Almina passou a dedicar parte do seu tempo pesquisando métodos artificiais de polinização de plantas. Essa prática foi usada no seu jardim doméstico, um dos mais bonitos e bem cuidados desta cidade de Crato. Também desenvolveu uma chocadeira adaptando caixas de isopor para multiplicação de codornas, dotada de sensores e termômetros para controlar a temperatura.
Gostaria de citar um depoimento muito interessante sobre Dona Almina, de autoria de Jorge Furtado, roteirista da Rede Globo de Televisão, com sede no Rio de Janeiro. Em 2015 ou 2016, o sobrinho de Dona Almina, o cineasta Guel Arraes, veio com uma turma da TV Globo ao Cariri. Vieram fazer uma matéria sobre o Projeto Casa Grande, na vizinha cidade de Nova Olinda. Pois bem, Jorge Furtado, integrante da equipe, assim registrou a visita que fez a Dona Almina, àquela época com 91 anos de idade. Num artigo que publicou, Jorge Furtado encerrou com a seguinte frase: “Dona Almina ainda não sabe o que vai ser quando crescer”.
Prezado Armando - Parabéns pela postagem. Este é um daqueles textos que a gente fica procurando palavras para construir uma mensagem com a razoabilidade e merecimento da homenageada e não encontra. "Bendita seja Dona Almina". Parabéns pela centenário de nascimento.
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