Saulo Moraes.
Zé Brito é, de longe, a pessoa mais generosa que conheci. Em período de férias escolares na minha infância e adolescência vínhamos do interior de Minas para Belo Horizonte e o seu apartamento no Edifício Princesa Isabel tornava-se uma folia permanente.
Ele se divertia muito com essa turma, sempre pautado pela noção de que cada um deve exercer e se responsabilizar pela sua liberdade. Quando me mudei em definitivo para Belo Horizonte, foi ali que arrumei morada, generosidade compartilhada por alguém também muito especial em minha vida, Ana Maria Ribeiro, sua esposa.
Eu tinha 18 anos, ali tive contato mais próximo com uma biblioteca de clássicos, a discoteca particular mais eclética que conheci e o impulso para os movimentos sindicais - sendo eu também bancário, mas em banco privado.
Zé Brito foi um poeta indignado, um cabra absurdamente espirituoso, de humor refinado e absolutamente criterioso com a língua portuguesa. Disso aprendi pouco, mas o suficiente para os vestibulares da vida.
Avalio hoje que a minha construção cultural e política, iniciada com o movimento de jovens em Brasília de Minas se consolidou e fortaleceu devido à sua influência – os seus livros e as nossas longas conversas no Condomínio Fazenda Solar sobre literatura, política, música e a arte do bem viver – que para pessimistas como nós dois estava mais para a arte de apenas viver.
E eu, um cruzeirense roxo, me arrisquei a perder o título de “anjo adotivo”, pois Zé Brito tinha um defeito grave: torcia para o Atlético Mineiro. Exagero, pois assim como o futebol pode ser a coisa mais importante das menos importantes da vida, o amor que nutri por ele reina absoluto na lista das coisas, de fato, mais importantes da vida.
Saulo Moraes - Um texto verdadeiro, revelador de um sentimento do que o coração está cheio. Lealdade e recíprocidade.
ResponderExcluirO Livro do autor Asas Cortadas revela o talento do José Brito, sua cultura e nível de literatura elevada.