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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quinta-feira, 17 de outubro de 2024

A cultura da cana de açúcar no Cariri – por Armando Lopes Rafael

    Nos dias atuais, o Sul do Ceará, passa por um grande processo de transformação, em todos os sentidos da vida, o que levou muitas de suas práticas e atividades tradicionais ao desparecimento. Os municípios de Crato Juazeiro e Barbalha, o chamado Crajubar – somados – têm cerca quinhentos mil habitantes.

    No setor da economia do Cariri, o cultivo de cana de açúcar, uma das atividades do passado, hoje praticamente extinta, a qual perdurou desde o início do povoamento desta região, no início do século 18 e dominou as atividades agrícolas até o início da década 1960. Segundo a arquiteta e historiadora Maria Yacê Carleal Feijó de Sá (autora de uma monografia de Mestrado “Os Homens que Faziam o Tupinambá Moer”, Universidade Federal do Ceará, 2007), "os brejos do Cariri, desde a época da distribuição das sesmarias, passaram a ser tomados pela plantação da cana-de-açúcar, de forma que antes mesmo de 1725 já funcionavam as primeiras estruturas que fabricavam o melado e a rapadura na região".

    Estima-se que em 1765 já existiam 37 unidades fabricando mel e rapadura no Cariri. Segundo Yacê: “Em 1858 já existiam cerca de 300 engenhos de fabrico de rapadura no Cariri, e desses, 72 engenhos ficavam no pé de serra e no brejo do município de Barbalha.    No Cariri, os engenhos passaram por três fases. Na primeira, no século XVIII, como a água nas nascentes eram abundantes, as moendas eram movidas pela força hídrica. A segunda fase foi a tração do boi que movia os engenhos. Por fim foi a fase dos engenhos de ferro. Os primeiros foram trazidos, possivelmente, de Pernambuco.

     Mas esta atividade econômica, que gerou tanta riqueza, que fez surgir uma aristocracia rural, que fez o Cariri progredir, desapareceu inexoravelmente. Hoje, em Barbalha, existem apenas cinco engenhos, que se mantêm com pequena atividade. Desses, dois fabricam somente rapadura e, os outros três, além do doce, fazem cachaça, batida e alfenim. Mas todos só trabalham por encomenda. Nos demais municípios caririenses nem isso...

   Para conhecer mais sobre o assunto, existe um pequeno livro – “Engenhos de Rapadura do Cariri” – escrito pelo historiador J. de Figueiredo Filho, com uma segunda edição publicada em 2010, pelas Edições UFC, da Universidade Federal do Ceará.

 

(*) Armando Lopes Rafael é historiador .

 

4 comentários:

  1. Com o advento da Usina Manuel Costa Filho o que era tratado como a redenção do setor canavieiro não só do Crajubar, mas em toda região pois Missão Velha era um dos maiores produtores de cana de açucar. Houve uma campanha muito forte para acabar com os engenhos e fazer da usina a única empresa a utilizar do produto. Até o poderoso ministério do trabalho fez uma campanha fiscalização o que deixou os donos de engenho sem saída. Com a morte do proprietário, em Recife a usina ficou para um único herdeiro, um bailarino que vive na França. Entregue a terceiros a usina foi a falência devendo fornecedores, companhia de eletricidade e impostos. Segundo o produtor Fernando Callou o governador adquiriu a usina, um amontuado de ferrugem pela bacatela de 50 milhões de reais, no momento que não existia uma só touceira de cana. O mesmo Fernando Callou disse que um ferro velho comprou agora por 2 milhões.

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  2. Tudo isso mostra a ré-publiqueta em que se transformou o Brasil. E o cenário só piora dia após dia

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  3. É típico da Ré Pública destruir a aristocracia rural, que produzia riqueza e empregava a mão de obra rural. Por isso botaram fiscais do Ministério do Trabalho para empobrecer produtores e provocar a pobreza. Atualmente, as populações da zona rural são escravas do BOLDA FAMÍLIA. Precisa explicar mais?

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  4. Quando FHC começou a criar bolsa isto e bolsa aquilo, Lula fez um pronunciamento em cima de um palanque, em Pernambuco condenando. Declarou ser uma compra oficial de votos.
    Ao chegar ao poder criou todo tipo de bolsa. Está faltando apenas o bolsa drogas. Porém, já se tem noticias de gente infiltrada vendendo nos tribunais superiores.

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