No dia em que Lula disse: “Hoje a gente só pensa em cargo, a gente só pensa em emprego, a gente só pensa em ser eleito e ninguém mais trabalha de graça”, a coordenação política do governo anunciou mais uma rodada de liberação de emendas parlamentares ao Orçamento e de distribuição de cargos em troca de votos para aprovação no Congresso do resto do ajuste fiscal.
O dinheiro das emendas e os cargos não contemplarão apenas o PT, é claro. De resto, enquanto governou por dois mandatos, foi Lula que viciou o PT em cargos, empregos, eleições e trabalho pago. Mas a coincidência da crítica feita por Lula com a revelação das miçangas a serem usados pelo governo para seduzir o Congresso, confirma que o buraco é bem mais embaixo. Lula prega o que não fez e o que Dilma, sua criatura, não fará.
O mensalão foi uma maneira explícita, descarada de pagar a parlamentares para que votassem como o governo queria. Parte do dinheiro empregado na compra dos votos acabou desviada dos cofres públicos, segundo o
Supremo Tribunal Federal, cuja maioria dos ministros deve seu emprego a Lula e Dilma. A liberação de dinheiro para honrar emendas ao Orçamento faz parte da lei.
Nem por isso, junto com a ocupação de cargos por afilhados dos políticos, deixa de ser outra maneira de comprar votos. Uma maneira menos sem vergonha, digamos assim. Mas é só. O dinheiro das emendas deveria servir para a realização de pequenas obras nos redutos eleitorais de deputados e senadores. O governo está careca de saber que parte dele enriquece os autores de emendas e seus apaniguados.
Interessado, a se acreditar no que diz, em promover uma revolução no PT que se esclerosou, Lula poderia começar a refletir sobre como governar sem distribuir dinheiro e cargos.
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