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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sábado, 16 de setembro de 2017

Gilmar Mendes sabe que é um monstro - Por Maicon Tenfen - Veja.

Malabarismos jurídicos e declarações inconsequentes fazem com que o ministro do STF seja o pior dos nossos pesadelos. O rosto paranormal de Gilmar Mendes não mete medo, mas suas sentenças são monstruosas. Gilmar Mendes é o inimigo público número um do Brasil.

Vejam que a façanha não é miúda. Ser o pior entre os piores é tão difícil quanto ser o melhor entre os melhores. O “bojudo fradalhão de larga venta” – para citar o mesmo Bocage que o Ministro aprecia – consegue deixar uma capital cheia de sátrapas na lanterninha a cada vez que bate o martelo para melar a Lava-Jato, ou seja, todo o santo dia.

O ethos de um país não pode ser a luta contra a corrupção – disse Gilmar ao The Wall Street Journal.

Aliadas aos malabarismos jurídicos, essas declarações deixam claro que Gilmar Mendes conhece o seu papel no conto: é o monstro, o bicho-papão, o gigante Piaimã, o Grendel faminto de carne humana, o Balrog com o chicote flamejante, a entidade maligna que devora as esperanças e vomita a injúria sobre quem estiver no caminho.

O vilão é aquele que conhece bem a própria identidade e por isso não titubeia em agir a favor dos próprios desejos, ao contrário do herói, cheio de indecisão, que precisa encarar uma longa jornada até descobrir quem de fato é – eis a conclusão do antropólogo americano Joseph Campbell em seu livro O Herói de Mil Faces.

Não é o rosto paranormal de Gilmar Mendes que mete medo, mas as certezas – e sentenças – injustificadas que vive distribuindo a torto e a direito. A boa notícia é que os monstros sempre morrem no final. O bicho-papão perecerá, Piaimã será afogado num panelão de macarronada, Grendel encontrará a flecha certeira de Beowulf e Balrog cairá da ponte que se esfacela sob os seus pés.

Enquanto isso não acontece – já que vivemos numa realidade ainda mais fictícia que a das histórias de monstros – limito-me a transcrever o restante do soneto citado acima, também fora de contexto, como Gilmar Mendes fez na despedida de Janot.

Pensando bem, até que o poema não é tão descontextualizado assim. Fala de um padre lascivo dado a declarações asnáticas que gosta de apontar nos outros os pecados que comete. Troquemos “padre” por “juiz” e “gritar contra as modas” por “dar sentenças espúrias” que estará pronta a interpretação.

Um comentário:

  1. São juízes como Gilmar Mendes que compõem a corte. E, sem duvidas, são os responsáveis pela desordem que ocorre no pais. Ao invés de cumprirem o dever constitucional de aplicar a lei e julgar, amparam e protegem os criminosos.

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