André Rebouças nasceu na Bahia, em 1838, em uma família negra, livre, e incluída na sociedade imperial. Quando jovem, estudou engenharia e começou a trabalhar na área. Foi responsável por diversas obras de engenharia importantes no país, como a estrada de ferro que liga Curitiba ao porto de Paranaguá. Conquistou posição social e respeito na corte. A Avenida Rebouças, importante via em São Paulo, é uma homenagem a André e a seu irmão Antonio, também engenheiro.
Em uma das obras de que participou, outro engenheiro pediu que Rebouças libertasse o escravo Chico, que era operário e tinha sido responsável pelos trabalhos hidráulicos. "Foi quando sua atenção recaiu sobre o assunto", escreve Angela Alonso, também em Flores, Votos e Balas. Chico foi, então, libertado.
"Sou abolicionista de coração. Não me acusa a consciência ter deixado uma só ocasião de fazer propaganda para a abolição dos escravos, e espero em Deus não morrer sem ter dado ao meu país as mais exuberantes provas da minha dedicação à santa causa da emancipação", discursou certa vez Rebouças, na presença do imperador Pedro II.
André Rebouças era adepto de uma reforma agrária que concedesse terras para os ex-escravos.
Na década de 1870, Rebouças se engajou na campanha pelo fim da escravidão. Participou de diversas sociedades abolicionistas e acabou se tornando um dos principais articuladores do movimento. Um de seus papéis foi fazer lobby - uma ponte entre os abolicionistas da elite e as instituições políticas, para quem executava obras de engenharia.
As ideias de Rebouças incluíam não apenas o fim da escravidão. Ele propunha que os libertos tivessem acesso à terra e a direitos, para serem integrados, não marginalizados. "É preciso dar terra ao negro. A escravidão é um crime. O latifúndio é uma atrocidade. Não há comunismo na minha nacionalização do solo. É pura e simplesmente democracia rural", proclamou Rebouças.
O engenheiro também se opunha ao pagamento de indenização para os senhores de escravos em troca da liberdade - para Rebouças, isso seria uma forma de validar que uma pessoa fosse propriedade da outra.
Apoiador da monarquia e da família real brasileira, Rebouças foi ainda um dos responsáveis pela exaltação da Princesa Isabel como patrona da abolição.
A minha bisavó Isabel de Morais Rego, Neta de Papai Raimundo, nasceu em 1866 no dia em que o pai dela faleceu. Foi batizada pelo primeiro vigário de Várzea-Alegre de quem era afilhada Padre Benedito de Sousa Rego. Herdou do pai 12 escravos, e, logo mandou alforriá-los dando-lhes a liberdade e um pedaço de terra que denominavam "quinta" para cada um deles.
ResponderExcluirNas papeladas encontradas junto as coisas de minha avó Josefa Alves de Morais encontramos uns recortes de jornais editados na Bahia à época com foto de uma negra e três filhas com os dizeres : "Vende-se uma escrava parideira com três filhas e a espera de outra". Estava escrito a mão : Meu Deus, que mundo é esse?
ResponderExcluirMorais:
ResponderExcluirParabéns pela postagem. Há um aspecto pouco divulgado sobre a personalidade de André Rebouças: a sua gratidão e lealdade. Ambas, consideradas as mais difíceis das virtudes que um ser humano pode possuir.
Monarquista e possuindo vínculos muito estreitos com Dom Pedro II, André Rebouças acompanhou a família real em seu exílio ,após a Proclamação da República, em 1889, viajando no mesmo navio que levava a Família Imperial deportada pelos republicanos golpistas. André ficou morando em Lisboa, de onde colaborou com os jornais Gazeta de Portugal e The Times, de Londres.
Em 1892, transferiu-se para Cannes, na França, a pedido de D. Pedro II, lá permanecendo até o falecimento do magnânimo imperador. Nesse mesmo ano, devido a problemas financeiros, aceitou trabalhar em Luanda, Angola. No entanto, pouco mais de um ano depois, mudou-se para Funchal, na Ilha da madeira, pertencente a Portugal.
O exílio fez tremendo mal a André Rebouças. Deprimido, e com constantes problemas de saúde, em 09 de maio de 1898, André Rebouças atirou-se de um penhasco, próximo ao hotel em que vivia.
Prezado Armando - Esse seu comentário mostra o quanto esse ilustre cidadão era honrado, digno, justo e bom. Não conhecia essa parte, que apesar de trágico pode se entender como glória e virtudes do ser humano.
ResponderExcluirExcelente. Essas postagens que nos trazem informações sobre nossa gente e nossa são maravilhosas. Muito melhor do que postagens de cunho político.
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