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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


segunda-feira, 8 de agosto de 2022

POR FALAR EM POBREZA - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.

Em um encontro de dois saudosos poetas caririenses, Hélder França e Enéas Duarte, o primeiro deplorou a precária vestimenta do segundo:

Responde-me,

Oh! Pobre vate,

Qual foi o mal alfaiate

Que te aleijou de uma vez

Enéas não tardou a responder:

Foi o alfaiate da miséria

Que pobreza

É coisa séria

Foi a miséria quem fez.

Acontece que a pobreza que gera a fome não tem nada de poética.

Quando iremos nos preocupar com a pobreza no País?

O que falta para encarar esse problema com a urgência que ele merece?

Quem tem maiores responsabilidades sobre essa questão já experimentou passar um dia de fome?

E ver os seus dependentes vítimas dessa pena de morte por inanição?

Como em outros desafios, não há uma preocupação real com isso.

O objetivo parece ser mesmo naturalizar essa impiedade de séculos.

2 comentários:

  1. Destino do poeta - Enéas Duarte.

    Conduzir tanto amor, tanta amizade,
    Na pequenez sutil do coração:
    Desprezar o clarim da realidade
    Pela sonora flauta da ilusão.

    Vagar pelo silêncio em direção
    À desventura, às magoas, à saudade,
    Menoscabando o fausto e a sedução,
    Vivendo quase sempre na humildade.

    Respondendo as injúrias com o desdém,
    Sem maltratar e sem pungir ninguém,
    Caminhando altivo em linha reta.

    Lançando rosas pelo caminho
    E recebendo em troca acerbo e espinho,
    Eis o destino de qualquer poeta.


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  2. Prezado amigo Wilton Bezerra. Eu considero esse soneto do Enéas no primeiro comentário uma definição perfeita para o poeta.
    Quanto ao tema da sua crônica eu entendo que enquanto o povo não se educar não terá solução. "Os pastores quando precisam de dinheiro pedem aos otários, quando esses precisão de dinheiro os pastores mandam pedir a Deus". E, o pior, o dinheiro da educação que poderia educar o povo, os pastores desviam. Assim fica fácil enganar. Um governante passar 16 anos no puder, falando que acabou a pobreza. E vem outro com um projeto de renda para um período de 5 meses. Um após a eleição. Só existem os sabidos porque existem os bestas.

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