Duas
versões são defendidas, entre os historiadores regionais, quanto a casa
onde teria nascido, na cidade do Crato, o Padre Cícero Romão Batista. A
primeira, – difundida por Irineu Pinheiro – defende que o famoso
sacerdote veio ao mundo numa residência existente, em 1844, na atual Rua
Miguel Limaverde, à época conhecida como Rua Grande ou Rua do Comércio.
Aquela casa pertencia ao coronel Pedro Pinheiro Bezerra de Menezes, e
posteriormente foi desmembrada em duas residências. Ambas demolidas,
quando do alargamento daquela rua, de forma insana, cuja consequência
foi destruir o que restava do patrimônio arquitetônico do Crato, naquela
rua, “para dar lugar à passagem de veículos automotores” (sic).
A
outra versão, a que me parece mais certa, defende que o Padre Cícero
nasceu numa casinha simples, em meio às árvores frutíferas, no terreno
onde hoje se ergue o antigo Palácio Episcopal, localizado na atual Rua
Dom Quintino, àquela época conhecida por Rua das Flores.
Irineu
Pinheiro defendia o imóvel da Rua Miguel Limaverde, como o local do
nascimento do Padre Cícero, baseado em depoimento de uma escrava da
família do famoso sacerdote, conhecida como “Teresa do Padre”, uma
mulher humilde e bastante estimada na cidade de Juazeiro do Norte, onde
gozava a fama de uma pessoa virtuosa e de credibilidade.
Entretanto outro conhecido historiador, Padre Antônio Gomes de Araújo, escreveu este depoimento:
“Teresa
do Padre, já começava a mergulhar no crepúsculo da própria memória,
cuja desintegração começara”. Ou seja, a boa velhinha caminhando para os
cem anos de idade, já não dominava mais a própria memória, deficiência
física a que estamos sujeitos todos nós, quando a velhice irreversível
nos domina.
Esta versão de que o Padre Cícero nasceu numa
casinha simples, onde depois seria construído – por Dom Francisco de
Assis Pires, segundo Bispo de Crato, tem outros defensores. Segundo
depoimento prestado pelo cônego Climério Correia de Macedo ao Padre
Antônio Gomes de Araújo – e incluído no livro “A Cidade de Frei Carlos –
o velho cônego declarou: “Minha tia paterna, Missias Correia de
Macedo, cortou o cordão umbilical do Padre Cícero numa casa que foi
substituída pelo palácio de Dom Francisco".
E continua Padre Gomes no seu livro acima citado: “É
corrente que, no chão em que se ergue aquele palácio, havia de fato uma
casa, que foi cenário, por exemplo, da recepção do Padre Cícero quando
este chegou do Seminário de Fortaleza, ordenado sacerdote, bem como das
festas que envolveram a celebração de sua primeira missa. É certo que
dita casa pertenceu ao major João Bispo Xavier Sobreira (...) Com sua
morte a dita casa passou à viúva, dona Jovita Maria da Conceição. Seus
herdeiros venderam a casa a esta diocese”. Assim, tudo está a
indicar que o Padre Cícero veio mesmo ao mundo numa casinha simples,
entre árvores frutíferas, localizada no terreno onde hoje se ergue o
desativado Palácio Episcopal.
Um dia o Crato voltará a dar prioridade
à conservação do seu acervo histórico-cultural. Quem sabe, o Governo do
Ceará providencie a colocação de uma placa, assinalando o local onde
nasceu um dos mais conhecidos sacerdotes católicos do Brasil, o ilustre
filho do Crato, Padre Cícero Romão Batista. No momento -- triste é
reconhecer --, nossas autoridades não têm como prioridade preservar a memória histórica de Crato. Nosso patrimônio arquitetônico anda tão ultrajado e tão descaracterizado, que – nem de longe – lembra a outrora Capital da Cultura do Cariri...
(Texto e Postagem de Armando Lopes Rafael)
O local onde nasceu não é tão importante assim. Importante foi o povo do local que reconheceu seu trabalho e ainda hoje é grato.
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