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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Temer faz com Janot o que Lula fez com Moro - Por Josias de Souza.

Ao arguir a suspeição de Rodrigo Janot no Supremo Tribunal Federal, Michel Temer repete com o procurador-geral da República a tática usada por Lula contra Sérgio Moro. Os advogados se rendem a uma máxima muito usada por políticos acusados de corrupção: a melhor defesa é o ataque. O problema é que, nos dois casos, o ataque não serve senão para escancarar a ausência de defesa.

Os defensores de Lula recorreram contra Moro em todas as instâncias do Judiciário. Qeuixaram-se até na ONU. A despeito das investidas, o juiz foi mantido à frente dos processos. E já pendurou no pescoço de Lula uma condenação de 9 anos e 6 meses de cadeia por corrupção e lavagem de dinheiro.

A hipótese de a Suprema Corte proibir Janot de denunciar Temer é muito próxima de zero. O advogado do presidente, Antônio Cláudio Mariz, sabe disso. Moveu a ação para oferecer ao seu cliente e amigo um discurso contra a segunda denúncia que o procurador-geral fará contra ele, agora por obstrução de Justiça. Ainda que a peça de Janot seja consistente, Temer poderá manter a pose de perseguido político.

Grosso modo, a única diferença entre Temer e Lula é o mandato. Como ex-presidente, o pajé do PT arde na grelha da primeira instância. No exercício do mandato presidencial, Temer dispõe de dois escudos: além de desfrutar do foro especial do Supremo, só pode ser processado se a Câmara autorizar. E os deputados já demonstraram que, bem pagos, fazem qualquer negócio.

Pior para o brasileiro, condenado a conviver com um presidente cuja honestidade está pendente de uma sentença que só poderá ser emitida depois de 31 de dezembro de 2018, quanto terminar o mandato de Temer. Mal comparando, é como viajar num avião que se espatifará —e, levando-se em conta o caráter da tripulação, “espatifar” é o termo apropriado— no chão. Sem alternativas, o país reza para sobreviver ao desastre.

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