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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sábado, 15 de novembro de 2025

15 de novembro de 1889: uma página triste da nossa história. Nada a comemorar – por Armando Lopes Rafael

 


   Todos sabem que os tempos imperiais foram varridos do Brasil devido ao golpe militar 15 de novembro de 1889. Foi esta primeira ruptura constitucional, de uma série de outras que se repetiriam ao longo da tumultuada história republicana. Aquele levante   de poucos oficiais do Exército foi recebido com espanto e indiferença pela população brasileira. Continua sendo indiferente ao nosso povo. Tanto que neste dia de “15 de novembro” – apesar de ser oficialmente um “feriado nacional” – não vai haver comemorações no Brasil. A herança que ficou daquela rebelião foi a de um ataque perpetrado, à sorrelfa, por poucos oficiais do Exército Imperial, contra um governo legitimamente constituído. A sublevação militar de 15 de novembro de 1889 rasgou a Constituição Imperial de 1824, a nossa primeira Carta Magna – a mais longa da nossa história constitucional – pois vigorou durante 67 anos.  Um fato inédito dentre as 7 (sete) Constituições que o Brasil já teve. Haja Constituições...

   A minoria que fez o golpe republicano retirou, pela força, Dom Pedro II e sua família das posições constitucionais que exerciam. Em seguida, expulsou a Família Imperial do Brasil.  No entanto, no imaginário popular desta nação, Dom Pedro II exerce uma memória especial nos dias atuais. Ele é reconhecido como “O Maior dos Brasileiros”. E ninguém o superou como Chefe de Estado. No exercício desta função Dom Pedro II se destacou pelo vasto preparo intelectual de que era possuidor; por sua grande cultura; sua honestidade; seu patriotismo e seu magnânimo coração...

   Diferente era a postura dos poucos oficiais do Exército, responsáveis pela quartelada republicana. Um dos líderes da rebelião, o Alferes Cardoso (vem a ser o avô do ex-Presidente da República Fernando Henrique Cardoso) sugeriu, após a “Proclamação”, que a Família Imperial fosse fuzilada. Felizmente foi voz isolada. O autodenominado Presidente do Governo Provisório da República, Marechal Deodoro da Fonseca, mandou comunicar ao Imperador deposto que o Tesouro Nacional lhe concederia a importância de 5 mil contos de réis, destinada às despesas iniciais dele e de sua família nos primeiros tempos de exílio. Dom Pedro II se recusou a oferta. Ora, 5 mil contos de réis era o equivalente, àquela época, a 4 toneladas e meia de ouro. O magnânimo Imperador assim respondeu ao emissário do Marechal Deodoro: “Com que autoridade esses senhores metem a mão no Tesouro Nacional?” E partiu para o exílio com o pouco dinheiro que dispunha. Com isso, deixou ao Brasil um último benefício: o grande exemplo de seu desprendimento. 

   A Imperatriz Teresa Cristina morreu logo após o navio, que os transportava ao exílio, chegar à cidade do Porto, em Portugal. A Família Imperial já estava quase sem dinheiro. E a Imperatriz só não foi enterrada como indigente porque um bondoso comerciante português pagou suas exéquias.  Os tempos de exílio do Imperador, vividos num modesto hotel no centro de Paris, trouxeram-lhe cansaços e enfermidades, apressando a sua morte aos 66 anos de idade .

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7 comentários:

  1. Segundo a Wikipédia: “O estado de saúde de Dom Pedro II rapidamente deteriorou até a sua morte às 00h35 da manhã do dia 5 de dezembro de 1891. Suas últimas palavras foram: "Deus que me conceda esses últimos desejos– paz e prosperidade para o Brasil". Enquanto preparavam seu corpo, um pacote lacrado foi encontrado no quarto com uma mensagem escrita pelo próprio Imperador: "É terra de meu país; desejo que seja posta no meu caixão, se eu morrer fora de minha pátria". O pacote, que continha terra de todas as províncias brasileiras, foi colocado dentro do caixão. (...) Os brasileiros se mantiveram apegados à figura do popular Imperador, a quem consideravam um herói e continuaram a vê-lo como o “Pai do Povo” personificado. Esta visão era ainda mais forte entre os brasileiros negros ou de ascendência negra, pois estes acreditavam que a monarquia representava a libertação”.

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  2. Sua morte gerou forte comoção em todo o mundo. As ruas de Paris se encheram de grandes multidões. A família recebeu cerca de 2.000 telegramas de condolências. No Brasil, as autoridades da recém implantada república viram isso com preocupação. E endureceram as medidas, na tentativa de reescrever uma versão manipulada da história da Império e do seu segundo Imperador para as futuras gerações. Deram com os burros n’água...

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  3. O “Segundo Reinado” de Dom Pedro II ficou registrado como o período áureo da nossa história imperial. Quando o Imperador subiu ao trono, em 1841, 92% da população brasileira era analfabeta. No seu último ano de reinado, em 1889, essa porcentagem tinha caído para 56%. Dom Pedro II foi um grande incentivador da educação. Construiu inúmeras escolas, que tinham como modelo o excelente Colégio Pedro II, sediado no Rio de Janeiro, tido como o “crème de la crème” dos educandários brasileiros.

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  4. Na economia, o ciclo da exportação do café atingiu o seu auge entre 1840 e 1860, trazendo ao Brasil um período de grande prosperidade. Contribuiu, também, para esse surto de crescimento econômico do país alguns investimentos industriais, dentro do que passou à história como a “Era Mauá". O Brasil tornou-se a 4ª Economia do Mundo e o 9º Maior Império da História. No Segundo Reinado a média da inflação era de 1,08% ao ano. A moeda brasileira daquela época – o Real (no plural “Réis”) – tinha o mesmo valor do Dólar e da Libra Esterlina. Sob Dom Pedro II o Brasil tinha a segunda maior e melhor Marinha do mundo, inferior apenas a da Inglaterra.

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  5. Tudo isso foi trocado (graças a essa minoria positivista e fanática republicana) pela atual "Ré Pública" (que vivemos e sofremos no nosso dia a dia), onde até os aposentados do INSS foram roubados, por descontos e empréstimos não autorizados, num total (segundo o o atual governo republicano) de 6 BILHÕES DE REAIS, frutos de desvios nos miseráveis salários de aposentados que vivem seus últimos dias de vida.

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  6. Não há o que comemorar.
    Nosso futuro foi interrompido por traidores que não pensaram no povo e suas gerações, não pensaram no Brasil, mas em seus interesses.
    Ainda colhemos os frutos desse golpe.
    Só voltaremos a ser um Brasil de verdade quando retornarmos para casa, a Monarquia Parlamentarista Constitucional.
    Aí retornaremos ao equilíbrio entre os poderes, a soberania, a riqueza, a verdadeira justiça social.
    Por hora cabe a nós continuar cheios de fé e esperança e fazendo nossa parte.

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  7. Há 136 anos, os militares promoveram um golpe de Estado que trocou um regime exemplar por essa república decadente e corrupta. Uma época em que gente de bem, honesta, erudita e patriota se dedicava à causa pública sem interesses mesquinhos como os que vemos hoje, no qual uma corja de corruptos desclassificados nos fazem retroceder cada vez mais. O Brasil deixou de ter uma elite, para se deixar governar pela escória.

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