MADRE FEITOSA
Ela foi uma presença marcante em Crato. Seu nome ficouindelevelmente registrado no imaginário popular desta cidade,como o de uma pessoa que só fez o bem por onde passou. Seu nome civil era Maria Carmelina Feitosa. Nasceu no seio do clã Feitosa, no município de Tauá, em 13 de setembro de 1921.
No sertão dos Inhamuns, fez seus primeiros estudos. Lá, aindacriança, chamou a atenção de um primo da sua avó – o futuro monsenhor Antônio Feitosa – à época, ainda estudante do Seminário de Crato. Mesmo assim ele conversou com os pais deMaria Carmelina. Animou-os a enviá-la para estudar interna no Colégio Santa Teresa de Jesus, em Crato. O pai alegou que, devido à falta de recursos, não podia educar todos os filhos. E, por isso, não pretendia privilegiar alguns em detrimento
de outros. No entanto, a avó de Carmelina, animada com a possibilidade de vê-la estudando numa cidade mais adiantada, conseguiu vencer a resistência paterna
Aos quatorze anos de idade, em 1935, Maria Carmelina se fixou em Crato. E desta cidade nunca mais saiu. Aqui viveu oitenta e quatro anos de sua existência, sempre de forma exemplar, testemunhando a Boa Nova de Cristo. Em 1936, submeteu-se, no Colégio Santa Teresa de Jesus, ao exame de admissão ao antigo curso ginasial. Foi aprovada “com distinção”. Na convivência com as freiras da Congregação das
Filhas de Santa Teresa de Jesus, sentiu aflorar no seu espírito a vocação religiosa. Foi admitida como noviça, em 1938, aos dezesseis anos de idade. E foi fiel, até a morte, ao chamadoda sua vocação.
Em 1961, convidada por Dom Vicente Matos, terceiro Bispo de Crato, a agora Madre Feitosa assumiu a direção da Casa de Caridade, instituição criada – em 7 de março de1869 – pelo Venerável Padre Ibiapina, com a missão de acolher meninas e adolescentes pobres e órfãs. A Casa de Caridade, em 1961, já estava sob a propriedade da Diocese de Crato. E, para evitar que aquela instituição cerrasse suas portas, o bispo carecia de uma pessoa dotada de tirocínio administrativo. Madre Feitosa era, na visão de Dom Vicente, a pessoa certa para o lugar certo. A partir daí, o vetusto casarão seria o palco do profícuo trabalho prestado por Madre Feitosa à comunidade cratense. Na Casa de Caridade, ela se sobressaía pela disposição em ajudar ao próximo. O que fazia de forma abundante e generosa.
Difícil conjecturar todo o bem distribuído pela Madre, durante cinquenta e oito anos, nos quais administrou a Casade Caridade de Crato. Foi um trabalho discreto e silencioso.
Naquele abençoado casarão ela buscou a santificação por meio de suas ações caritativas, regadas pelo sofrimento quenunca reclamou; alimentadas pelas perseverantes orações diárias. Quantas famílias de Crato receberam de Madre Feitosa auxílios materiais e orientações espirituais! Quantas lágrimas ela enxugou dos olhos das pessoas que a buscavam, submersas nas dificuldades da vida! Quantas criaturas desviadas re- tornaram ao bom caminho, depois de ouvi-la.
Madre Feitosa viveu com saúde e lúcida, durante 98 anos, 2 meses e 25 dias. Em 17 de dezembro de 2019, sofreu um AVC – Acidente Vascular Cerebral isquêmico. Faleceu nodia 27 do mesmo mês. A população de Crato acorreu empeso ao seu velório – que durou três dias – para prestar-lhe a última homenagem. Na manhã do dia 29 de dezembro, seu féretro foi transportado para a Catedral de Nossa Senhora da Penha, onde foi realizada a última missa de corpo presente. A multidão silenciosa acompanhou, a pé, todo o percurso entre a Sé Catedral e o hall de entrada da Casa de Caridade, onde a Madre foi sepultada. Desde aquele dia, junto ao seu túmulo, diariamente, pessoas de todas as classes sociais se ajoelham e rezam. Pedindo sua ajuda, agora que ela está bem próxima a Deus...
A caneta nas mãos do Armando Lopes Rafael desliza no papel como uma brisa suave faz flabelar um talhe de palmeira. Sobre Madre Carmelina Feitosa ele escreve com a propriedade de conhecedor da historia e das virtudes de uma criatura criada pelo Criador , um diamante lapidado do Nossa Senhora da Paz em Arneirós, e enviada para servir a Diocese do Crato.
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ResponderExcluirCaro Morais,
Agradeço por ter publicado este capítulo do meu livro no seu blog. De fato, Madre Feitosa foi uma bênção de Deus à cidade de Crato e, por extensão ao todo o Cariri,
Aproveito esta oportunidade para informar que no próximo dia 13 de setembro será inaugurado o MEMORIAL DE MADRE FEITOSA, localizado na Casa de Caridade de Crato.
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ResponderExcluirCrato ganhará novo Memorial
Será incorporado ao roteiro cultural de Crato um novo memorial, este destinado a resgatar e preservar a memória da educadora e religiosa Madre Carmelina Feitosa. Ela foi uma personalidade marcante na sociedade cratense. Chegou a Crato em 1935 e aqui permaneceu até seu falecimento, em 2019, aos noventa e oito anos de idade. A Diocese de Crato disponibilizou à visitação pública parte da Casa de Caridade – construída por Padre Ibiapina em 1869, onde Madre Feitosa residiu cerca de sessenta anos. No memorial serão expostos objetos pessoais e documentos que pertenceram àquela educadora.
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ResponderExcluirComo surgiu este memorial
Em face da venda ao Governo do Estado, pelo ex-bispo de Crato, Dom Gilberto Pastana, do antigo conjunto que sediava o Ginásio Madre Ana Couto / Rádio Educadora do Cariri, a Casa de Caridade – interligada aquela paisagem histórica e cultural cratense – ficou isolada e sem acesso a quem desejava visita-la. O atual Bispo de Crato, Dom Magnus Henrique Lopes, sensível ao pedido feito pelo Bispo de Tianguá, Dom Francisco Edimilson Neves Ferreira, determinou a abertura de um acesso à Casa de Caridade por um corredor independente do Colégio Pequeno Príncipe, localizado na Rua 21 de Junho. Uma excelente iniciativa que agradou a todos os segmentos da população cratense. Agora o Crato contabiliza três memoriais: o de Dom Quintino (na casa-mãe da Congregação das Filhas de Santa Teresa de Jesus); o Memorial da Fotografia de Telma Saraiva e o Memorial de Madre Feitosa.
Prezado Amigo Armando Lopes Rafael - No meu terceiro mandato na presidencia do Lions Clube de Crato-Cetro eu sugeri e a diretoria aprovou a criação da comenda Thomaz Osterne de Alencar para agraciar as personalidades befenfeitoras do Crato. Madre Feitosa foi a primeira a ser homenageada. A comenda foi entregue pela víuva de Thomaz Osterne, Dayse Osterne de Alencar numa plenária festiva no Clube Recreativo Grangeiro com a presença de diversas autoridades do municipio. Um evento muito merecido pela homenageada.
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