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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

Ramiro, o belo - Por Xico Bizerra



Ramiro era muito feio e todos os bonitões da cidade riam de sua feiúra. Descaradamente. Até os que também eram feios riam de sua feiúra, tão feia que era. 

Ele não se importava e seguia a vida, carregando bagagens na estação de trem, trabalhando como chapeado: era assim que se chamavam aqueles que transportavam malas, identificados por um número na chapa de bronze colada ao quepe: o seu era o 341.

Um dia Ramiro ganhou de um viajante um espelho encantado que refletia a alma das pessoas que nele se olhassem. 

Ramiro olhou, viu-se e passou a rir da feiúra de todos os bonitões da cidade. Discretamente, sem que ninguém percebesse que estava rindo. 

Como era feio aquele povo! Como era belo o Ramiro!

556 - Preciosidades antigas de Varzea-Alegre - Por Antonio Morais.


Foto da majestosa Serra Negra, a lua e a cidade vistas do Sanharol.

Um copioso inverno. As terras embrejadas. Uma pedra enorme escorregou da proa da Serra Negra, e, foi parar embaixo deixando um rastro de destruição que nunca surgiu uma nova vegetação. 

Leopoldo Cassundé, o conhecido Leó, estava com um problema de falta de gente para colher o algodão em seu sitio Riacho do Meio.

Solicitou do amigo Fatico que enviasse trabalhadores. Com muita luta Fatico convenceu Pé Véio. 

O homem foi num dia e voltou no outro. Fatico procurou saber do Pé Véio a razão e motivo que fizeram retornar tão rápido, se ele tinha saído para passar o mês. 

E, haja perguntas : O que foi? 

O aposento era inconveniente? Não, era normal.

A alimentação era ruim? Não, muito boa.

E o que foi? É que a pedra de 10 quilos de Leó é a que escorregou na Serra Negra. 

Sobre campos de concentração no Ceará - Por Jorge Linhaça


Em 1932, uma grande seca assolou o Ceará e iniciou-se um movimento dos sertanejos em direção às grandes cidades, dessa vez eles procuravam as cidades atendidas pela via férrea, Senador Pompeu, Ipu, Quixeramobim, Cariús, Crato e Fortaleza.

Como já havia acontecido nas secas de 1877 e 1915 o governo instalava campos de concentração cercados por arames farpados e vigiados por soldados.

"A seca de 1932 foi uma das maiores da história do Ceará. Fome e doenças como cólera, febre amarela e varíola marcaram aquele povo sofrido pela sede e fome. Senador Pompeu foi uma das cidades que abrigou um dos sete campos de concentração, criados pelo governo da época para deter a vinda de retirantes à Fortaleza."

"O governo obrigava as vítimas da seca a trabalhar na construção da barragem do açude Patu. No entanto, repentinamente, a obra teve seus trabalhos paralisados e, junto com a paralisação, o governo deixou de manter o posto de saúde e o setor de fornecimento de alimentos que funcionava no campo. Com isso, os retirantes foram adoecendo e morrendo.

Atualmente, Senador Pompeu é o único município onde se encontra viva a memória do campo de concentração.

O cemitério da Barragem do Patu é considerado um espaço sagrado para visitação. Há romarias, pessoas que rezam e pagam promessas. Os moradores acreditam que as almas dos concentrados são milagrosas porque sofreram muito".

quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

Reflita - Por Antônio Morais.



Millôr Fernandes lançou um desafio através de uma pergunta: Qual a diferença entre o politico e o ladrão?
Caro Millôr, após longa pesquisa cheguei a esta conclusão: A diferença entre o politico e o ladrão é que o politico eu escolho, o outro me escolhe. Estou certo?
Fabio Viltrakis - Santos - São Paulo.

Eis a replica do Millôr.
Puxa, Viltrakis, você é um génio... Foi o único que conseguiu uma diferença.
Parabéns.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

O CANTO DO CISNE - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.

Neymar volta ao lugar onde começou sua carreira.

Faz o mesmo itinerário de jogadores brasileiros sem mercado nas principais forças do futebol do exterior.

Sobre Neymar digamos que a situação não é nada favorável. Traz uma história de lesões, falta de gols e quase 500 dias sem jogar.

Vai encarar uma jornada de recuperação com vistas à Copa do Mundo.

Dependerá muito da vida que levará como milionário do futebol. 

Em forma, nem é preciso dizer que pode fazer a diferença. É o nosso maior jogador nos últimos 20 anos.

Para o Santos, um chamariz a várias formas de ganhar dinheiro.

Torçamos para que tudo funcione.

terça-feira, 28 de janeiro de 2025

Frases de um gênio - Por Antônio Morais.

"Não preciso me drogar para ser um gênio, não preciso ser um gênio para ser humano, só preciso do seu sorriso para ser feliz".

Charles Chaplin.

253 - O Crato de Antigamente - Por Antônio Morais.

A Paróquia de Nossa Senhora da Penha foi a segunda criada no Cariri. A primeira foi a Paróquia de Nossa Senhora da Luz, de Missão Velha, que posteriormente mudou a denominação para Paróquia de São José dos Cariris Novos, tendo São José como novo Padroeiro.

Apesar de ter 251 anos de sua criação oficial, a Paróquia de Nossa Senhora da Penha só teve 25 Vigários, hoje chamados Párocos, pois muitos deles tiveram longo paroquiado, principalmente no Brasil Colônia e Brasil Império quando a Igreja era ligada ao Estado e os párocos eram nomeados “Vigários Colados” pelo Rei ou Imperador.

Quem foram os Párocos da atual Catedral de Crato.

01 - Padre Manoel Teixeira de Morais.

02 - Padre Antônio Lopes de Macêdo Júnior.

03 - Padre Antônio Teixeira de Araújo.

04 - Padre Antônio Leite de Oliveira.

05 - Padre Miguel Carlos da Silva Saldanha.

06 - Padre Miguel Felipe Gonçalves.

07 - Padre Pedro Antunes de Alencar Rodovalho.

08 - Padre Joaquim Ferreira Lima.

09 - Padre João Marrocos Teles.

10 - Padre Manoel Joaquim Aires do Nascimento.

11 - Padre Antônio Fernandes da Silva Távora.

12 - Padre Antônio Alexandrino de Alencar.

13 - Padre Quintino Rodrigues de Oliveira Silva, depois nomeado Bispo de Crato.

14 - Padre Pedro Esmeraldo da Silva.

15 - Padre Joviniano Barreto.

16 - Padre Plácido Alves de Oliveira.

17 - Padre Francisco de Assis Feitosa.

18 - Padre Luiz Antônio dos Santos.

19 - Padre Rubens Gondim Lóssio.

20 - Padre João Bosco Cartaxo Esmeraldo.

21 - Padre José Honor de Brito Filho.

22 - Padre frei Joaquim Dalmir Pinheiro de Almeida.

23 - Padre José Josias Gomes de Araújo.

24 - Padre Francisco Edimilson Neves Ferreira.

25 - Padre José Vicente Pinto de Alencar da Silva.

Texto do Armando Lopes Rafael.

Saudade é o amor que fica. - Postagem do Antônio Morais.


Dr. Rogério Brandão, médico oncologista.

Como médico cancerologista, já calejado com longos 29 anos de atuação profissional  posso afirmar que cresci e modifiquei-me com os dramas vivenciados pelos meus pacientes. Não conhecemos nossa verdadeira dimensão até que, pegos pela adversidade, descobrimos que somos capazes de ir muito mais além. Recordo-me com emoção do Hospital do Câncer de Pernambuco, onde dei meus primeiros passos como profissional.

Comecei a freqüentar a enfermaria infantil e apaixonei-me pela oncopediatria. Vivenciei os dramas dos meus pacientes, crianças vítimas inocentes do câncer. Com o nascimento da minha primeira filha, comecei a me acovardar ao ver o sofrimento das crianças. Até o dia em que um anjo passou por mim! Meu anjo veio na forma de uma criança já com 11 anos, calejada por dois longos anos de tratamentos diversos, manipulações, injeções e todos os desconfortos trazidos pelos programas de químicos e radioterapias.




Mas nunca vi o pequeno anjo fraquejar. Vi-a chorar muitas vezes; também vi medo em seus olhinhos; porém, isso é humano! Um dia, cheguei ao hospital cedinho e encontrei meu anjo sozinho no quarto. Perguntei pela mãe. A resposta que recebi, ainda hoje, não consigo contar sem vivenciar profunda emoção. — Tio, — disse-me ela — às vezes minha mãe sai do quarto para chorar escondido nos corredores...

Quando eu morrer, acho que ela vai ficar com muita saudade. Mas, eu não tenho medo de morrer, tio. Eu não nasci para esta vida! Indaguei: — E o que morte representa para você, minha querida?— Olha tio, quando a gente é pequena, às vezes, vamos dormir na cama do nosso pai e, no outro dia, acordamos em nossa própria cama, não é? (Lembrei das minhas filhas, na época crianças de 6 e 2 anos, com elas, eu procedia exatamente assim.)— É isso mesmo.— Um dia eu vou dormir e o meu Pai vem me buscar. Vou acordar na casa Dele, na minha vida verdadeira!

Fiquei "entupigaitado”, não sabia o que dizer. Chocado com a maturidade com que o sofrimento acelerou, a visão e a espiritualidade daquela criança.— E minha mãe vai ficar com saudades — emendou ela. Emocionado, contendo uma lágrima e um soluço, perguntei: — E o que saudade significa para você, minha querida?— Saudade é o amor que fica!

domingo, 26 de janeiro de 2025

252 - O Crato de antigamente - Postagem do Antonio Morais.

Nomes antigos das ruas do Crato - Por Armando Lopes Rafael.

Começou nos primeiros anos do século XX - por iniciativa dos vereadores dessa cidade, ao longo de várias legislaturas- o triste costume de mudança dos nomes das ruas e praças de Crato.

Essas alterações sempre atenderam a interesses menores dos vereadores e foram feitas sem ouvir a população, resultando na destruição de denominações tradicionais, preserbadas por várias gerações de cratenses. 

Tenho em mãos o artigo publicado na Revista Instituto do Ceará, com o titulo "Descrição da cidade do Crato em 1882" de autoria do Dr. Gustavo Horário. O artigo cita, a certa altura, o fato de, naquele recuado ano, a cidade de Crato possuir 11 ruas principais, conhecidas por - Rua de Santo Amaro, da Pedra Lavrada, das Laranjeiras, do Pisa, Formosa, Grande, do fogo, da Vala, da Boa Vista, Nova e do Matadouro.

No mesmo artigo, são nomeados os becos e travessas do Crato antigo, a saber : Travessa do Cafundó, da Caridade, do Candéia, da Matriz, do Sucupira, de São Vicente, do Charuteiro, do cemitério, da Ribeira Velha, do Barro Vermelho, da California, do Piquizeiro, da Taboqueira, das Olarias, da Candeia e do Pimenta.

Infelizmente, não restou nenhuma dessas tradicionais, poeticas e curiosas denominações.

Não sou contra a denominação de pessoas as ruas das cidades, condicionando-se apenas a exigência de os homenageados, todos falecidos, terem gozado de bom conceito social, terem prestado serviços relevantes, terem se destacados no cenário municipal, ou seja, nomes identificados com a história da cidade ou do Brasil.

Basta, desisto - Por Antonio Morais.


O Brasileiro está feliz. Não vislumbra em sua frente o abandono das pessoas de rua, a fome, miséria e pobreza dos favelados. 

Tudo é coisa do passado. Está confiante num futuro promissor de educação, de bons costumes, honradez, decência e caráter. 

Eu penso diferente. Na minha opinião o Brasil alcançou a "iniquidade". 

Não me engano, reconheço o meu erro de está contra a opinião da maioria. O futuro há de mostrar quem está com a razão. 

Para mim basta. Desisto. 

Não farei mais postagem sobre política e políticos. Que o povo tenha sempre fé e acredite na mentira e enganação de um governo que corrompe a imprensa vendida e vil, continue sua desventura. Não veja no Brasil uma Somália em potencial. E, seja feliz.

Deputado quer investigar ‘interferência criminosa’ do governo Lula no IBGE - Diário do Poder.

Chamou a atenção da oposição a debandada de diretores do IBGE que se demitiram após conflito com o petista fanático Marcio Pochmann, que preside o instituto. Até sindicalistas, em geral subservientes ao PT, declararam guerra a Pochmann, acusado de gestão “midiática e política”. 

No Congresso, cresce a suspeita de manipulação dos dados sobre inflação, desemprego e crescimento, como aconteceu no “IBGE da Argentina” de Cristina Kirchner e Alberto Fernández. 

O deputado Evair de Melo (PP-ES) pedirá investigação rigorosa da gestão de Porchmann.

Lula maquiado.

“O governo Lula, para tentar maquiar seu desgoverno, faz uma interferência criminosa no IBGE”, dispara o deputado.

Contabilidade criativa.

Evair lembra dos dados sobre o desemprego que estimou a taxa em 6,8% (dezembro), mas deixou de fora 37 milhões do Bolsa Família.

Calo aperta.

O IBGE fica no guarda-chuva do Ministério do Planejamento, de Simone Tebet, que nada pode fazer: Pochmann é escolha pessoal de Lula.

Ronald Reagan - Por Antonio Morais.

O sucesso dos programas sociais deve ser medido por quantas pessoas conseguem sair deles e não por quantas pessoas entram.

Ronald Reagan.

sábado, 25 de janeiro de 2025

MEDO, MEDO, MEDO - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.

Quem disser que não tem medo está faltando com a verdade.

Somos ilhas cercadas de medos por todos os lados.

Temos medo de que as luzes do Mundo se apaguem por ação dos que têm náusea da humanidade.

Medo dos que se colocam acima de todos. Como é possível dizer que não precisamos de ninguém?

Medo da ditadura da mesmice,   do estrume que as redes sociais colocam na cabeça das pessoas.

Medo da doença das grandes cidades: a indiferença.

Medo da vida sem sentido. Do sumiço dos afetos.

Medo não, pavor, das guerras que matam por fome, sede, doenças e suicídio dos desesperados.

Quem tem, tem medo

Padre Léo - Por Antonio Morais.

Serenidade é a graça de não perder a paz mesmo quando a agitação parece ser a única saída.

Serenidade é a capacidade de se manter na mansidão, na tranquilidade, na paz de espirito, especialmente nos momentos mais difíceis.

Serenidade é aprender a se comportar sem se contaminar pelo espirito da derrota.

Padre Leo.

Isso é generosidade - Por Antonio Morais.

Eu escutei minha mãe pedindo a vizinha um pouco de sal. Nós tínhamos sal em casa, então perguntei a ela o porque que estava pedindo.

Ela me contou que eles não tem muitos recursos e, às vezes, eles nos pedem coisas, então eu peço algo pequeno que não irá sobrecarregá-los.

Eu quero que eles sintam-se como se agente precisasse deles também. Dessa forma vai ser muito mais fácil para eles pedirem para nós por algo que precisam.

555 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Dr. José Sávio Pinheiro

Em Setembro de 1974, O Nicolau Sabino, estava no posto de gasolina do Sr. Jomar Almeida, na "Rural" de Ildefonso, quando estaciona um magnífico carrão de cor branca - Um Dodge Dart SE -  cujo motorista o indaga: - Por favor, como eu pego a estrada para Iguatu?

De posse da informação o carro segue o seu destino. Todavia, o esperto Nicolau reconheceu, no interior do carro, o cantor Roberto Carlos, o qual vinha de uma apresentação no Cariri para a cidade de Iguatu, onde daria um show na quadra Agenor Araújo. 

Imediatamente, o astuto fã, que já estava indo assistir a esse show, entra na pomposa Rural e segue o famoso ídolo.

Para surpresa geral, ao passar a ponte do Riacho do Machado e se aproximar da curva das Gamelas, um fato inusitado: O carro do Rei estava parado na estrada, enquanto o mega-star da Jovem Guarda, de pé, junto ao pneu traseiro do automóvel, se aliviava, fitando aquele céu estrelado, esvaziando a sua bexiga, num ato fisiológico que persegue, até mesmo, as grandes personalidades.

Daí, o Nicolau Sabino ter entrado para a história, por ter sido o primeiro e único Varzealegrense que, realmente, presenciou uma mijada de rei.


E a cultura foi ao lixo - Por Sissa Aédnac.

Faz tempo que pretendo reunir em única publicação meus trabalhos. Esta a preocupação principal. Aqui no interior do nordeste, escondido no sul do Ceará, as dificuldades em imprimir ideias são quase intransponíveis. 

Depois o público leitor é bem diminuto. Não se alcança plenamente nem mesmo o nosso município. E quem lê, geralmente joga-o num canto, quando não junta para vender no quilo ou esquece logo.

Tem a minoria teimosa: Esta guarda, coleciona, aprende, transmite. É isso que me mantém insistindo em continuar escrevendo e com aquela ilusão de plenitude. 

Um texto real, de razoabilidade ímpar, publicado em "A Província", número 28, em Julho de 2010.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

554 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antônio Morais.

Joaquim Correia Ferreira, o jornalista maior.

Nascido aos 21 de Novembro de 1.912, em Várzea-Alegre, quase metade de sua existência foi vivida em Londres, 29 anos, onde, de par com outras atividades, exerceu as funções de comentarista da British Broadeasting Corporation - B.B.C - desde os incertos e inquietos dias da Segunda Grande Guerra Mundial. 

Foi sua primeira professora a simpática Dona Adelaide - que ele sempre lembrou com carinho e, por muitos anos, residiu em Juazeiro do Norte. Aos onze anos incompletos, entrou para o Instituto São Luiz, em Fortaleza, cuja direção era exercida pelo seu cunhado, grande amigo e mecenas, o Dr. Francisco de Menezes Pimentel Junior.

Foi no São Luiz, no Grêmio Literario Padre Tabosa, que se revelaram seus acentuados pendores para a imprensa e oratória. Orador certo de todas sessões, sua colaboração não faltava a cada número de "O Estímuno", o jornalzinho do Grêmio. Fez o primário e seriado, terminando este último em 1.930 no Liceu do ceará. 

A Revolução de 30 deu-lhe, acidentalmente, o primeiro episódio meio cômico de orador politico. A turba que passava pela rua, da janela do primeiro andar do velho Café Poty dirigiu uma saudação inflamada, simplesmente enrolado em um lençol. Magro e assim vestido, era a figura de Gandhi!

A Fernandes Tavora, um dos chefes da revolução, muito imprecionou o ardor do tribuno, chegando a lhe oferecer posição de relevo na revolução triunfante. 

Tinha, então, 18 anos em ebulição, inteligência e memória maravilhosa, devorando de um só fôlego quantos livros lhe caíssem as mãos.

Perdeu varias grandes oportunidades para não perder a cidadania brasileira, de que muito se orgulhava. Por igual, nem o clima, nem outro fator qualquer lhe roubou o sotaque  nordestino, de autentico cearense. 

Ouvindo-o, qualquer um diria que ele nunca saíra de Várzea-Alegre. De par com a lealdade que punha nos seus atos, era essa a mais clara expressão de sua alta personalidade.

Em Abril de 1.948, uniu-se, em Londres, com a senhorita Leda Pitanga Callado, irmã do romancista e escritor Antônio Callado.

Faleceu no dia 04 de Outubro de 1971 em Olinda - Pernambuco. Seus restos mortais foram transladados para Várzea-Alegre e estão sepultados no masoléo da família no Cemitério da Saudade. 

Carta de despedidas à Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima – por José Luís Lira (*)

Dias atrás a Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima visitou a cidade de Sobral. Na despedida da peregrinação o Prof. José Luís Lira proferiu a mensagem abaixo:

    "Santíssima Virgem, que nos montes de Fátima vos dignastes revelar aos três Pastorinhos tesouros da fé. Há uma semana recebíamos vossa imagem peregrina em nossa Diocese, vinda daqueles montes tão queridos por nós, brasileiros. Em vossa aparição em Fátima falastes português, o português que nós, brasileiros, adaptamos, mas, que é nossa língua-mater. No Reino de Deus sabemos que o idioma é o amor e pelo qual todos são entendidos.

   Nestes dias que passastes em nossa Diocese, podemos sentir vossa presença amada nas celebrações, entre pessoas de diferentes idades, costumes, valores. Entre os que estão felizes, alegrias e entre aqueles que sofrem. Em nossa humanidade fomos acostumados ao calor e amor maternos. Mesmo que pensemos que somos maduros, quantas vezes recorremos às nossas mães quando queremos algo, por exemplo, de nossos pais. Também às mães manifestamos nossa gratidão.

   Hoje, Mãe Querida, não quero nada vos pedir.  
   Quero agradecer!
   
    Há 69 anos vossa imagem peregrina abençoou este solo da diocese sobralense. Nosso território era bem maior. Nosso tempo era outros. Costumes e valores se modificaram. Mas, nossa fé e nosso amor para com Deus, vosso filho, Jesus, e vós, não se modificaram.

   Então, Mãe, nós colocamos em vosso Coração, a gratidão deste povo, pelos inúmeros benefícios que intermediais junto da Trindade Santa para esta nossa Diocese, para o povo cearense e brasileiro!

   Como filho, Mãe, não posso falar por todos, mas, por faço consagração à vossa maternal proteção desta terra que habito, das pessoas de minha família, daqueles com quem convivo e trabalho...

   Leveis com vossa imagem peregrina nossas alegrias, para que sejam vossas também, nossos contentamentos, mas, também aquelas tristezas, aquelas dores, aqueles desânimos, aqueles sonhos, aquelas esperanças, aqueles anseios que encontrastes.

   Protegei-nos sempre, junto com a Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana que aqui está, as autoridades civis, militares e eclesiásticas para que caminhem sempre segundo a vontade de Vosso Amado Filho Jesus!

   Concluo esta missiva, Santa Mãe de Deus e nossa, com as palavras de um velho Cura que se curvou aos vossos pés sacrossantos em toda a vida e agora vos contempla, Mons. Antonino Cordeiro Soares, ditas há 69 anos na peregrinação de vossa imagem a esta Diocese de Sobral:

   “Meus amigos, esta ilustre e honrosa visita não é apenas uma passagem. Não seria tão somente para ser vista e receber homenagens transeuntes que se dignaria o vulto bendito de Nossa Senhora de Fátima vir até nós. Sua presença não é para ser transitória. Ela veio para ficar em todos os corações e em todas as lembranças. Peçamos-lhe a sua benção maternal. Peçamo-la calorosamente. Tomemos entre as nossas mãos, as suas lindas mãos, brindando-as com um osculo carinhoso, pois não temos dúvida de que são elas, no presente, como foram no passado, a nossa mais segura proteção nos duros momentos do perigo.

   Durante estes felizes momentos, Ela deseja falar com todos nós. Ela quer conversar com cada um de nós, em particular, pois é prazer da Mãe se comunicar com seus filhos, abraça-los. Oh! que felicidade, meus amigos. E neste recolhimento Ela conhecerá as nossas dificuldades, Ela derramará sobre todos nós, o bálsamo do seu amor, o conforto da sua consolação”.

   Até breve, querida imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima e saudação à Santíssima Mãe de Deus, rezo, no silêncio do coração: “Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco! Bendita sois Vós entre as mulheres e bendito é o fruto do Vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amém”.

   Do filho que muito vos ama e a vós se recomenda,
José Luís Araújo Lira

(*) José Luís Lira é advogado e professor do curso de Direito da Universidade Vale do Acaraú–UVA, de Sobral (CE). Doutor em Direito e Mestre em Direito Constitucional pela Universidade Nacional de Lomas de Zamora (Argentina) e Pós-Doutor em Direito pela Universidade de Messina (Itália). É Jornalista profissional. Historiador e memorialista com 26 livros publicados. Pertence a diversas entidades científicas e culturais brasileiras.


553 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antonio Morais.

Texto do Dr. Norberto Batista Rolim.

ROTINA HORÁRIA DE V. ALEGRE NUMA SEXTA FEIRA QUALQUER DO ANO DE 1954 - Por Norberto Batista Rolim.

04:00 Horas:

Encontro de Zé Peru e Pedro Tonheiro no café de Mariinha, para atualizar os fatos do dia anterior.

05:00 Horas:

Passava João do Leite balançando um chocalho para atrair a clientela.

06:00 Horas:

A meninada ia para a padaria para comprar o pão nosso de cada dia e na volta assitiam a partida do misto para o Crato.

07:00 Horas:

Passava Zé Belo com dois pesos de carne de gado, pendurado numa palha de carnaúba. Um era para o  Padre Otávio e o outro para o Sr. Josué Diniz.

Nesse mesmo horário abria o comércio, com muitos vendedores e nenhum freguês. Os alunos do Grupo Escolar José Correia Lima desciam no beco de Gobira e encontravam o preto benedito, com uma lata para recolher lixo nos quintais das casas. Gritavam em coro:

Benedito sai da lata!

Benedito respondia:

Eu já tou no pote!

08:00 Horas:

Pasava Antônia dos filhóis vendendo seu produto a cinco tostões.

09:00 Horas:

Passava Soarim com um pau de galinhas, mas só vendia fiado a meu pai e ao português Sr. Ferreira.

10:00 Horas:

Aquele horário era escolhido por Sá Maria para desfilar nas calçadas da Major Joaquim alves, conduzindo uma trouxa de pedras dizendo que uma delas era a pedra de Clarianã. Todo dia um vendedor de uma loja de tecidos pegava o metro e futucava a trouxa. Em resposta ela dizia:

Sai bicho! Tu pensa que eu não sei quem é teu Pai? Ele tem chifre até nos pés que nem galo.

11:00 Horas:

A cidade ficava vazia porque todo mundo almoçava naquele horário.

12:00 Horas:

Encontro dos empregados do comércio debaixo do pé de algodão da avenida velha.

13:00 Horas:

Abria o comércio na mesma situação anterior, muitos empregados e poucos fregueses.

14,00 Horas:

Passava Santana vendendo o alfinim a dois tostões o enroladinho.

15:00 Horas:

Passava Dunga vendendo pão doce.

16:00 Horas:

Acontecia o treino de futebol no campo dos Patos.

17:00 Horas:

Fechava o comércio  a cidade ficava vazia novamente porque era hora do jantar.

18:00 Horas:

A meninada assitia a chegada do misto do Crato.

19:00 Horas:

Os rapazes e as moças iam para a avenida velha ou para a porta do cinema de Leó, para flertarem.

20;00 Horas:

Todas as crianças eram recolhidas para rezarem e dormirem.

21:00 Horas:

Hora de recolher as cadeiras das calçadas, e colocar a chave debaixo da porta para os que chegavam depois poderem entrar sem acordar ninguém.

22;00 Horas:

Zé Saldanha apagava as luzes três vezes durante quinze minutos para que todos podessem chegar as suas casas com iluminação.Depois desse horário se não tivesse um samba ou uma sentinela, só quem ficava na rua era o guarda noturno, Jesus fotógrafo e João Tonheiro.

Várzea Alegre dormia nos braços da paz, agradecendo a São Raimundo por aquela tranquilidade.

E São Raimundo lá da sua torre dizia:

BOA NOITE, VÁRZEA ALEGRE.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

Revista o Cruzeiro, Raquel de Queiroz - Por Antônio Morais.

Raquel de Queiroz escreveu na última pagina da revista "O Cruzeiro", há dezenas de anos, sobre as diferenças de comportamentos do povo de região para região.

Falava que enquanto dois grandes empresários paulistas viajavam do Brasil aos Estados Unidos, sentados em poltronas vizinhas sem trocar um bom dia de um para outro, o nordestino que se mudava de um bairro para outro da cidade, ao chegar na nova morada, antes mesmo de começar a descer a mudança os futuros vizinhos já serviam um bule com café e bolo de milho.

Lembrei-me desta historia porque outro dia viajei de São Paulo a Juazeiro do Norte, com escala Brasília e Recife.

De São Paulo a Brasília muitos ternos, silêncio profundo, leituras de revistas, nada de diálogos ou conversas. De Brasília a Recife já se ouvia algum burburinho, alguns passageiros a trocar ideias.

Do Recife a Juazeiro do Norte virou feira livre. Ouvia-se de um lado para o outro: "Ei baitola veio veado", como foi a viagem, conseguiu comprar tudo que pretendia? Nada "fio de uma égua", o tempo passou rápido, tenho que voltar mês que entra outra vez. Mas, com uma viagem boa dessas, sem poeira, "cruva nem catabi", agente tem mais é que aproveitar.

Isso se chama solidariedade e hospitalidade. Salve nós nordestinos.

251 - O Crato de antigamente - Por Antonio Morais.


Li em “Historias que vi, ouvir e contei”, obra literária do Carlos Eduardo Esmeraldo, um relato atribuído ao Neco Pereira. Sustenta a historia que ao sentir falta de Pretinho, um jumentinho de sua propriedade, Neco Pereira fez promessa com meu padrinho Ciço admitindo, em caso de encontrar o animal, vendê-lo, comprar todo o dinheiro de velas e acendê-las de uma só vez no tumulo do santo padre. O jumento apareceu e o Neco, como bom devoto, tratou de cumprir a promessa. Procurou vender em um lote do qual fazia parte um galo. Elevou o preço do galo e abaixou o preço do jumento e só vendia o lote completo. Finalmente conseguiu fazer a venda. Pagou sua promessa conforme planejado sem comprometer-se com a sua consciência e sem ter prejuízo.

Essa historia do Carlos Eduardo Esmeraldo me fez lembrar Raimundo Rosa, um caboclo da Vagea-Alegre que também fez uma promessa com São Francisco. Alcançando-a, doou em ação de graças, uma novilha ao santo. 15 anos mais tarde já eram 10 reses o rebanho e por falta dagua e pasto decidiu fazer a entrega dos animais. O velho Raimundo procurou o Padre local, contou a historia da promessa em detalhes e perguntou se era preciso se deslocar ao Canindé para fazer a entrega. O padre disse que não era necessário viajar tanto. Era a mesma coisa entregar no Canindé, em Várzea-Alegre ou em qualquer outro lugar, o que valia mesmo era a intenção. Raimundo Rosa deu uma cubada no padre e disse: já que é assim eu vou entregar para um que tenho lá em casa. Nada mais justo né seu vigário.

O padre ficou lambendo os beiços e Raimundo foi correndo comunicar a novidade à esposa Generosa devota ardorosa de São Francisco.


552 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antônio Morais


Postagem histórica,

Em Novembro de 1788, casa-se Raimundo Duarte Bezerra (Papai Raimundo) com Tereza Maria de Jesus, vindo desse consórcio matrimonial a procriação dos filhos de Várzea Alegre. Tereza Maria de Jesus tinha uma inabalável fé e devoção a são Raimundo Nonato, cuja imagem em pequeno vulto possuía em sua casa num quarto de orações que mandara construir. Nas conversas que mantinha com os de sua família, manifestava sempre o desejo de construir uma capela dedicada a são Raimundo Nonato: “Tenho fé em Deus e em São Raimundo Nonato que ainda edifico nesta terra uma capela, mesmo que pequena, em sua honra”.

Tereza Maria de Jesus não teve a alegria de ver esse seu tão nobre e aspirado desejo realizado, uma vez que, em setembro de 1823, na ocasião em que nascia o seu primeiro netinho, ela, tomando em suas mãos a criança, erguia em tom de agradecimento um caloroso e entusiástico “Viva são Raimundo”, tombando sem vida logo depois. Tereza Maria de Jesus morre repentinamente sem ver o seu sonho concretizado. No entanto, sua família não esqueceria o desejo por ela ardentemente nutrido e confiante ficou a espera de um dia promissor.

Vinte e nove anos depois, em 1852, ordenava-se o Padre José de Pontes Pereira, da família Onofre e Pontes de Assaré, e natural daquele lugar. Estando o Pe. Pontes desocupado, sem ter uma paróquia para curar e, portanto, para desempenhar o ministério sacerdotal do qual acabara de ser investido, aparecendo na cidade de Assaré o Major Joaquim Alves Bezerra, de Várzea Alegre, fez com ele um contrato para celebrar em Várzea Alegre as missas de Natal, Ano Novo e Reis, sendo que havia ali aquele quarto de orações que muito bem se prestaria a esse fim.

Decorrido esse período o Pe. Pontes, após celebrar a ultima missa do contrato, muito satisfeito e imensamente agradado do lugar e mais ainda do povo de comportamento exemplar e fé sincera, embora que sem cultivo, fez ver ao mesmo povo que se prometesse fazer para si uma casa de morada, e edificar também uma capela para são Raimundo Nonato, vinha ser o seu capelão.

De boa vontade o povo acolheu esse altruístico gesto do ilustre levita, uma vez que para ter mão desse fim, ao qual muito se aspirava, não havia sacrifícios a enfrentar, por mais intransponíveis que fossem.

Os Homens influentes da localidade mandaram logo ao Bispo Diocesano de Pernambuco a petição da licença para a construção da capela, visto que no Ceará ainda não existia bispado. O Sr. Bispo respondeu que a licença só seria dada caso o terreno onde a capela seria edificada fosse doado ao Santo. Três filhos de Raimundo Duarte Bezerra (papai Raimundo), e um genro deste, deram então por escritura pública, duzentas “braças” de terra, sendo que a medição desta se faria de duzentas braças de cada canto da capela.

Logo que concedida a licença, se fizeram iniciar os serviços (1854), sendo depois suspensos por causa dos oficiais da obra que não estavam se empenhando. Em 1855, porém, reiniciaram-se os trabalhos com muita intensidade e maior entusiasmo, ficando concluída a capela no ano seguinte, quando com cerimônia ao estilo foi abençoada. O ato solene de benção e inauguração da capela ocorreu no dia 2 de fevereiro de 1856, sendo a cerimônia oficiada pelo Pe. Manoel Caetano, então coadjutor do Icó.

Como prometera, o Pe. Pontes veio para Várzea Alegre e ali permaneceu, na qualidade de capelão, até 11 de maio de 1859, quando vítima do cólera morbus veio a falecer. Conta-se que naquela época todo o interior fora acometido por esse mal, e durante a santa missa, no momento da elevação, o Pe. Pontes oferece sua vida em Holocausto: “Fazei de mim, Senhor, a última vítima, nesta terra, deste terrível mal e poupai esta humilde e sofrida gente”. Segundo o que é atestado, O Pe. Pontes foi a última vítima do cólera a morrer em Várzea Alegre, sendo que poucas horas depois dele, morreu apenas uma menina de nome Bárbara, que já se encontrava em fase terminal. Os restos mortais do Pe. Pontes jazem em Várzea Alegre no local onde encontra-se erigida a capela de Santo Antônio, à entrada da cidade.

Viveu pois plenamente o seu sacerdócio e pastoreio, uma vez que a exemplo do Cristo que faz sua a vida da humanidade e por ela dá a sua, igualmente Padre Pontes, configurado a cristo pelo sacerdócio, fez sua a vida daquela humilde gente desde o momento que mostrando-se não ávido de pretensões carreiristas, ofereceu as primícias do seu ministério sacerdotal aos trabalhos, não menos nobres, de uma capelania numa pequena vila no interior do Ceará. Insigne foi o coroamento do seu breve sacerdócio, onde une o sacrifício da sua vida ao sacrifício redentor de Cristo. A vida do Pe. Pontes encontra na ara o seu clímax. Vida e morte pelo povo e para Deus: Fidelitas Christi, fidelitas sacerdotis. Como colaborador fiel de Cristo, a ele se aplicam as palavras do evangelho de João: “Bonus Pastor animam suam dat pro ovibus suis”.

Sempre será oportuno lembrar que o Pe. Pontes durante aquele pequeno lapso de tempo que permaneceu em Várzea Alegre, fez tudo pelo seu progresso deixando aquela capelania em condições tão favoráveis e promissoras que, sem sacrifício algum, foi em 30 de novembro de 1863 criada a paróquia de Várzea Alegre, por decreto de sua Exma. Revma. Dom Luiz Antônio dos Santos, sob a invocação de São Raimundo Nonato e guarda pastoral do Pe. Benedito de Sousa Rego.

PERIFERIA - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.

 


Quando se fala a respeito do destino de Neymar, atualmente no futebol da Arábia Saudita, há várias sugestões sobre o que deve ser feito.

Vejam bem onde fica situado o futebol brasileiro na visão dos analistas de várias partes do Mundo.

Não tendo mais espaço nos super clubes europeus, os únicos caminhos de Neymar seriam a ligas periféricas: Saudita, Americanas e Brasileira.

O País de Garrincha, Pelé, Didi, Gérson, Tostão, Rivelino, Jairzinho, Ronaldo Nazário, Romário, Ronaldinho Gaúcho e Rivaldo figurando na periferia do futebol mundial.

É o resultado final gerado pela gestão de gente incompetente, responsável pela transformação do nosso futebol em simples fornecedor de pé de obra.

Nas minhas considerações, sempre fui convencido de que vender jogadores talentosos nunca foi sinal de riqueza e sim de pobreza. 

Deu no que deu: periferia.

Como dizia João Saldanha: "Cobra" não se vende".

quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

Da noite para o dia - Por Hermógenes Holanda Teixeira.

Como é que de repente se fica feia e velha assim? Foi a pergunta que me assaltou o espírito ao ver passar por mim aquela mulher cordunda e de nádegas murchas, que nunca fora bonita, é verdade, mas que até o dia anterior, quando me cumprimentara pela última vez, mostrava ter as carnes rígidas, a pele macia e o olhar pleno de luz.

O tempo é cruel pela rapidez de sua passagem e estragos feitos em seu percurso. Interiormente, porém, só o presente prevalece, não valendo toda a eternidade mais do que o dia de hoje, o momento atuel.

Assustei-me com a mulher que desde muito não via. Desde quando? Desde muito : Dez, quinze anos.  Mas eu a sentir como se ela tivesse estado comigo na véspera, loquaz e sorridente, e naquele instante me reaparecesse assim abatida, de fala e sorriso apagados.

Que impressão poderá alguém que me viu ontem ter hoje de mim? 

Disse-me a mim mesmo, espalmando contra o topo do crânio a cabileira inexistente.

Publicado em "A Província", numero 28, em Julho de 2010.


Trump no poder reforça irrelevância do país de Lula no plano mundial - Cláudio Humberto, Diario do poder.

A irrelevância do Brasil ficou patente na posse e no primeiro dia do governo do republicano Donald Trump, nos Estados Unidos. A ausência do maior País da America do Sul na solenidade de posse apenas realçou sua perda de importância no contexto das nações. 

Enquanto a imprensa que fatura os milhões oficiais destaca um papel que Lula não tem, Trump mostrou o contrário. Nem sabia de “acordo de paz” de China e Brasil para a Ucrânia, que não foi levado a sério nem pelos países em conflito.

Que Brasil?

O Brasil só foi lembrado, discretamente, quando Trump ameaçou taxar quem taxa produtos americanos, mas na prática ele se referia ao Brics.

Eixo do mal.

Enquanto hostiliza a maior economia do planeta, Lula opta por levar ao Brics, pelas mãos, que baixaria, ditaduras como Cuba, Irã e Venezuela.

Improvável.

Há quem acredite que os laços comerciais com os EUA blindarão o Brasil das sanções de Trump, como se o novo presidente ligasse para isso.

Há precedente.

A Venezuela fornecia grande parte do petróleo refinado nos EUA, mas nem por isso Trump hesitou de impor sanções à ditadura bolivariana.

250 - O Crato de antigamente - Por Antônio Morais



Em 01.07.1971 fui admitido no Banco do Cariri, instituição financeira da Diocese do Crato, como escriturário. O presidente do Banco a época era monsenhor Raimundo Augusto, o gerente Unias Gonçalves de Noroes, o contador Pedro Gonçalves de Norões e o tesoureiro Afrodisio Nobre da Cruz. Assumir a carteira de empréstimos.

Em 1972 houve a fusão com o Banco do Juazeiro e a instituição deu uma arrancada histórica chegando ao Bicbanco de hoje em dia. Passei pela tesouraria, sub-gerência e em Maio de 1978 assumir a gerência da agência. O banco até então era muito liberal, o gerente tinha alçada própria, tinha autonomia e liberdade para operar. Quando assumir a gerência já estavam sendo implantadas novas regras e normas. A aplicação destas novas diretrizes fez com que alguns clientes ficassem revoltados por ver alguns privilégios e tolerâncias terminarem. 

Um determinado cliente, muito amigo do gerente anterior, tinha um titulo vencido há mais de 60 dias. A determinação da recém criada inspectoria era mandar para cartório. Eu mandei o continuo avisar que desejava falar com o cliente. Não apareceu. Três dias depois a pressão aumentou e eu mandei novamente o continuo falar com o devedor. Ele mandou-me um recado: que mandasse a policia busca-lo. 

Não havendo outra opção mandei o titulo para o cartório. Quando o cliente recebeu o aviso entrou no Banco como Lampião entrou em Juazeiro do Norte: uma fera, peito pra fora e estufado, cara amarrada,  - Encostou-se no balcão mirou em minha direção e lascou em voz retumbante: Eu não sei como é que se tem um banco e bota um gerente tabaco desse? 

Eu respondi: amigo você está com um titulo vencido há mais de 60 dias, eu mando lhe chamar para fazer outro titulo em substituição e você ainda está zangado?

Ele baixou a voz e falou : e você faz? Faço agora mesmo! Então ele encerrou a conversa dizendo : Apois homi, você é um gerente muito do bom! 

Esta proeza teve o testemunho inacreditável de mais de cem pessoas entre clientes e colegas do Banco. 

O Chico Soares estava presente e ninguém melhor do que ele para fazer a difusão da história. No outro dia, por onde eu passava só se ouvia o comentário: Gerente tabaco!

Nunca - Por Antonio Morais.



" Nunca podemos julgar a vida dos outros, porque cada um sabe de sua própria dor e renuncia. Uma coisa é você achar que está no caminho certo; outra é achar que o seu caminho é o único".

249 - O Crato de antigamente - Por Antônio Morais.

Todos conhecem as historias do seu Eloi Teles, poeta, prosador, radialista, locutor e uma das pessoas que mais contribuiu com a cultura popular de toda região. 

Pois bem, seu Eloi tinha um irmão militar, o Major Teles. A vida de militar não é fácil. Nunca pára, vive cidade abaixo e cidade acima dependendo muitas vezes da vontade dos outros. Assim era o Major Teles. 

Certa feita ainda com a patente de cabo, foi destacado para o municipio de Chaval, cidade localizada na divisa do Ceará com o Piauí, um pouco adiante do lugar onde o Judas perdeu as botas. Cidade do tamanho de um ovo, quente pela hora da morte, felizmente muito calma o que facilitava a atividade de policial, oferecendo tempo para dedicar-se ao baralho e ao dominó. 

Ao chegar à cidade Major Teles foi advertido pelo delegado com algumas recomendações e advertências tais como: A Kombi dirigida pela freira nem olhe pra ela, pertence à igreja e o padre desta cidade é a maior autoridade que existe por essas bandas, o governador faz tudo que ele quer. 

Major Teles vislumbrou, nesse detalhe, a oportunidade de ir embora para qualquer outra localidade. O que menos queria era permanecer em Chaval. No outro dia cedinho lá vem a Irmã na Kombi, o Major Teles, mandou parar no acostamento se aproximou e pediu os documentos da condutora e do carro. 

Como não tinha, nenhum nem outro, tirou a chave da ignição e colocou no bolso. Cinco minutos foi o tempo que demorou para o padre chegar virado num teteu, brabo que só Mundoca Jucá quando pedia uma musica e o sanfoneiro não tocava de imediato: Quem você pensa que é? Vamos, responda seu policial de merda! Com quem você pensa que está falando? Disse o vigário. 

O Major Teles fechou a mão e mediu um murro no pé da lata do padre que rodou feito um peru antes de cair anestesiado num sono profundo. O resto do destacamento carregou o Major Teles escondido no bagageiro de um carro até a cidade mais próxima e de lá ele foi se apresentar no batalhão em Fortaleza e nunca mais pisou no Chaval.

551 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antônio Morais.


Dr. Antônio de Sátiro. 

Não há no Brasil atual atividade mais lucrativa que a advocacia. Segundo o jornalista "Reinaldo Azevedo a : Rosemary Noronha, a amante do Lula" tem uma banca de 40 advogados em sua defesa.

O Brasil  é o único pais do mundo em que  o roubado paga  advogados para defender  quem  roubou ou autorizou  o roubo. A Petrobras  pagou advogados para defender  os bandidos de quem foi vitima. O PT  pagou a paga advogados para defender  seus  dirigentes que dilapidarem a pátria embora  muitas estejam  presos.

Todo esse mar de lama atual que se transformou o Brasil, me faz lembrar a decência do meu conterrâneo Antônio de Sátiro.

Muito jovem, saiu do sitio Boa Vista em Várzea-Alegre e foi aprovado no vestibular para advocacia : Primeiro lugar na Universidade Federal do Ceara.

De volta a casa dos pais, vestiu um terno, pôs uma gravata, se empertigou diante do espelho e disse: Meritíssimo senhor Juiz, nobre promotor, senhores jurados : Este rapaz matou a mãe para roubar, mas ele tinha toda razão. 

Fez uma pausa e disse: Essa não é profissão pra mim.

Voltou a Fortaleza, fez vestibular para odontologia, Formou-se dentista e passou a vida fazendo o bem, aliviando a dor e sofrimento dos seus semelhantes, Deixou um legado de exemplos nobres e virtuosos.

550 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antônio Morais.


A primeira vaquejada de Várzea-Alegre, me corrijam se estiver errado, foi em 1966. Promovida pelos senhores Eliseu Sátiro e Dr. Luiz Luciano.
O parque foi montado  na saída da cidade entre as vias que servem de acesso por um lado ao Sanharol e pelo outro ao Roçado Dentro. Um área de terra pertencente, à época  ao senhor Mundoca Jucá.
Foi um sucesso. Ali se conheceu  uma  vaca da raça  nelore chamada "Tamarina", pertencente ao pecuarista Laércio Freitas, que nunca alguém conseguiu derrubar.
Naquela vaquejada Zuza Benício  montava  um cavalo do senhor Eliseu Sátiro conhecido por "Pombo Roxo". Um animal muito bonito e famoso, porém, sem nenhum traquejo para o exercício da vaquejada.
Numa disputa, Pombo Roxo tropeçou  no boi  e caiu por cima do vaqueiro Zuza Benício que foi parar no hospital, tirando  muito do  brilho do evento.
Os cavalos campeões pertenciam ao senhor Chiquinho de Sales,  do distrito de  Arrojado em Lavras da mangabeira, montados pelo Manuelzinho aboiador e Raimumdo Mossoró.
Na disputa final com apostas de grandes valores "Tamarina"fez finca pé, parou e arrancou  de vez, deixando para trás os vaqueiros. 
Ganhou as apostas quem acreditou em "Tamarina", uma vaquinha pequena mas, treinada e ensinada a deixar na poeira os cavalos daquela época que não tinham as habilidades dos de hoje em dia. 
Nas minhas idas ao sitio "Unha de Gato", quando a mim pertencia, sempre que passava  no  sitio Capão parava  para  levar um lero agradável  com o amigo Zuza Benicio.  A noticia de seu falecimento  me enche de tristeza  pela  perda de um amigo. 
Meus sinceros votos de pesar a família. 

O último Coronel - Por Antônio Morais

Li, outro dia, um relato mencionando o coronelismo de outrora, e lembrando de uma preciosidade atribuída ao austero Cel. Mario da Silva Leal, chefe político da antiga UDN na região centro sul do estado.

Deputado Estadual por duas legislaturas e que fez historia por sua destacada liderança das décadas de 40 e 50. Proprietário de um grande latifúndio com base territorial no município de São Mateus, hoje Jucás.

O comentário sustenta que se o Cel Mario oferecesse guarida a qualquer recomendado de amigo não tinha nem perigo da policia entrar nas Tabocas, onde morava. Os macacos voltavam da primeira cancela.

Em uma escola municipal do Poço do Mato, hoje Caipu, a professora perguntou ao aluno: Dilermando onde está o sujeito desta oração? Xavier matou Joaquim! Dilermando cravou a resposta no ato: Na fazendo do Cel Mario Leal fessôra.

O Coronel Mário Leal nasceu na Fazenda Castro, do Município de Cariús, na época pertencente a Jucás (São Mateus), antigo solar dos Leais que já apareceu nas crônicas dos primeiros tempos do Império e nas lutas de Pinto Madeira, guarnecendo a região do Alto Jaguaribe.

Ele era filho do abastado fazendeiro e prestigiado chefe político daquela zona, o Coronel Manoel da Silva Pereira da Costa Leal, o “Né do Canto”. 

Cel. Mário fez os primeiros estudos na própria casa paterna, na fazenda Canto, com o professor Francisco Bezerra que deixou fama de mestre-escola rigoroso e eficiente ensinando a diversas gerações.

Deputado Estadual em duas legislaturas, marcou presença e posição em todas as grandes decisões do Estado, principalmente nas campanhas eleitorais, sempre ao lado de Virgílio Távora, já que era mais moço do que Fernandes Távora e o irmão João Leal.



Foram seus contemporâneos nas diversas frentes políticas do interior do Ceará os lideres Teodomiro Sampaio, de Jardim; José Geraldo da Cruz, de Juazeiro do Norte; Argemiro Sampaio, de Barbalha; Raimundo Augusto, de Lavras da Mangabeira; Chico Martins, de Mombaça; Major Feitosa, de Cococi, Dr. Gouveia, de Iguatu e Chico Monte, de Sobral, Filemon Teles, do Crato.

Considerado o último coronel do Sertão, Mário Leal, faleceu na clinica Gêneses de Fortaleza, aos 93 anos, no dia 13 de outubro de 1990.

terça-feira, 21 de janeiro de 2025

248 - O Crato de antigamente - Por Antonio Morais.

Professor Pedro Felício, prefeito do Crato, década de 60 do século passado. Recebeu uma notificação de um crédito em favor da prefeitura, depositado na agência do Banco do Estado do Ceará, em Barbalha a única da época na região.

Preparou os papeis autorizando o recebimento, chamou um servidor e mandou o motorista da prefeitura ir com ele à Barbalha receber o numerário.

Na agência a tesoureira colocou o dinheiro num envelope e entregou ao portador. De volta ao Crato o portador entregou o envelope ao prefeito que mandou que ele entregasse ao tesoureiro.

O tesoureiro comunicou ao prefeito que o dinheiro estava errado. Pedro Felicio chamou o portador e mandou que fosse à Barbalha comunicar ao banco. 

Quando o portador chegou ao Banco o expediente estava terminando. Ao se dirigir a tesoureira comunicando o erro ela foi extremamente deselegante, grosseira e mal educada: "Não aceitamos reclamação posterior, o senhor não contou porque não quis". 

O portador não apanhou por tinha um balcão entre eles.

No final, o portador pode falar e disse : "Eu estou devolvendo o envelope com o dinheiro que a senhora pagou a mais". 

Eu, o tesoureiro e o prefeito estamos com a nossa consciência tranquila. 

Fique com a sua e passe bem.

Crônicas e contos - Por Pedrinho Sanharol.

Dr. José Sávio Pinheiro, foto,  médico, escritor e membro da academia brasileira de cordel e do Instituto Cultural do Cariri. E, meu conterrâneo e meu amigo.

Faz, em boa hora, uma advertência - "O remonte".

O político faz seus cursos,

Postais e por reembolsos,

Onde aprende a ajustar,

Os paletós em arcabouços,

E a remontar suas calças,

Afundando mais os bolsos.

Faz bom uso da cueca,

Das meias, do paletó,

Da pasta, que traz na mão,

Repleta de ouro em pó,

E vendo a impunidade,

Nem pensa no xilindró.


Mas, o povo está atento,

E demonstrando atenção,

Pra remontar o Congresso,

E os gestores da nação,

Mesmo que seja levado,

A não votar em ladrão.

Se votar ficou difícil,

Para o eleitor, que é franco,

Agarre-se em qualquer coisa,

Mas, não caia do barranco:

Vote num homem honesto,

Ou apenas, em seu Branco!

A Enternet dá voz a todos - Por Antonio Morais.

A Enternet dá voz a todos, até a mim.

Ontem de passagem pela praça Siqueira Campos, em Crato, uma turma conversava e um se manifestou : "Amanhã o doido dos Estados Unidos toma posse".

Quanto imbecil e idiota. O povo americano elegeu Trump presidente, elegeu o senado e a câmara, coisa nunca vista. Geralmente o partido que elegia o presidente  elegia uma das duas casas apenas. Desta feita elegeu tudo.

O que este analista de meia pataca não sabe é que o efeito Trump já começou a surtir resultado mesmo antes da sua posse. "O Hamas já pediu o pinico".

Trump é o freio que o mundo precisa para mostrar aos palhaços travestidos de  ditadores de meia pataca  que eles  não são donos absolutos de suas vontades. 

Se prepare, essa gente brasileira que acha que o Brasil está acima do mundo, vai precisar mudar as atitudes ou acabar com o que resta do Brasil. 

Quem viver verá.

Professor José Newton Alves de Sousa, um grande cratense! – por Armando Lopes Rafael


 
 O Prof. José Newton Alves de Sousa com sua exposa, Maria Ruth (já falecida)
  
    Tempus fugit! Esta expressão latina poderia ser traduzida por “O tempo foge", ou "O tempo voa". Daqui a quatro meses, mais precisamente no dia 5 de junho, o Prof. José Newton Alves de Sousa chegará aos 97 anos de idade. Na galeria dos cratenses ilustres ele figura com destaque, graças as suas ações de mestre renomado, chefe-de-família exemplar, cidadão digno, por ser uma pessoa dotada de vasta cultura e, principalmente, sua postura de católico autêntico.

   No início deste século, ou seja, no ano 2000, o nome do Prof. José Newton chegou a ser lembrado entre os candidatos ao título de “Cearense do Século”, pleito que, ao final, foi vencido pelo Padre Cícero Romão Batista.  A bem dizer, a longa existência do Prof. José Newton Alves de Sousa se constitui, para quem o conhece, numa bela lição de vida. Lição que deveria ser divulgada especialmente nestes tempos atuais. Escusado é dizer que vivemos tempos medíocres e calamitosos, cujos reflexos trouxeram e continuam a trazer imensos prejuízos para a perplexa população deste nosso querido e infelicitado Brasil.

   Certamente as novas gerações de cratenses desconhecem quem é o professor José Newton Alves de Sousa. Permitam-me, pois, um rápido retrospecto sobre a caminhada dele. Nascido em Crato, em 5 de junho de 1922, José Newton Alves de Sousa veio ao mundo no seio de uma família modesta, mas profundamente imbuída dos princípios da fé Católica. Àquela época, outros eram os tempos. Outras eram as pessoas daquela época!

   Depois dos primeiros estudos feitos na sua cidade natal, o jovem José Newton Alves de Sousa conseguiu – superando, provavelmente, previsíveis dificuldades – a graduação em Ciências Sociais pela Faculdade de Filosofia de Salvador, na Bahia. Dr. José Newton foi um fundador de escolas. Como exemplos poderíamos citar o Ginásio Pio XII, em Salvador na Bahia e o Colégio São João Bosco, na cidade de Crato. Partiu dele, também, em 1968, a ideia da criação do Ginásio Prof. Bezerra de Brito, do distrito da Ponta da Serra. Na época que ele ocupava o cargo de Secretário de Educação do município de Crato.

   Fundada a Faculdade de Filosofia do Crato, em 1959, o Prof. José Newton foi seu primeiro diretor. Lá, por mais de uma década, deu o melhor de si, levando aquela instituição de ensino superior a destacar-se na história da educação no interior do Ceará. A Faculdade de Filosofia de Crato foi o embrião da atual Universidade Regional do Cariri–URCA. Aliás, a sigla URCA foi criação do Prof. José Newton.

   Lembro-me de um fato da minha adolescência. Eram os primeiros anos da década 60, quando fui, certa tarde, à residência do Prof. José Newton a fim de cumprimentá-lo por ele ter sido agraciado – pelo Papa de então – com o título honorífico de Comendador da Ordem Equestre de São Silvestre Papa. Modesto – humilde mesmo – o professor José Newton Alves de Sousa nunca deu publicidade daquela honraria que lhe fora concedida pelo Vaticano, por indicação do terceiro bispo de Crato, Dom Vicente de Paulo Araújo Matos.  Outras honrarias certamente ele recebeu posteriormente. Talvez foram guardadas na gaveta do esquecimento. É o seu estilo de vida!

      Ao lado de suas profícuas atividades pedagógicas, o professor José Newton manteve extensa agenda intelectual. Desde a juventude foi reconhecido como um dos bons poetas da sua geração. Foi também jornalista e escreveu diversos livros. Talentoso, e com vasta produção cultural, deve-se também a ele a criação da revista “Hihyté”, a qual – por muitos anos – publicou a produção acadêmica e as pesquisas de docentes da Faculdade de Filosofia de Crato.

     Na sua longa existência, o professor José Newton não apenas criou escolas, colégios e faculdades. Da sua bagagem de publicações – entre densos livros e breves monografias, contabilizam-se cerca de cem obras. Dr. José Newton é sócio do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia, do Instituto do Ceará e do Instituto Cultural do Cariri, mercê o valor de seus escritos, com destaque para a produção de artigos e crônicas, publicadas em revistas e jornais, além de muitos opúsculos e plaquetes de sua autoria. Foi por sua iniciativa que surgiu a Academia de Letras e Artes Mater Salvatoris, em Salvador da Bahia.

         Para mim, no entanto, o lado mais fascinante da personalidade do Dr. José Newton Alves de Sousa é a sua postura e coerência de um verdadeiro católico, apostólico, plenamente romano. Ele e sua esposa, Maria Ruth, já falecida (ela foi o único e grande amor da sua vida) formavam um casal exemplar, no que diz respeito às exigências e testemunhos de uma família autenticamente cristã.

           O estilo é o homem! Ou como disse Nosso Senhor Jesus Cristo: “Pelos frutos se conhecem as árvores”.