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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


terça-feira, 14 de abril de 2015

Festa de São Raimundo.



No penúltimo dia da festa, o ponto mais alto! Era o leilão. A parte mais rendosa para o padroeiro e onde os homens de dinheiro iam confrontar seus brios. Prendas oferecidas numerosas, de todos os tipos e versidades: um garrote oferecido por José Bitu, duas arrobas de algodão doadas por Manuel Leandro, do Sanharol, duas sacas de arroz ofertadas por Ildefonso das Panelas, um bolo oferecido por Dona Maria Vitoria, um pão de arroz com amendoim mandado por Mariazinha de Cirilo. Um isto, um aquilo, e lá se ia noite adentro Vicente de Sousa no pregão.

Dou-lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhe três. É do Cel José Correia que botou vinte mil reis. Era dinheiro pra chuchu. O padre na mesa ao lado fazia suas anotações e sorria.

Como desde do começo do mundo, rapazes e moças, fazem seus namoricos, não faltam aqueles cochichos, aqueles suspiros e confidências. onde Mundinho se derrete de amor, dizendo a Mundinha: meu coração por te gela, ouvindo dela, num sussurro, meus olhos por te são. Romances de poucas paginas e pouco futuro, noventa por cento davam em nada vezes nada, um verdadeiro chove-não-molha. Dez por cento, ainda são como sementes que podem germinar. Acabada a festa, no balaio das recordações, umas alegrias murchas, umas magoas ressecadas. Afinal a vida é assim mesmo. Se tudo fosse doce de leite...Tinha Graça?

Você, meu... ou minha jovem da moderna geração, aproveite sei gás, Porque a mocidade é como a lótus - floresce uma só vez. Você terá que contar daqui a 77 anos como-foi-que-foi a festa de São Raimundo em 1995.

Dr. Jose Ferreira.

Um comentário:

  1. Assim eram as festas de São Raimundo nas inocentes décadas do meado do seculo passado.

    Mais igreja, mais reza, mais fé e menos diversão, menos social, nada de barraca.

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