
Primeiramente, falarei de Fideralina Augusto Lima, nascida em Lavras da Mangabeira, em 24 de agosto de 1832 e ali falecida, em 16 de janeiro de 1919. É uma das figuras políticas mais fortes do Ceará e simboliza a época do mandonismo e da força. Segundo o historiador cearense Raimundo Girão Barroso, foi ela “valente espírito feminimo a quem muito interessava a política cearense”. O poeta Gentil Augusto Lima, em conferência pronunciada na Associação de Imprensa da cidade fluminense de Campos dos Goitacases, assim se referiu a Fideralina: “mais brava e de muito mais valor do que Bárbara de Alencar e, ainda do que Anita Garibaldi”. A ilustre romancista cearense e membro da Academia Brasileira de Letras, Rachel de Queiroz, descreveu Fideralina como “uma espécie de rainha sem coroa, uma legenda”, porque “das margens do São Francisco aos seringais do Amazonas, a sua palavra era lei”. Fideralina era possuidora de vastos domínios territoriais. Estabeleceu-se, em Lavras e sua residência de campo era no sítio Tatú, naquele município. Viveu no tempo em que o cangaço era a lei única e nem o exército podia com os jagunços armados. Dona Fideralina também se cercava de cabras armados, para defesa dos seus e de sua moradia. Como era autoritária, teve muitos inimigos que lhe levantaram calúnias e foi motivo de lendas. Diziam que ela rezava o rosário num terço feito com as orelhas dos seus inimigos e que a frase sacramental usada pelos seus capangas, antes de darem o golpe mortal nos inimigos era a seguinte: “Está aqui o presente que Dona Fideralina lhe mandou”. Tinha ela grande poder político em Lavras da Mangabeira. Mandava, com absoluta liberdade, embora nunca tenha sido investida, legalmente, em cargo público. Um fato que a enlutou e a fez recolher-se por uns tempos, foi o de ela ter, em comum acordo com o filho, coronel Gustavo Augusto Lima, em 26 de novembro de 1907, determinado, pela força imperante do bacamarte, a retirada do seu outro filho Honório Correa Lima, do cargo de intendente. Havia entre eles um desacordo sobre os interesses políticos. Fideralina encarnou as instituições políticas vigentes em sua época. Latifundiária, garantiu a sobrevivência do feudo, com o trabalho escravo. Tinha homens ágeis no trabuco e cangaceiros destemidos, como Antonio Preto e Miguel Garra. Relegou a liteira, usada em sua época e transportava-se, do sítio Tatú para a cidade, no lombo de possantes cavalos, sempre com um bacamarte atravessado na lua da sela. Dona Fideralina transmitiu aos seus descendentes o gosto pela política. Três dos seus filhos foram deputados estaduais; dois bisnetos foram senadores e muitos outros têm exercício cargos de destaque na vida política, administrativa e econômica do Ceará. O poder, inicialmente instituído em Lavras, para defender o feudo do clã dos Augusto, transferiu-se, por força da sucessão hereditária, para a esfera política e administrativa da Vila de São Vicente das Lavras, nome primitivo de Lavras da Mangabeira. Muitos membros da família exerceram cargos políticos em Lavras da Mangabeira e no estado do Ceará.


Em 1947, foi a vez do Dr. Gustavo Augusto Lima ser eleito prefeito de Lavras da Mangabeira. De 1951 a 1955, o poder passou, novamente, às mãos de Raimundo Augusto Lima. Em 1958, Raimundo Augusto foi eleito, mais uma vez, ficando no poder até 1963. De 1963 a 1967 foi prefeito de Lavras Dr.Aloysio Teixeira Férrer, sobrinho de Cira Férrer Augusto Lima. A derrocada da velha oligarquia dos Augustos teve início em 15 de novembro de 1970, quando foi eleito para o biênio 1971-1973, pela ARENA 1, Wilson Sá, para prefeito de Lavras, derrotando seu adversário Gustavo Augusto Lima. Raimundo Augusto Lima foi, indubitavelmente, um dos mais importantes coronéis do sertão nordestino, no século XX. Após uma vida cheia de privilégios, prestígio e fartura e muito sofrimento em prol da política, faleceu Raimundo Augusto Lima, em Lavras da Mangabeira, no dia 3 de julho de 1971. Deixou o exemplo de muito amor à sua terra e um traço de muita aflição e de sofrimento a toda a sua família, tudo encarado, pelo grande patriarca, como um destino e um desafio a vencer.
Maria Glaudia Ferrer Mamede.
Lavras de Mangabeira teve o cuidado de escrever a memoria e a historias de suas personalidades. Varzea-Alegre nem tanto. Esta postagem tem um proposito: Que algum historiador de Varzea-Alegre consiga fazer esse mesmo roteiro, com fotos e historia dos descendentes do Major Joaquim Alves, irmão do Major Ildefonso. Posso assegurar que a familia não foi menos importante nem economicamente nem politicamente. Pelo menos até este momento não encontramos nada, absolutamente nada de informações nas paginas da internet. Ainda é tempo.
ResponderExcluirassino embaixo hoje o blog caprichou, ta aí uma coisa que eu gosto essa biografias eu tenho parabéns morais por ter colocado essa postagem a maioria não é de varzea alegre não mais as suas raizes estão fecundada no nosso torrão amado eles são frutos de nossa terra
ResponderExcluirPrezado Israel.
ResponderExcluirA sequencia seria esta: Major Joaquim Alves Bezerra, Maria Clara Bezerra, Coronel Antonio Correia Lima, Coronel Jose Correia Lima, Joaquim de Figueiredo Correia, Hamiltom Correia Lima, Jose de Figueiredo Correia, Adelgides Correia, Otacilio Correia. Onde encontrar a historia escrita e as fotos destas personalidades. Quando se perde a historia, perde-se tambem o personagem.