(O texto abaixo já foi postado neste blog em março passado, por Antônio Morais. Mas o assunto é tão interessante que peço licença aos leitores para reproduzi-lo dada a atualidade do tema, devido às gafes cometidas pelo Presidente Temer feitas na visita dele à Noruega.) Armando Lopes Rafael
A Constituição que passou a vigorar em 1967, durante o regime militar sob o comando do general Arthur da Costa e Silva, abandonou o antigo nome que datava da proclamação da República.Há 50 anos, o Brasil deixava de usar o nome oficial "República dos Estados Unidos do Brasil", que perdurava oficialmente desde 1891, época da primeira Constituição republicana do país.
A Constituição que passou a vigorar em 1967, durante o regime militar sob o comando do general Arthur da Costa e Silva, abandonou o antigo nome que datava da proclamação da República.Há 50 anos, o Brasil deixava de usar o nome oficial "República dos Estados Unidos do Brasil", que perdurava oficialmente desde 1891, época da primeira Constituição republicana do país.
O
Brasil já teve 7 Constituições e em São Paulo lançaram a campanha pela
confecção da 8ª Constituição, que seria "parlamentarista". Nem isso
salvará o fracasso da República.
Mas
voltemos à 6ª Constituição, a penúltima. A mudança foi estabelecida com
a entrada em vigor da Constituição brasileira de 1967. Elaborada pelo
regime militar sob o comando do general Arthur da Costa e Silva, ela
entrou em vigor em 15 de março daquele ano. O documento foi denominado
simplesmente como "Constituição do Brasil", ao contrário das versões
republicanas anteriores, que apresentavam o nome "Constituição da
República dos Estados Unidos do Brasil" ou "Constituição dos Estados
Unidos do Brasil".
Em
1969, uma emenda reconfigurou o texto de 1967, que passou a se chamar
Constituição da República Federativa do Brasil, nome que permaneceu na
elaboração da Constituição de 1988, que está em vigor hoje. Em 1968, uma
lei estabeleceu a substituição do nome "Estados Unidos" por "República
Federativa" em símbolos nacionais, em brasões e selos oficiais.
Perdurando
por quase 75 anos, os "Estados Unidos do Brasil" eram o sucessor do
monárquico "Império do Brasil", estabelecido pela Constituição de 1824 e
que vigorou até 1889. Ao usar "Estados Unidos", a Constituição de 1891
procurava explicitar a postura do novo regime republicano, que deu fim
ao Estado unitário que vigorava no Império. O documento promoveu a
descentralização política e uma nova relação entre o poder central e as
antigas províncias do país, que passaram a se chamar Estados e
conquistaram mais autonomia. O modelo foi inspirado na Constituição dos
Estados Unidos da América.
À época, a grafia de Brasil ainda era "Brazil" - isso só mudou com um decreto em 1931.
Os
"Estados Unidos" permaneceram nas constituições de 1934, 1937 e 1946.
Apenas a Carta autoritária de 1937, apelidada de "polaca" pela
semelhança com a Constituição Polonesa de 1935, alterou levemente o
nome, denominando o país como "Estados Unidos do Brasil", retirando a
palavra "república" - que voltaria em 1946.
Jornais
da década de 1960 revelam que não houve muita discussão sobre os
motivos do abandono do nome "República dos Estados Unidos do Brasil".
O
país vivia então sob o regime militar. Segundo o jurista José de
Almeida Melo, autor do livro Direito Constitucional do Brasil, os
militares queriam evitar que o nome oficial fosse confundido com o dos
EUA. Outras fontes apontam que o governo militar queria assinalar uma
mudança radical com o passado e salientar as mudanças pela qual o país
passava.
Antes
da independência, o Brasil foi chamado Terra de Santa Cruz, Vice-Reino
do Brasil e Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, e até mesmo
Pindorama (pelos índios), entre outros nomes.
Apesar
de ter saído de cena há 50 anos, o nome Estados Unidos do Brasil foi
objeto de uma gafe do senador e ex-ministro das Relações Exteriores José
Serra. Em 2012, durante uma entrevista, Serra se referiu ao país como
"Estados Unidos do Brasil". Ao ser corrigido pelo entrevistador,
perguntou: "Mudou?"
Abaixo, a primeira bandeira republicana do Brasil
que durou apenas 4 dias
Essas tais mudanças não são encontradas justificativas. Eu vi com muita tristeza o Vice do Cara, José Alencar querendo mudar a letra do Hino Nacional, retirar "Deitado eternamente". Por sorte José Alencar morreu sem ver onde o presidente dele chegou com a corrupção. Até fico a imaginar que a troca seria por : Roubado eternamente.
ResponderExcluirO vapor Alagoas, que levava a família imperial para o exílio em novembro de 1889, afastava-se do continente sul-americano para o mar aberto, ao largo da costa da Ilha de Fernando de Noronha. Emocionados, dom Pedro e seus parentes resolveram enviar uma última mensagem à pátria. Apanharam um pombo a bordo e discutiram o conteúdo de seu derradeiro recado em território brasileiro. Escolheram uma única palavra - saudade - e soltaram o bicho, que deveria voar em direção ao país com a homenagem singela. Mas o pombo não tinha vocação para correio. Suas asas haviam sido aparadas. O resultado: a "saudade" foi ao fundo do oceano com seu portador, a poucos metros do navio. Talvez a cena da última tentativa de comunicação entre a família imperial e o povo brasileiro funcione como metáfora do que foram os anos da monarquia.
ResponderExcluirHoje, mais do que nunca, que estuda a História do Brasil tem saudades dos tempos imperiais.
Aliás, isso já deu até samba enredo para um escola de samba do Rio num dos carnavais passados:
"que saudade dos tempos imperiais", dizia a música...