Casa de Dona Bárbara de Alencar, localizada na Praça da Sé, em Crato. Num atentado ao pouco que resta do patrimônio arquitetônico e histórico de Crato, o imóvel foi destruído para dar lugar ao atual prédio da Coletoria de Rendas da Secretaria da Fazenda do Ceará
O
episódio que, de forma resumida, relato abaixo consta – com mais
detalhes – nas páginas 70 e 71 do livro “As Quatro Sergipanas”, escrito
pelo sacerdote e historiador Mons. Francisco Holanda Montenegro*.
Dona Bárbara de Alencar tinha com Dona Matilde Telles, mãe do Juiz
Ordinário de Crato, Manoel Joaquim Teles, uma intriga e rivalidade
antigas por causa de política. Não se entendiam, não se cumprimentavam e
nem se falavam. Aliás, uma das primeiras providências do subdiácono
José Martiniano de Alencar – filho de Dona Bárbara – quando “proclamou” a
Revolução Pernambucana de 1817 em Crato, foi destituir do cargo esse
Juiz.
Rechaçada a Revolução, pelo Brigadeiro Leandro
Bezerra Monteiro, os filhos de Dona Bárbara foram presos e ela se
escondeu dos inimigos pensando escapar da prisão. Na madrugada de 21 de
maio de 1817, Dona Bárbara encontrava-se oculta nas imediações do Sítio
Pau Seco, propriedade sua, onde passou o dia num canavial. À noite,
saiu do esconderijo e tendo perdido a esperança de ver voltar seu fiel
escravo – o negro Barnabé – seguiu vagando sem destino pelas matas que
existiam, à época, em torno da Vila Real do Crato. Nessa andança veio
parar no Sítio Miranda, mais precisamente nos fundos da casa de sua
inimiga, Dona Matilde. Dona Bárbara soube que estava ali porque viu uma
escrava da casa apanhando água. A escrava reconheceu Dona Bárbara e foi
avisar a sua patroa.
Segundo Mons. Montenegro, Dona
Bárbara apresentou-se, então, a Dona Matilde. Esta última, com o coração
aberto a tantos sofrimentos porque passava a família Alencar, abraçou a
sua inimiga com lágrimas de ternura e num gesto magnânimo de
generosidade, respeito e fidalguia levou-a para abrigá-la na sua casa.
Fez mais. Dona Matilde mandou chamar seu filho, o Juiz Ordinário do
Crato, que tinha sido readmitido no cargo, e disse a ele:
– Mande queimar todos os papéis e atas arquivados pelos contrarrevolucionários que comprometam Dona Bárbara e seus filhos
Tempos depois, o futuro Senador e Presidente da Província do Ceará,
José Martiniano de Alencar, filho de Dona Bárbara, preso nos cárceres do
litoral teria reconhecido o gesto magnânimo de Dona Matilde: “Sem provas nós não poderíamos ser licitamente condenados à morte”.
Infelizmente as pessoas, hoje em dia, não tem o menor interesse em conhecer a história. As autoridades também tratam de destruir as marcas do passado. Quem passa no local próximo onde ficava a casa de Barbara de Alencar foi construído um monumento que desnuda a heroína e sua história.
ResponderExcluirQue monumento ridículo na praça da Sé, em frente casa da nossa heroína, uma falta de respeito pela a nossa representante política.
ExcluirPela humildade, pela solidariedade e humanismo, na minha avaliação a heroína foi Matilde Teles.
ResponderExcluirRealmente a Dona Matilde, foi a personagem vitoriosa da historia
ExcluirImagina se desnudar de todo poder que tinha e humildemente, tomar todas as atitudes que tomou. Louvável ate demais...
Ela foi de uma grandeza sem igual.
ExcluirExcelente gesto de empatia.
ResponderExcluirExcelente. Atualmente, com o ódio pregado por Políticos e alguns "Cristaos" dificilmente aconteceria este ato nobre. Antônio Josimar.
ResponderExcluirAmigo Morais, parabéns por relembrar este glorioso passado !
ResponderExcluirMas, ao povo alienado, não interessa a sua história ! 😡
A postagem é da lavra do historiador, memorialista Armando Lopes Rafael. Que tem prestigiado os leitores do Blog com as suas admiráveis postagens.
ExcluirUma bela história!
ResponderExcluirEngraçado Bárbara Pereira de Alencar não era nascida no sítio chamado Touro ? Próximo a Campos Sales ?
ResponderExcluirA história sustenta que um grupo de cientista e pesquisadores pretendia exumar o corpo de Barbara de Alencar para do crânio formatar e criar uma foto que se aproximasse ao máximo do seu rosto. A diocese do Crato a quem pertence o Cemitério de Campos Sales não permitiu.
ExcluirUm povo sem passado, não tem
ResponderExcluirfuturo pela falta de suas raízes .