Em 1921, na gestão do Padre José Alves de Lima, foi vendido todo patrimônio de São Raimundo inclusive a Lagoa ao comerciante Dirceu de Carvalho Pimpim. Este fato causou a maior revolta entre os paroquianos surgindo então o primeiro foco de protestantes na cidade.
As famílias Gino, Aniceto e Camilo da Vacaria, e Souza da Varzinha. O grande poeta Manuel Antonio da Varzinha fez um verso entitulado "Verso da venda do Patrimônio de São Raimundo".
São 30 estrofes criticando a decisão do Padre Lima. Por pouco estes versos não se perderam na vala do esquecimento.
O Blog do Antonio Morais salvou-os.
Leitores eu vou contar
Como anda o nosso mundo
Conto o primeiro capitulo
E depois conto o segundo
É coisa que intimida
Nunca visto em nossa vida
Foi questão com São Raimundo
Nosso mundo está perdido
Valei-me meu Santo António
Se assim acontecer
Fica o lugar tristonho
O tempo tudo descobre
São Raimundo fica pobre
Se vender o patrimônio
Nosso mundo está perdido
Só por causa do dinheiro
Os homens que se ordenam
São os mais interesseiros
Já querem tomar a pulso
Querem deixar sem recurso
Nosso santo padroeiro
Devemos viver a calma
Não se envolver na questão
Porque somos inocentes
Não sabem quem tem razão
Mesmo estamos ex-comungado
E pode ficar arriscado
Para nossa salvação
É certo que não faz medo
Esta triste excomunhão
Porque Deus só quer do homem
É um firme coração
Isto é palavra a toa
Que o padre amaldiçoa
E Jesus nos manda o perdão
Deus deixou padre no mundo
Para reger a doutrina
Ser zelador da igreja
Com a santa lei divina
Mas os padres do presente
Cada qual é mais valente
Com palavra libertina
O pobre tudo agüenta
O rico não se sujeita
E por esta causa e outra
Vivemos nesta peleja
A igreja não merece
Mas se o padre quisesse
Fazia a coisa direita
O povo que não entende
Calunia o pessoal
Diz que em Várzea-Alegre
Padre vem e se dar mal
Executemos a questão
Para ver quem tem razão
De onde vem o sinal
Deus deixou padre no mundo
Para reger a igreja
Deus não deixou ordem em padre
Para lutar com peleja
E depois se zangar
Subir para o altar
E falar tudo que deseja
É certo que protestante
Nesta terra ainda não tem
Por causa destes abusos
Aparecem mais de cem
E se o orgulho aumentar
E alguém quiser virar
Chame que viro também
Deus deixou padre no mundo
Para absolver pecado
Mas por causa do dinheiro
Fez o povo excomungado
Veja quanto é valoroso
O nosso Deus poderoso
Vive sempre ao nosso lado
Leitores devem lembrar
Daquele verso terceiro
Que diz que neste mundo
Só quem vale é o dinheiro
Veja como acontece
Até o padre se esquece
Do nosso Deus verdadeiro
Pergunto ao nosso Deus
Porque foi esta questão
Respondeu-me Jesus
De todo meu coração
O padre falou em negocio
O prefeito disse não posso
Daí veio a maldição
Castigue quem merecer
A defesa é natural
Não faço nada por mal
Vós me queira defender
É que nosso padroeiro
Não precisa de dinheiro
Não precisava vender
Ó Virgem da Conceição
Meu Jesus sacramentado
Proteja minha inocência
Se nisso estiver culpado
Valei-me a providencia
Proteja minha inocência
Se eu estiver errado
Eu habito em Santo António
Não me cabia este artigo
Apenas fiz este verso
A pedido de um amigo
Vou dar meu nome completo
Eu me chamo Felisberto
Da Costa Sousa Perigo
Manuel António de Souza
Sitio Varzinha - Várzea-Alegre
Registro da história. Padre Lima atendia a orientação do Primeiro Bispo do Crato, vender aqueles bens de menor importância para a comunidade católica e subscrever ações do Banco do Cariri S/A, primeira instituição financeira da região. Esses valores foram parar na China.
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