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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quinta-feira, 14 de abril de 2016

A força do populismo - Editorial - O Estado de São Paulo.


O principal ativo lulopetista está na crença que os recursos do Estado são infinitos e de que todos têm direito a acumular cada vez mais benefícios às expensas do erário

A ideia de que existem soluções fáceis para os problemas da economia e de que basta ao governo ter vontade para que os pobres sejam conduzidos ao paraíso da classe média já deveria estar inapelavelmente desmoralizada. Afinal, o que não faltam são evidências de que essa irresponsabilidade populista, grande marca dos governos petistas, arruinou a economia nacional e, como consequência, anulou os eventuais ganhos que os pobres possam ter obtido, além de ter lhes comprometido o futuro.

No entanto, quando se observa que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda aparece com cerca de 20% das intenções de voto para presidente e teve seu nome citado espontaneamente por 40% como “o melhor presidente da história do Brasil”, conforme pesquisa do Datafolha, constata-se que resiste, em parte da sociedade brasileira, um certo pensamento mágico, que atribui ao chefão petista a capacidade de transformar os fatos pela simples expressão de seu desejo.

Apenas o inegável talento de Lula não basta para explicar a sobrevida desse pensamento. Contribui para fortalecê-lo a incapacidade da oposição de expor aos eleitores o embuste lulopetista, segundo o qual “nunca antes na história deste país” os pobres foram tão valorizados e que “eles” – os que não votam no PT – “durante 500 anos não souberam cuidar desse povo”, conforme discursou Lula dia desses.

Graças à fraqueza da oposição, sustenta-se a mensagem de que foram os petistas – Lula à frente – os responsáveis por redimir os pobres, pela simples razão de que o PT detém o monopólio da sensibilidade social. Por esse motivo, os eleitores mais suscetíveis à demagogia petista continuam a atribuir apenas a Lula e ao PT os ganhos que, na verdade, só foram possíveis graças à estabilização da economia – uma conquista de todos os brasileiros, a partir do Plano Real e da Lei de Responsabilidade Fiscal, medidas contra as quais, é bom que se frise, os petistas lutaram com unhas e dentes.

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