O
Brasil está quebrado. Para resolver os problemas que impedem a retomada
do crescimento e do emprego será necessário enorme empenho em
reestruturar o orçamento público, adotando medidas indigestas que muita
indignação hão de gerar. Benefícios, programas sociais, regras de
salário mínimo, benesses do BNDES, tudo isso terá de ser repensado e
reformulado. Antes, tudo isso terá de ser explicado à sociedade. Para
que se chegue ao consenso do que é necessário, será preciso explicar
para a população brasileira porque as melhorias de vida que pensara ter
alcançado eram apenas fruto de uma falácia, de um grande embuste.
Embuste travestido de “preocupação com o povo, atenção aos pobres”.
O
Brasil está quebrado. Isso significa que a volta à realidade será dura,
lenta, prolongada. Poderá se estender por muitos anos, a depender dos
descalabros adicionais aos quais o governo estrebuchante nos submeterá. É
essa a coisa da vida, de todos os dias, a economia. Sem trama e sem
final.
Para salvar Dilma do impeachment, é preciso abrir espaço para
mais gastos, mais repasses para os Estados brasileiros, muitos
quebrados. Para salvar Dilma do impeachment, é preciso jogar debaixo do
trem as reformas da Previdência e das leis trabalhistas, ambas urgentes
para a retomada sustentável do crescimento econômico e do emprego. Para
salvar Dilma do impeachment, vale tudo. Vale até quebrar o Brasil,
quebrá-lo mais de uma vez. Afinal, arrebentado o País já está.
Arrebentado de forma vil, léguas da excelência.
Repito palavras que
escrevi em 10 de outubro de 2014 na Folha de S. Paulo em artigo
intitulado “Mentira tem perna curta”. “Há quem ache que mentira repetida
à exaustão torna-se verdade absoluta. Há quem subestime a capacidade de
reflexão das pessoas repetindo refrões mentirosos como “o Brasil
quebrou três vezes durante a época em que o PSDB esteve no poder”, nos
anos 1990. Prefiro outro dito popular, o que diz que mentira em cima de
mentira corre, corre, mas não chega a lugar algum com suas pernas
desavantajadas. Igual ao Brasil de Dilma Rousseff.
(*) Monica De Bolle, Economista e pesquisadora do Peterson Institute for Internacional Economics.
Prezado Armando - Infelizmente, desde muito tempos que os nossos escritos faziam previsões nesse sentido. O Brasil já está quebrado, não pode ficar pior, a dificuldade agora é ter quem o emende.
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