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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Padre José de Anchieta, o Apóstolo do Brasil -- por Armando Lopes Rafael



“José de Anchieta, o Santo que amou o Brasil” é o que se pode chamar um pequeno grande livro! O opúsculo – coordenado pelo padre Lourenço Ferronatto e com texto de Alexandre Teixeira Varela – resgata eventos relevantes na vida do Beato José de Anchieta, conhecido como o Apóstolo do Brasil.

Segundo frases retiradas do livrinho, (no início da colonização do Brasil, foi o padre José de Anchieta) “Missionário incansável, consumiu toda a sua vida dedicando-se a anunciar a Boa-Nova ao povo do Brasil. Por amor a Cristo e ao próximo, expôs-se muitas vezes à morte, passou fome e frio, além de tantas outras privações”.

“José de Anchieta nunca escondeu a sua predileção pelos índios. Junto a eles, atuou como professor, médico e sacerdote. No período em que viveu em Piratininga (hoje a cidade de São Paulo) ele percebeu que os diversos idiomas falados pelos selvagens no Brasil compartilhavam uma mesma base linguística. Assim, ele unificou todos esses idiomas em um dialeto único, o “tupi”, e elaborou uma gramática com seus princípios e regras. A partir de então, a comunicação entre os missionários europeus e os nativos se tornou mais fácil.

“Seu amor pelos índios o levou a aprender rapidamente a língua destes e a compreender os seus costumes. Assim, encontrou meios de lhes comunicar a mensagem cristã de forma adaptada à sua cultura, em vez de simplesmente reproduzir o modelo de catequese aplicado na Europa.

“Seus pés descalços percorreram boa parte do território brasileiro, em incontáveis idas e vindas pela costa e pelo sertão. Usando ervas medicinais ou – quando Deus assim o permitia – operando milagres, serviu e curou os doentes. Com seus diálogos de catequese, sua cantiga, peças de teatro ou autos, mostrou ao povo simples os caminhos de Deus.

“Sendo puro de coração, submeteu desde as mais dóceis criaturas até as mais ferozes: pássaros, peixes, onças e cobras ouviam a sua voz e obedeciam ao seu comando.

“Ao fim de 44 anos de intensos trabalhos e fadigas sobre o solo do Brasil (...) Prostrado sobre a cama e flagelado pelas dores (desde a juventude sofria de tuberculose óssea), aos 63 anos de idade, inteiramente lúcido, recebeu os últimos sacramentos e entregou a sua alma, no dia 9 de junho de 1597.

Proclamado Bem-Aventurado, pelo Papa Beato João Paulo II, em 1980, o povo brasileiro aguarda com ansiedade a canonização do Padre José de Anchieta. Falta somente a comprovação de novo milagre desse padre-jesuíta, o Apóstolo do Brasil, para que ele possa ser venerado como santo pela Igreja Católica Apostólica Romana.

4 comentários:

  1. O Beato José de Anchieta, “o santo que amou o Brasil”, está pronto para atender nossas orações e nossos pedidos. Ele foi um dos primeiros missionários a evangelizar o nosso País, numa época onde, no Brasil, só existiam florestas e poucas e pequenas vilas no litoral.

    Hoje, do Céu, ele continua a interceder por todos os brasileiros. Se aqui na terra ele já fez tantos milagres e alcançou tantas graças para os nossos antepassados, quem poderá duvidar de que agora, ao lado de Deus, ele não poderá operar milagres ainda maiores e conseguir-nos graças e bênçãos em abundância?

    Armando Lopes Rafael

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  2. Parabens Armando uma postagem valiosa. Muito interessante.

    Obrigado.

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  3. Armando Rafael, esperamos que esses Santos que foram na Terra não nos abandonem lá do Céu!

    Torço por todos eles para que sejam logo Canonizados!

    Não que eles não possam realizar milagres agora, eles realizavam em vida! São Santos, para mim.

    Um grande abraço.

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  4. Indicaram-me o livro para ler. Li. Por se tratar de uma iniciativa religiosa, coordenada pelo padre Lourenço Ferronatto, sei que jamais revelariam uma falha da igreja católica nessa obra. Todavia, o ideal seria divulgar um conteúdo mais realista.

    Romanticamente, o livro aborda a vinda do jesuíta José de Anchieta para a América Portuguesa a fim de catequizar os indígenas, tal como os tantos outros inacianos. Nessa proposição leviana, parece até boa intenção. Entenda que isso é um crime do ponto de vista antropológico. Subjugaram a cultura das nações indígenas com o infeliz eurocentrismo. Além disso, muitos dos clérigos que vieram para o Brasil Colonial eram enfermos - o tuberculoso Anchieta é exemplo -, sendo isso motivo de morte em massa de gentios.

    Há uma passagem no livro que me chamou uma atenção especial. Fala-se da defesa dos indígenas, dizendo que igreja protegia-os da escravidão. Penso que o autor Alexandre Varela esqueceu-se de explicar que, a despeito da escravidão indígena, a igreja, enquanto instituição, apoiava e justificava a escravização do negro. Vale lembrara também que a encenação dos autos de Anchieta era deveras preconceituosa, relacionando por diversas vezes a cultura indígena com os papeis mais indignos de seu enredo.

    Limitar-me-ei ao que sei de história. Não entrarei na discussão de outros pontos da obra, como o absurdo mitológico de um homem levitar ou controlar os animais. Não pude deixar de fazer as críticas. Obras assim levam as pessoas a acreditarem no lado idealizado, encobrindo as realidades da nossa história extremamente humana.

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