Na rua da Igreja, beatas e feira. Feira de primeira. Toda segunda-feira. De verdura, cereais, mas principalmente, a colorida feira das frutas. Das jaboticabas roxinhas, limões verdes, pitangas vermelhas. Tamarindos marrons e azedos se juntavam a doces siriguelas amarelinhas para enfeitar a banca de Mané Gordão e a boca gulosa da meninada.
Às vezes eram vistas acerolas cor de acerola e, quase nunca, carambolas, estas de uma cor sei-lá-que-cor. Os olhos brilhavam diante da aquarela de sabores, das goiabas e das maçãs, das mangas e dos cajus...
Onde estão as feiras? Onde se escondem as frutas? Onde brilham as cores? Hoje, aquela rua só tem as beatas. A feira mudou-se para o ar condicionado: lá, as frutas têm sabor acre e as cores se desbotam, se esvaem, lembrando do burburinho e com saudades da mão gorda de Mané a afagá-las.
Na hora de pagar o dinheiro é de plástico. Na fila do caixa, sem a zoada da feira, uma criança chupa chiclete. Do lado de fora, outra criança pede esmola. Alguém oferece uma laranja amarga.
Bom dia amigos.
ResponderExcluirAs crônicas do Xico Bizerra resgatam a historia e seus personagens.
Logo que cheguei ao Crato, em Março de 1969, costumava vê um senhor tangendo os seus jumentinhos com cargas de frutas pelas ruas.
As caixas de madeira penduradas nas cangalhas e a cantilena do vendedor : Banana, abacate, limão, goiaba, piqui, batata doce, laranja da Vacaria, doce como mel!..
Saudades daquele tempo resgatado por Xico Bizerra em seu belo texto. Viva a banca do Mané Gordão. Salve Xico Bizerra.
A. Morais
Xico,
ResponderExcluirPelo que entendi você fala com saudades das feiras livres de outrora.
Aqui em São Paulo elas continuam, mas lhes falta algo que havia em 20,30, 40 anos atrás. A tendência cada vez maior é comprarmos com dinheiro de plástico.
Deu-me saudades das feiras de outros tempos.
Morais,
ResponderExcluirobrigado pela generosidade de seu comentário e pela pertinência e bom gosto na ilustração do meu texto. A Glória, meu abraço fraterno,
XICO BIZERRA