A regra de ouro, ensinada na administração de empresas privadas, se aplica também ao Congresso: só peça às pessoas o que elas lhe podem dar. Dito de outra maneira: não espere de ninguém o que exceda à sua capacidade.
A renúncia de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) à presidência da Câmara dos Deputados deveria ser uma oportunidade imperdível para que seus pares tentassem reabilitar a imagem da instituição cá fora.
Mas não será. Há, na Câmara, políticos com biografias respeitáveis. Por serem poucos, no máximo poderão, se tanto, exercer alguma influência na escolha do próximo presidente.
A representação política no Brasil perdeu qualidade com a implantação da ditadura militar de 64, que durou 21 longos e perversos anos. E o fim da ditadura, ao contrário do que parecia, não resultou na recuperação da qualidade perdida.
As eleições se tornaram cada vez mais caras. Só custam menos, hoje, que as eleições americanas. A política virou um grande negócio para enriquecer os políticos e os que financiam suas campanhas em troca de lucrativos negócios com o poder público.
Se a corrupção contaminou o Senado, antiga casa de homens mais experientes e quase sempre com fama de probos, quanto mais a Câmara. Uma dezena dos 81 senadores responde a processos ou é investigada.
Na Câmara, de um total de 513 deputados, quase uma centena – ou mais – se encontra na mesma situação. Nos últimos 14 anos, o comando da Câmara esteve nas mãos de criminosos ou de acusados de crimes.
Severino Cavalcanti (PP-PE) renunciou à presidência da Câmara e ao mandato porque se descobriu que ele recebia um mensalinho pago por concessionário de restaurantes. João Paulo Cunha (PT-SP), que o sucedeu, foi condenado e preso por causa do mensalão do PT.
Marco Maia (PT-RS), outro presidente, é investigado pela Lava-Jato. Waldir Maranhão (PR-MA), presidente no exercício do cargo desde a suspensão do mandato de Cunha pela Justiça, é suspeito de corrupção.
André Vargas (PT-PR), vice-presidente, foi cassado e está preso em Curitiba por envolvimento com negócios sujos na órbita da Petrobras. Narcio Rodrigues (PSDB-MG), vice-presidente da Câmara em 2007, está preso em Belo Horizonte por ter desviado dinheiro público.
A Câmara sempre foi dividida entre aqueles chamados de “baixo clero” e aqueles chamados de “cardeais”, ou alto clero. O baixo clero cresceu, tem maioria dos votos na Câmara e naturalmente a controla. O alto clero está em adiantado processo de extinção.
Foi com o voto do baixo clero, mas não só, que Cunha se elegeu presidente. Será com o mesmo voto que se elegerá o sucessor dele.
Nenhum politico de duas décadas para cá prestou serviço tão importante para o Brasil. Livrar o Brasil do PT não houve feito maior. Fora da câmara e da vida pública deverá ser lembrado mais pelo lado positivo, pelo bem que fez, do que pelos males que por ventura tenha causado.
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