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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sexta-feira, 4 de junho de 2010

O maior dos brasileiros - por Armando Lopes Rafael


Nas pequenas efemérides da história pátria, este ano de 2010 assinala os 90 anos da lei – assinada pelo Presidente Epitácio Pessoa, em 1920 – revogando o injusto banimento da Família Imperial, fato que possibilitou o retorno dos restos morais do Imperador Pedro II à terra que o viu nascer. Hoje ele está sepultado na catedral de São Pedro de Alcântara, em Petrópolis.

Mas, minha intenção é escrever sobre as qualidades e virtudes pessoais do nosso último Imperador, deixando para outra oportunidade o que foram os quase cinquenta anos do seu profícuo reinado.
Dom Pedro II era um intelectual, sempre encontrado com um livro numa mão e um lápis na outra, fazendo anotações. Parte do seu ordenado era destinada ao financiamento dos estudos de muitos brasileiros talentosos. Alguns dos que receberam ajuda do Imperador chegaram a se destacar na música e na pintura, como Carlos Gomes e Victor Meireles. Fundou, o magnânimo Pedro II, bibliotecas, museus e observatórios astronômicos e meteorológicos.

Dom Pedro II foi também poliglota. Lia Homero e Horácio no original. Falava corretamente o francês, o italiano, o alemão, o espanhol e traduzia o holandês e sueco. Discursava em grego e latim e ainda entendia a língua dos nossos índios (tupi-guarani) e o provençal. Seus biógrafos afirmam que ele também estudou o hebraico e o árabe. Os conhecimentos do nosso último Imperador eram algo de incomum: discorria sobre matemática, biologia, química, fisiologia, medicina, economia, política, história, egiptologia, arqueologia, arte, helenismo, cosmografia e astronomia. Vale o registro: No Brasil, Dom Pedro II é o patrono da Astronomia.

Como governante gozou ele de grande popularidade junto ao povo. Quando do seu regresso ao Brasil, após sua última viagem à Europa, a poucos meses do golpe militar que o derrubaria do Trono, a recepção de que foi alvo foi assim descrita pelo historiador cearense Capistrano de Abreu: “O povo entupia as ruas, cobria os morros, desrespeitava os telhados”. Tudo para saudar Dom Pedro II...

Daubrée, discursando no Instituto da França quando do falecimento do nosso Imperador disse: “No entanto, quaisquer que fossem a extensão e força dessa bela inteligência, o que mais devemos admirar nessa personalidade que nos foi arrebatada é a suprema bondade, essa benevolente simplicidade, essa resignação serena no meio dos revezes inesperados e imerecidos da fortuna, essa generosidade constante, diante das ingratidões e traições, em uma palavra, essa grandeza de alma que nunca melhor resplandeceu que nas dores do exílio”.

Eis uma pequena amostra daquele que ainda hoje é considerado “O maior dos brasileiros...”.
Texto e postagem de Armando Lopes Rafael

5 comentários:

  1. Armando.

    Costumamos vê os brasileiros tomarem decisões importantes como uma onda que passa, sem uma base razoada.

    No impedimento do Collor o presidente da Camara Ibsen Pinheiro ao receber o pedido de impedimento disse que quando o povo quer esta casa termina tambem querendo. Pergunto: e a lei? onde fica? Basta o povo querer?

    Depois o proprio Ibsen foi vitima do querer do povo. O mesmo povo que depois elegeu Collor e o proprio Ibsen novamente. Durma-se com um povo desse!

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  2. Morais:
    Lembra daquele inopinado rompante do general-presidente?

    “O Brasil não merece os políticos que tem”. (frase dita pelo General João Figueiredo, Presidente da República entre 1979 a 1984).

    *** *** ***

    Diferente foi o reinado do Imperador Dom Pedro II...
    Seria repetitivo citar os frutos materiais do seu reinado, quando nossa pátria teve uma moeda estável e forte – o mil réis – que correspondia a 0,9 (nove décimos) de grama de ouro e equivalia ao dólar e à libra esterlina. Desnecessário lembrar que no 2º Império, o Brasil possuía a segunda Marinha de Guerra do mundo; implantou os primeiros Correios e Telégrafos da América. Durante os 67 anos da Monarquia a inflação média anual foi de apenas 1,5%. Isso mesmo: um e meio por cento de inflação ao ano!

    O Parlamento do Império era comparado ao da Inglaterra. A diplomacia do Brasil era uma das primeiras do mundo. No reinado de Dom Pedro II não havia presos políticos, nem censura à imprensa. A liberdade era tanto que circulava até um jornal pregando a derrubada da Monarquia.
    Tudo isso seria destruído já nos primeiros meses do novo governo republicano.

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  3. Amando,

    Eu não sei o que se passa
    O que se passa, não sei
    Bebi teu texto na taça
    do ouro que colherei

    As razões são tão diversas
    Nos frutos que colherás
    Nas palavras já dispersas
    Que deixaste para trás.

    Só sei que gosto de ler-te
    Aqui, ali acolá
    Aqui me ponho a escrever-te
    Pois não te encontro por lá.

    Aprecio teu estilo
    Teu modo reto de ser
    Teu modo sempre tranquilo
    De expor o teu saber.

    Abraço,

    Claude

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  4. Claude:
    Sempre pensei que Deus -- na sua imensa misericórdia – havia me poupado do sentimento da inveja!
    Será que me poupou?
    E por que eu me sinto sempre incompleto por não saber expressar a sensibilidade de um poeta?
    E por que admiro tanto os que sabem versejar?
    Não seria isso uma ponta de inveja?
    Os seus versinhos despretensiosos me alegraram.
    Neles enxerguei mais do que a beleza das rimas...
    Senti a bondade do seu coração teimosamente juvenil.
    Revi a generosidade que habitava a FrançAlegre – numa mistura extroversa do Sr. Hubert, com o silêncio sábio de dona Janine --.
    Somente uma pessoa boa enxerga algo de bom nos outros.
    Pois para os maus, nada nos outros é bom!
    A boca fala do que o coração está cheio.
    Obrigado pelos versinhos.
    Muita saúde e muita paz!
    Armando

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  5. Caro Armando,
    Nossa memória é curta mesmo. Eu pensava que grande era Rui Barbosa ou Machado de Assis. No entanto, realmente existiu alguém maior.
    Parabéns a você por trazer assunto tão importante.
    Abraço,
    Tarciso.

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