Foto - Arrozais das várzeas verdejantes do Riacho do Machado, em Várzea-Alegre.
Havia um Chapeado, que não era o 90, mas carregava outra alcunha, homem de cara fechada, mas de costumes soltos.
Anos atrás, fez negócio com uns agricultores de Várzea-Alegre e vendia a produção de arroz dos tais, pois naquele tempo, a cidade do Padre Vieira era forte no plantio do cereal.
Nesses negócios atravessados, ele 'escapuliu' uma quantia na prestação de contas e se fez de doido.
Ao perceberem, os homens da roça o indagaram:
Está faltando o dinheiro de dez sacas de arroz. Como a gente vai fazer?
Vão inté minha casa de noite que eu mostro onde está o restante. Respondeu com ar de intolerância.
Passaram as horas e ao cair do crepúsculo, rumaram a casa do cidadão. Lá chegando, o homem mandou-os sentar, entrou em seus aposentos e voltou com um revólver 38 em punho.
A essa altura os caba se olhavam pesando, valha meu "Padim", estamos é ferrados.
Teve um deles que ainda quis correr, mas casa de taipa, sala apertada, não teve o que fazer, sentou e esperou o Chapeado lhes dizer:
Peguem esse revólver na paga, o dinheiro eu me entusiasmei e gastei lá em Glorinha, dando uma de bacana.
O que quis correr pegou o revólver, verificou a munição e viu que só tenham três balas e respondeu:
Rapaz, era uma bala pra cada um.
Caíram na risada e negócio resolvido.
Causo dos valentes de cá com os valentes de lá.
Em Várzea-Alegre não existem valentes, terra de gente pacata, solidária e ordeira. Tanto é que numa passagem de Lampião por lá, ao ver um conterrâneo escorado num poste Lampião perguntou: Quem é você! Ele respondeu - Eh, eh, eh, eu sou o finado Zezinho.
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