O DOUTOR POETA - Por Mundim do Vale.

Reprisado para a Flor das Bravas, que demorou a chegar no Sanharol.

O Médico:

Doutor Zé Sávio Teixeira
Um médico do meu lugar
Quando tira pra curar
Não está pra brincadeira.
Ele diz a enfermeira
De forma bem convincente:
- Trate bem o meu cliente
Como se fosse uma flor,
Eu sou o alívio da dor
Sou gente, que cura gente.

Sávio fez um juramento
No ato da formatura
Pra cuidar da criatura
Que precisar tratamento.
Faz o seu atendimento
Seja de noite ou de dia.
O ofício é quem lhe guia
Num ato de humanidade.
Sendo na nossa cidade
Condutor da harmonia.

O poeta:

Me disse Mário Leal
Que é primo de Poivinha
Que o poeta sai da linha
Fazendo verso imoral.
Rima frejo e carnaval,
Namoro de agarração
Correndo uma mão de mão
E sintonia no peito.
Se a coisa é desse jeito
Dr. Mário tem razão.

O poeta Zé Poivinha
Que é lá do meu lugar,
Quando tira pra rimar
Troca até ata por pinha.
De botija faz quartinha,
Coroa chama titia,
Troca arenga por folia
E pátio chama terreiro.
Póiva junto com Pinheiro
Só pode dar putaria.

Falar de Poiva é preciso
Sem ser perto de tição
Pois com sua inspiração
Fez FORRÓ NO PARAÍSO.
O verso foi de improviso
E ele fez na carreira
Esquecendo da parteira,
Que também teve seu brilho
E aparou o próprio filho,
Alexandre Cabeleira.

Mãe Antônia aparava
O bebê por caridade,
Servia a toda cidade
E nem um vintém cobrava.
O pessoal só lhe dava
Um até logo, ou adeus,
E daqueles filhos seus
Algum que não resistia,
Alexandre devolvia,
Novamente para Deus.

Falou de Sérgio Piau,
De Bié, de Gonzagão,
Do ventríloquo Damião
E de Tim no carnaval.
Mas José de Lourival
Logo que entrou sentiu
Que na entrada não viu
O Frei Damião presente.
Porém Poivinha não mente,
Ele apenas omitiu.

O céu já estava lotado
Mas Póiva queria mais
Foi pedir a João Morais
Para tudo ser filmado.
Depois mandou um recado
Para o poeta Bidim
Que fosse com Mestre Tim
Falar com o Padre Vieira,
Para reservar cadeira
Para ele e Raimundim.

Dispensando a brincadeira
E elevando a estima
José Sávio é bom de rima
E faz cordel de primeira.
Merece cruzar fronteira
Com sua memória ativa,
E a rima criativa
De um poeta guerreiro,
Que já pode ser herdeiro
Do poeta Patativa.


Os Dois:

Pra curar meu mal estar
Vou ao doutor exigir.
Ao poeta vou pedir
Pra me ensinar a rimar.
Os dois podem me ajudar:
O poeta é um trovador,
O médico é um salvador
Que faz na vida uma meta.
Não sei se é doutor poeta
Ou se é poeta doutor.

Mundim do Vale
Várzea Alegre-Ce