Atribuem a Carlos Drummond de Andrade o texto que segue, no entanto, é
autor Roberto Pompeu de Toledo: “Quem teve a ideia de cortar o tempo em
fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão”.
Drummond diz: “O presente é tão grande, não nos afastemos./ ... vamos de
mãos dadas” e o Poeta nos dizia ainda ter todo “o sentimento do mundo”.
O jornalista-poeta Toledo e o poeta-maior Drummond nos orientam e o ano
começou de verdade dia 2. Será que já começou mesmo ou será
segunda-feira, 6, antiga festa de Santos Reis, data em que muitas
empresas dão término ao recesso de final de ano? É ano novo, vida nova,
para nós que seguimos o calendário gregoriano, adotado pelo Ocidente em
1582, após uma bula do Papa Gregório XIII. Outros povos já vivem um novo
ano. Muitos afirmaram o início de uma nova década. Mas, propriamente,
ainda não é. O calendário gregoriano é contado do ano 1, ano em que
nasceu Nosso Senhor Jesus Cristo. Não teve início no “zero”, por isso
toda década começa em 1. Em 2021 celebraremos o início da segunda década
deste século.
Madre Feitosa jovem e na ancianidade
Um dos maiores sentimentos do período de final e início de ano, além da
gratidão, é a esperança. Quase todo nosso caminhar é tempo de esperas! E
há 9 dias, último 27 de 2019, duas pessoas muito queridas para mim,
trilharam o caminho maior da esperança. Foram chamadas por Deus. Uma
delas, que fora na parte da manhã, dedicou sua vida a Deus e ao próximo.
A caridade e a educação foram seus principais instrumentos: a Madre
Feitosa, da Congregação das Filhas de Santa Teresa de Jesus. Maria
Carmelina Feitosa, nascida em Tauá, criada em Arneiroz e aos 14 anos
chegou ao Crato.
Pouco depois ingressou na vida religiosa e se constituiu um edificante
exemplo aos que a conheceram ou viram seu trabalho ou, daqui para a
frente, conhecerem sua biografia. O advogado busca sempre a prudência, a
mesma prudência que a Santa Madre Igreja Católica recomenda, mas, o
fiel que sou me diz que ela é “santa súbita”. Em minhas devoções
particulares já a tenho. Seu sepultamento aconteceu na festa da Sagrada
Família, último domingo de 2019, na Capela da Casa de Caridade, onde
morava e agora ficará abençoando e protegendo aquele espaço, visto que
as relíquias dos santos têm entre outras, esta função. Tão logo soube de
seu retorno à Casa do Pai, me comuniquei com o querido amigo Armando
Rafael, também amigo e devoto da Madre. A ele expressei meu sentimento
como se o expressasse a todos os que amam a Madre Feitosa. Que Deus a
recompense pelos seus feitos.
No largo caminho da esperança também seguiu, na noite da mesma
sexta-feira, a querida amiga Rosita Ferreira de Souza. Quixadaense,
professora, educadora. Rosita nasceu na Fazenda Califórnia, onde seu
corpo repousou. Foi uma das maiores amigas de minha querida madrinha
Rachel de Queiroz. Depois que Rachel partiu, tínhamos a Maria Luiza,
Isinha, sua irmã, quando esta se foi, tínhamos a Rosita. Agora as três
estão juntas no céu e, lá, espero que conservem nossa amizade. À Rosita,
meu eterno carinho e amizade! Sigamos na trilha da esperança e que a
beleza nunca se ofusque nos dias do novo ano, mesmo quando tivermos
dificuldade para enxergá-la.
Com ternura, Feliz Ano Novo!
(*) José Luís Lira é
advogado e professor do curso de Direito da Universidade Vale do
Acaraú–UVA, de Sobral (CE). Doutor em Direito e Mestre em Direito
Constitucional pela Universidade Nacional de Lomas de Zamora (Argentina)
e Pós-Doutor em Direito pela Universidade de Messina (Itália). É
Jornalista profissional. Historiador e memorialista com mais de vinte
livros publicados. Pertence a diversas entidades científicas e culturais
brasileiras.
Neste final de 2019 o Crato e região perderam uma das suas maiores expressões da vida religiosa, educacional e humana.
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