Páginas


"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Crônica enviada por Antonio Gonçalo de Sousa.


Sabemos que crônicas são registros do cotidiano. Com o tempo, tornam-se matéria para alimentar os compêndios da história. O professor Batista de Lima diz ainda que por isso sua leitura é agradável em qualquer época. Eu diria que a fotografia se assemelha à crônica, pois registra fatos e cores, levando-nos a paralisar o tempo, focando sentimentos e emoções, que serão rememorados no futuro.

Dias atrás, fui pego de surpresa em uma voltinha nos arredores do Sítio Unha de Gato, em Várzea Alegre - CE. Deparei-me com meninas que, aproveitando o molhado das primeiras chuvas, ensaiavam seus dotes culinários mirins, fuçando com as mão o barro vermelho, que, amontoado, dava forma a um bolo enfeitado com ramos e rosas, que elas mesmo tiraram ali na babugem em sua volta.

Não tive outra ação que não fosse retratar o momento simples, dirigindo a câmara do meu celular para fazer uma fotografia daquele instante sublime. O fato da modernidade me possibilitar o registro fiel daquele instante, postou-me diante de um paradoxo, já que, nos dias atuais, o entretenimento das crianças naquela idade, por vezes, já não engloba brincadeiras tão efêmeras.

Por um instante, me postei de frente para o passado, quando, longas conversas nas calçadas, brincar de rodas e manjar, contação de estórias e outras aventuras infantis tomavam o tempo da meninada. Por isso, encantei-me com aquele momento.

E qual não foi minha surpresa ao abordar as futuras confeiteiras, pois ao pedir para que posassem para uma foto ouvi a indagação de uma delas: É para a internet? Como não havia pensado em outra coisa que não fosse realmente apenas o registro daquele momento, respondi que não, portanto, peço permissão a elas para a postagem que faço agora:

4 comentários:

  1. Um texto de leitura agradável e prazeroso. Parabéns Antônio.

    ResponderExcluir
  2. A propriedade Unha de Gato, onde tirei a foto, já foi do Antonio Morais. Portanto, julgo que ele pode fazer um balanço de como era a comunidade há cerca de 35 anos atrás.

    ResponderExcluir
  3. Prezado Antonio - Comprei a propriedade da família de José Joaquim, uma família grande, honrada, de muitos irmãos que já tinham migrado todos para a cidade, especialmente a Rua São Vicente em Várzea-Alegre. As diversas casas estavam todas desocupadas. Década de 70 do seculo passado, nunca mais visitei a localidade, mas com a construção de um bom açude as mudanças dos governos na assistência social eu acho que somente o barro continuo igual, vermelho. O resto mudou para melhor. Que Deus abençoe o lugar e sua gente.

    ResponderExcluir
  4. Ainda mantenho a propriedade. É claro que as coisas mudaram por lá; algumas delas para melhor. Há energia elétrica, água encanada, muitas casas novas; equipadas com TV, internet etc. Costumamos ir na Unha de Gato regularmente, a serviço da administração do imóvel ou a passeio e descanso. Convido-o a qualquer dia dar um pulinho por lá.
    Muito grato...

    ResponderExcluir