As federações estaduais de futebol defendem a manutenção dos seus certames, alegando que, sem eles, 80% dos profissionais da bola ficam desempregados.
Um outro entendimento dá conta de suas existências atribuídas, única e exclusivamente, ao poder de voto que as mesmas detém na escolha do presidente da CBF.
É bom lembrar que o jogador de futebol é um trabalhador do esporte e uma perda de ocupação dessa magnitude geraria protestos e arregimentações muito fortes.
A CBF, que consideramos uma espécie de “ministério do trabalho do futebol” (devia se imaginar assim) encomendou um estudo a EY, referente a 2018, para tomar pé da verdadeira situação.
Numa rápida observação, diante dos mais variados dados trazidos pelo estudo, chegou-se a uma constatação: campeonatos estaduais não impedem desemprego em massa de jogadores do Brasil.
Revela, e isto me surpreende, que são 90 mil atletas profissionais e apenas 11 mil contratos ativos. Quer dizer, 90% deles não tinham clube. É bom lembrar que o estudo aponta mais equipes inativas que ativas.
Pode-se reconhecer que é atleta demais para competição de menos.Mas, não estamos a defender um inchaço maior no irracional calendário esportivo do Brasil.
As pesquisas têm o poder de banalizar as coisas e levam em consideração muitos fatores negativos, já conhecidos, sem uma contrapartida com soluções.
Por exemplo, quando se refere às disparidades salariais entre clubes e jogadores.
Ora, o jogador brasileiro tem o mesmo perfil da maioria dos trabalhadores: trabalha muito, ganha pouco, com média salarial parecida: 82% deles ganham um salário mínimo.
Diferentemente de trabalhadores de outras áreas, a carreira no futebol é mais curta. Não à toa, jogador de futebol tem uma das piores situações profissionais do país.
Agora, deixando um pouco de lado a profundidade do estudo, o que falta mesmo é projeto, além da CBF, para resolver os sérios problemas do futebol brasileiro.
Sugestões existem às pencas como: enxugamento maior dos estaduais e a criação de fundos financeiros, em beneficio dos medianos e pequenos, para amenizar as disparidades técnicas desanimadoras.
E tudo isso devia constar dos objetivos de uma liga formada pelos clubes. Sem essa medida, vamos permanecer reféns das sopas de números que as pesquisas e estudos trazem.
No futebol, muita coisa é produto de sonhos, quimeras e de hipóteses. Não cabe apenas estatística em tudo.
Os dirigentes do futebol bem como dos clubes pouco se preocupam com os atletas. Pensam mais neles mesmos, e quando misturam futebol e politica aí, então, é caso perdido.
ResponderExcluir