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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


terça-feira, 10 de abril de 2012

MACARRÃO ESCOTEIRO - Por Mundim do Vale.

Moisés, tio de Zé Athaide, passou uma temporada trabalhando na Vazante, com os filhos do meu tio Raimundo. O trabalhador era exigente com certos alimentos e ao mesmo tempo muito extravagante com outros. Rejeitava peba, tatu, traíra, capote e alguns alimentos mais. Por outro lado era capaz de derramar meio quilo de açúcar num prato de feijão com pão e comer, sem deixar nem um pouquinho para Magnólia Fiúza.
Certo dia eles estavam trabalhando na roça e subiram para o almoço na casa de tio Raimundo.
Moisés foi até a cozinha para tomar água, viu tia Izaura escorrendo macarrão e foi logo dizendo:
- Eu num gosto disso!
Voltou para a sala onde estavam Zé, Nilo, Paulo e Militão, jogando sueca.
Tia Izaura terminou o macarrão acrescentando queijo ralado e molho de tomate. Em seguida fez os pratos deixando o do Moisés apenas com arroz, feijão e batatas cozidas. Pôs os pratos na mesa e chamou todos para o almoço. Enquanto os outros degustavam a macarronada, Moisés ficou só picando a batata, com a colher.
Tia Izaura que estava próximo perguntou:
- Moisés tu não vai almoçar, não?
- Eu tou isperando qui a sinhora bote um pouquim desse negoço pra eu.
- Mas Moisés. Esse negócio que você tá falando é aquele macarrão que você disse que não gostava.
- Mas eu num gosto é de macarrão escoteiro paricido cum lumbriga. Desse jeito aí eu gosto.
- Pois é. Você não avisou antes, agora não tem mais.
Moisés para não ficar sem comer, quebrou uma banda de rapadura sobre o prato e comeu tudo.

2 comentários:

  1. Mundim,quando eu era criança, só comia feijão com pão, porque não tinha outra coisa; mais eu confesso meu amigo, oh! bicho ruim... eu gostava e continuo gostando é de baião de dois com carne torrada! queijo de qualho... agora, macarraão escoteiro, é outro bicho ruim, rsrsrs. Abraço. Fatima.

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  2. Mundim.

    Era nosso costume, nos finais de semana, almoçarmos na fazenda junto com vários moradores. Um dia, tinha uma panela de fava com mocotó de porco, costela de gado e linguiça.

    Eu dei uma entrada desmedida. Tanto comia como elogiava: ou fava boa.

    Um morador, de nome Pedro Abel observou: seu Morais, eu queria ver o senhor dizer isso era com uma que eu vou almoçar amanha!

    D'agua no sal.

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