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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quinta-feira, 5 de abril de 2012

Meninos do Sanharol - Por Blog do Sanharol.



Esta historia está  no livro "Lembranças e Saudades" e, aqui já é reprise. Trata-se de uma Quinta-Feira de uma semana santa do ano 55 do seculo passado. Eramos apenas dois os filhos de José André e Tonha.  Eu com os seis anos e o Pedro com quatro. Foi um dos melhores invernos daquela época. Fartura a valer. 

No almoço, mamãe serviu um baião de dois com feijão verde, queijo de coalho e piqui. Quando distribuiu os dois pratinhos, o meu e o de Pedro, o meu olho grande  observou que o caroço de piqui do Pedro era maior do que o meu. 

Pronto, foi o bastante para uma zanga. Empurrei o prato para cima do fogão e disse que não queria. Minha mãe com aquela calma toda falou: está bem, quando o teu pai chegar eu quero ver se você não vai aceitar. Vi aí, a chance de me resignar da besteira  cometida. Esperei meu pai chegar, certo que ele  ia bronquear e, assim eu  me salvaria da besteira opiniosa. 

Mas que nada, quando o meu pai chegou que a minha mãe lhe fez queixa ele respondeu: deixe em cima do fogão, quando ele sentir fome ele come. 

Passei o dia todo olhando o pratinho com a comida  e pensando: tai o que tu ganhou cabra egua. Mas, não há mal que não traga um bem. Nunca mais  me zanguei por pouca coisa. Passei a aceitar a minha parte do jeito que me tocava. Bendito o ditado: toda opinião é contra o seu dono. Foi a tarde mais longa de minha vida. Quase não chega a hora do jantar.

3 comentários:

  1. Como era bom ser menino.

    Como aquele baião de dois era bem mais gostoso que os de hoje.

    Como o tempo passa rapido.

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  2. Quando eu era menino, a minha maior amizade era com a famìlia de Tomazinho, nosso vizinho. Sempre que tinah tempo, corria prá lá. Certo dia, D. Geralda passou a manhã lavando roupa no cacimbão e eu ajudando ao Júnior a puxar a água. Shirley tinha ficado em casa, fazendo o almoço: galinha caipira, prá mim, coisa melhor não tem em termos de comida. Deu onze horas fomos prá casa e eu fui convidado para chegar até a casa. O almoço estava pronto e prepararam um prato para mim. Com vergonha( e muita besteira), escapuli e corri prá casa deixando aquele apetitoso prato. Cheguei em casa, descobri o meu prato que estava coberto com uma cuia: feijão com pão seco, d'agua no sal como se dizia. Isto deve fazer uns 40 anos, mas até hoje eu me arrependo da besteira que fiz. Arrependimento este maior que o de Morais, mas que também me ensinou não recusar comida em casa de ningúem.

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  3. Morais.
    Giovane.


    Gostaria de dizer muitas coisas, relembrar outras tantas; mais um nó na garganta impede que eu raciocine; fico a recordar as doces e maravilhosas Semanas Santas da minha terra e da minha meninice... digo apenas que: RECONHECER NOSSOS ERROS É PROVA DE HUMILDADE E CRESCIMENTO.

    Desejo uma maravilhosa Pascoa, para todos da minha terrinha e deste blog.

    Fatima Gibão.

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