A CPI do Carlinhos Cachoeira, se for realizada, será mais uma das múltiplas iniciativas tópicas, que atacam o sintoma sem cuidar das causas da doença.
Dor de cabeça? Tome uma aspirina. A CPI não deverá ser mais que isto: uma aspirina institucional. Outra. Tem sido assim desde o fim do regime militar: CPI da Corrupção (governo Sarney), do PC Farias (governo Collor), dos Anões do Orçamento (governo Itamar Franco), dos Precatórios (governo FHC), da Petrobras (governo Lula, que, diga-se, nem como aspirina funcionou), do MST. Etc.
Qual o resultado? Queimaram-se algumas reputações (a maioria acertadamente), derrubou-se um presidente da República, mas a doença continuou lá, intacta. Passado o efeito da aspirina, cada vez mais rápido, voltam as dores de cabeça.
O mais grave é que todos, desde o início, sabiam (continuam sabendo) qual a causa da enfermidade: o sistema político. Tanto assim que a cada nova legislatura – incluindo a atual – elege-se como prioridade a reforma política e, ao final, ninguém a faz.
Acaba reduzida a um arremedo, que, na maioria das vezes, piora o que lá estava. Ninguém ignora que o sistema partidário e a legislação eleitoral (sobretudo o financiamento de campanhas) são o tumor a ser expelido. Na hora de fazê-lo, ninguém o faz.
O presente governo está no seu segundo ano. O novo Congresso, ao assumir, fez da reforma política o seu estandarte. Criaram-se comissões especiais na Câmara e no Senado e, para não variar, fez-se muito barulho por nada. Como se previa, as eleições deste ano se darão sob as mesmas regras das anteriores.
É natural que se reproduzam os mesmos cenários, por onde se movem com desenvoltura os Carlinhos Cachoeira e se desviam os inúmeros Demóstenes Torres.
Não há como investigar o Demostenes sem atingir o Valdomiro Diniz, Como investigar o Valdomiro sem chegar no Dirceu.
ResponderExcluirE as conversas do Cachoeira com deputados de todos os partidos. Onde Ficam?
Duvido que tenham coragem para tanto.
Rede de contravenção de Cachoeira contava com policiais e delegados da PF. Além de elos com políticos, a organização criminosa comandada pelo contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, tinha sob suas ordens dois delegados da Polícia Federal e 30 policiais militares, que vazavam informações privilegiadas e driblavam até a ação da Força Nacional de Segurança, quando atuava na repressão a jogos ilícitos em Goiás e nos arredores de Brasília.
ResponderExcluir