O que Lula faz e se dispõe a fazer com mais intensidade na medida em que se aproxima a data da sua possível condenação por vários crimes, ele antecipou em conversa com a então presidente Dilma Rousseff em 16 de março do ano passado, dia em que foi levado coercitivamente para depor em São Paulo aos procuradores da Lava Jato.
Em resumo, ele disse:
01 - “Se os canalhas tivessem mandado um ofício teria ido prestar depoimento. Eu já fui três vezes a Brasília prestar depoimento. Eu acho que o Moro quis fazer um espetáculo antes daquele negócio que tá pra decidir, que tá no Supremo pra decidir, mas ele precisava fazer o espetáculo de pirotecnia.”
02 - “Nós temos uma Suprema Corte totalmente acovardada, um Superior Tribunal de Justiça totalmente acovardado, um Parlamento totalmente acovardado, um presidente da Câmara fodido, um presidente do Senado fodido, não sei quantos parlamentares ameaçados e fica todo mundo no compasso achando que vai acontecer um milagre.”
03 - “Eu estou dizendo aqui pro PT que não tem mais trégua, que não tem que ficar acreditando na luta jurídica, ou seja, nós temos que aproveitar a nossa militância e ir pra rua. Eu vou antecipar minha campanha para 2018, vou acertar de viajar esse país a partir da semana que vem e quero ver o que vai acontecer. Lamentavelmente vai ser isso. Eu não vou ficar em casa parado.”
Há mais de um ano, portanto, a “alma mais honesta” do Brasil abdicou de provar sua inocência pelos meios jurídicos previstos em leis e decidiu travar uma luta política com o juiz Sérgio Moro e com qualquer outra instância da Justiça que ouse contrariá-lo.
A essa altura, tantas são as provas reunidas contra ele que Lula está convencido de que não escapará de ser condenada nos processos que responde por crimes de corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, organização criminosa, tráfico de influência e obstrução da Justiça.
A Lula só resta uma esperança: assustar a Justiça a um ponto de ela, normalmente morosa e sujeita à pressão dos poderosos, não decidir a tempo de evitar sua candidatura a presidente no próximo ano. Daí o gesto de se declarar em campanha desde já. Daí toda a sorte de ardis, tramoias.
Foram muitas nas últimas horas – desde o recurso impetrado para que uma equipe do PT possa gravar seu depoimento a Moro marcado para amanhã até o recurso impetrado para tentar adiar o próprio depoimento. Danem-se os militantes do partido que viajam a Curitiba para apoiá-lo!
Massa de manobra serve para isso mesmo – se necessário, gastar com o aluguel de ônibus, arcar com as demais despesas de viagem e amargar o prejuízo caso não haja depoimento. O que importa são os superiores interesses do chefão, a sua sobrevivência.
Se não puder ser candidato como deseja, como já desejava na eleição de 2014, Lula tem pronta sua nova máscara: a de mártir político da esquerda, vítima da segunda fase do golpe que derrubou Dilma. Numa sociedade de políticos criminosos, ele aposta no esquecimento dos seus crimes.
Juiz nega adiar depoimento de Lula a Moro.
ResponderExcluirDefesa queria a suspensão do processo contra o petista na Justiça Federal do Paraná para analisar documentos anexados pela Petrobras aos autos
O juiz federal Nivaldo Bonini, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, indeferiu nesta terça-feira o pedido da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para suspender a ação penal a que ele responde na Justiça Federal do Paraná e, assim, adiar o depoimento do petista ao juiz Sergio Moro marcado para as 14h de amanhã.