Promovido
pela Associação dos ex-Alunos do Seminário São José de Crato–ADSUM, foi
realizado nesta cidade, entre 10 e 12 de março corrente, mais um
encontro dessa associação. Este ano constou da programação, a realização
de um seminário com homenagens pelo bicentenário de nascimento do 1º
Bispo do Ceará, Dom Luís Antônio dos Santos, o fundador do Seminário São
José de Crato.
Na 6ª feira, à noite,
na abertura, ocorreu uma palestra do Dr. Geová Lemos Cavalcante, membro
do Instituto do Ceará, sobre episódios da vida de Dom Luís, no Salão de
Atos da Universidade Regional do Cariri, seguida da solenidade de posse
de Dom Gilberto Pastana na Cadeira Dom Luís, do Instituto Cultural do
Cariri.
No sábado pela manhã, no
Seminário São José houve conferência sobre a vida, obra e relacionamento
de Dom Luís Antônio com a cidade de Crato, a cargo do historiador e
memorialista Armando Lopes Rafael. Teve também mesa redonda com
exposição do professor Edilberto Cavalcanti, da Faculdade Católica de
Quixadá.
Dentro da programação
ocorreu, ainda, a inauguração da Praça Dom Luís Antônio dos Santos,
construída pelo Governo do Ceará e localizada em frente ao Seminário São
José, em Crato. No domingo, aconteceu a solenidade de encerramento do
encontro da ADSUM, com a celebração de uma Missa de Ação de Graças, pelo
bicentenário de nascimento de Dom Luís Antônio dos Santos e posse do
novo Cura da Catedral de Nossa Senhora da Penha, Pe. José Vicente Pinto
de Alencar.
Dom Luís e sua ligação com Crato
Dom Luís nasceu no dia 17 de março de 1817, em Angra dos Reis, cidade
localizada no Estado do Rio de Janeiro. Chegando ao Ceará em 1861, como
seu primeiro bispo, Dom Luís encontrou uma província pobre, sem meios de
comunicação e com um clero escasso. Dom Luís Antônio dos Santos teve
de começar praticamente do zero para montar a Diocese do Ceará.
O Seminário São José de Crato foi fruto de um desejo de Dom Luís, com o
objetivo de ampliar a divulgação da Boa Nova de Cristo e salvar almas,
no território da sua vasta diocese, a qual, à época, compreendia todo o
Estado do Ceará.
Para conseguir
tal intento, Dom Luís Antônio resolveu deslocar-se de Fortaleza para
Crato, ficando ele próprio à frente dos trabalhos, por cerca de sete
meses, tempo que residiu em nossa cidade. Durante sua estada em Crato,
foi-lhe preparada uma residência episcopal pelo seu grande amigo e
compadre, coronel Antônio Luís Alves Pequeno, que arcou também com as
despesas de cama e mesa de Dom Luís Antônio e sua comitiva.
A residência ficava num sobrado localizado na esquina da atual Rua João
Pessoa com Praça Juarez Távora. Como sempre, a população de Crato
acolheu com festas, respeito e muita alegria o primeiro Bispo do Ceará.
Pôs-se Dom Luiz à frente da construção, mas, dada a grandiosidade da
obra, o Seminário São José foi inaugurado, em 07 de março de 1875, em
barracões provisórios, feitos de taipa e cobertos de palha, enquanto a
construção dos blocos de alvenaria tinha prosseguimento.
Recebeu o título de marquês por decreto espedido por D. Isabel do Brasil em 16 de maio de 1888. Era cavaleiro da Imperial Ordem de Cristo e oficial da Imperial Ordem da Rosa.
ResponderExcluirÉ verdade, Morais.
ResponderExcluirNa conferência que fiz ontem no Seminário São fiz o seguinte comentário:
" Dom Luís Antônio dos Santos, apesar de ter nascido numa família humilde, tornou-se – ao longo da sua existência – uma pessoa dotada, naturalmente, de gestos fidalgos, modos educados, lhaneza no trato com as pessoas, principalmente as mais humildes. Foi também um aristocrata, no sentido literal da palavra. No período monárquico, foi agraciado, em 16 de maio de 1888, com o título de Marquês de Monte Pascoal, honraria concedida pela Princesa Isabel, a Redentora, quando esta governava o Império do Brasil como Princesa Regente, na ausência de seu pai, o Imperador Dom Pedro II. Dom Luís era ainda cavaleiro da Imperial Ordem de Cristo e oficial da Imperial Ordem da Rosa, duas condecorações criadas na vigência do Império do Brasil.
(continua)
No entanto, ele nunca usou nem ostentou esses títulos. Sequer falava neles. Nunca mudou, em momento algum, o seu modo simples e despojado de viver. Durante a terrível seca de 1877 a 1879, quando era Bispo do Ceará, presenciando milhares de pessoas atacadas pela varíola e morrendo de fome, Dom Luís Antônio deu o testemunho de amor ao próximo e protagonizou cenas de verdadeiro heroísmo. Ajudava como podia. Sem temer o contágio da doença, Dom Luís tinha por hábito percorrer os imundos tugúrios e as barracas de palha, que proliferavam nas periferias de Fortaleza, para levar uma palavra de conforto aos flagelados. Chegava, por vezes, a deitar-se nas esteiras nauseabundas dos pestosos, para ouvi-los em confissão. Diante de tão deprimente cenário, Dom Luís Antônio fez uma promessa pública: cessadas as calamidades, o Ceará seria consagrado ao Sagrado Coração de Jesus. Também seria construída, na capital do Estado, uma igreja, com a finalidade de incentivar a todos que desejassem crescer na amizade ao coração manso, humilde e misericordioso do Cristo Jesus... Dom Luiz Antônio, antes de deixar o Ceará, cumpriu ambas as promessas!
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