As rapaduras de João Saraiva - Por Antonio Morais

João Saraiva morava no sitio Brejo. Era proprietário de Engenho e produzia uma rapadura preta retinta e salobra, - não muito apreciada pelos exigentes consumidores. Era costume da época, os produtores levarem a feira semanal os produtos do engenho. Os Cazuzinhas eram afamados em produzir um produto de excelência, seguido por Clicério Gomes de Morais, João Bilé do Coité, José Carlos do Baixio e tantos outros. João Saraiva colocava com toda humildade o seu produto e ficava aguardando os  fregueses.

Toda semana, o padre da época passava visitando a feira e tinha sempre uma lorota para falar com seu João Saraiva. - Seu João o povo fala que a rapadura do Senhor é preta porque o Senhor não tira o olho da cana! Seu vigário, nem tudo que o povo fala é verdade, respondia seu João. 

Na outra semana, mesma cantilena: Seu João o povo fala que a rapadura do senhor é preta porque o senhor não tira a tiborna da garapa! Dizia o Padre. Seu vigário nem tudo que o povo fala é verdade respondia seu João, 

Lá pela quarta vez, seu João com o juízo cozinhado, se antecipou ao padre. Antes que este dissesse alguma coisa: - Seu vigário, falam por aí que o menino que fulaninha está esperando é filho do Senhor? O padre: seu João nem tudo que o povo fala é verdade, e, saiu de fininho pra nunca mais voltar e dar palpite na moagem alheia.