CARTA ABERTA AOS DOUTORANDOS DE MEDICINA DE 1982 DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
Estivemos este final de semana fazendo uma homenagem ao nosso inesquecível colega Jorge Lynch, falecido recentemente. O encontro se deu num hotel fazenda entre João Pessoa e Recife. O objetivo do encontro, além de homenagear o colega, era iniciar o planejamento da festa dos trinta anos de formatura, da turma de Medicina da UFPE, de 1982. Estiveram presentes 13 colegas. Escrevi estas mal traçadas linhas e lhes enviei. Divido com vocês esta sincera reflexão.
Caros Colegas,
Após a grata homenagem ao inesquecível colega Jorge Lynch, falemos de vida. Não do pedaço da nossa existência que submerge a cada plantão ou a cada jornada de trabalho, mas da vida que encanta, e se desencanta a cada novo encontro, e que nos faz compor o canto da mais bela sinfonia do mundo. A composição do amor, da paz, da harmonia e do respeito.
Vivamos o momento! Pois a esperança refletida naquele verde canavial nos conduziu a um passado cheio de futuro, que só cresceu a cada cavalgada. Recordações estudantis nos fizeram outra vez crianças, que nem a sólida reflexão da oração, nas ondas sonoras do bolero de Ravel, nos fez retornar à realidade. O milagre da contemporaneidade aconteceu.
O finíssimo doce da cana de açúcar nos fez esquecer o desagradável sabor do sofrimento, da dor e da tristeza; e a harmonia do meio ambiente nos mostrou um novo caminho a ser seguido diante das dificuldades, doravante, encontradas.
A elegância, a fina estampa e os agradáveis fragmentos de lembranças daquela senhora de cabelos cor de nuvens e de memória anuviada, nos colocaram novamente no eixo da vida, numa prévia reflexão de que todos nós estamos expostos, não podendo mais nos dar ao luxo da mediocridade da inércia.
O assento duro do pau de arara, as cipoadas traiçoeiras dos arbustos, o banho inesperado das águas retesadas daquela improvisada coberta e a incerteza do nosso destino nos mostraram, em ensinamento magistral, a dureza da realidade humana. Confessemos... Ficamos mais dóceis e menos egoístas.
Enfim, a harmonia dos pássaros, a leveza da vegetação, a exuberância das flores, os coaxarem das rãs, a camuflagem dos camaleões, o nascer da aurora e o por do sol nos encheram de energia, dando-nos uma nova vitalidade, que já imagináramos não mais existir.
Espelhemo-nos, então, na saudade do Jorge, na fé do Arnaldo, no amor paternal do Ericsson, na amizade sincera do Chico Spinelli, na paciência do Creso, no doce sorriso da Ana Cláudia, na delicadeza da Márcia, na espontaneidade da Nélia, na simpatia da Dulce, na dedicação do Arthur, na tranquilidade do Milfont, na amizade da Elisabeth e na virilidade do Ivo...
Que o trigésimo ano de vida profissional, nos sirva de inspiração para estabilizarmos, de vez, a nossa jornada com um voo sereno, num céu de brigadeiro, vislumbrando, solenemente, o branco das nuvens, o azul do mar e a pureza inigualável do firmamento.
Um grande abraço!
Que venha 2012!
Dr. Savio.
ResponderExcluirParabens pelo encontro.
Voce fala dos seus ex-colegas com um sentimento fraterno. Na verdade na vida estes ex-companheiros são irmãos espalhados que mesmo distante nunca deixam de fazer partes de nossas vidas.
Abarços.
Belíssimo texto, Sávio!Parabéns.
ResponderExcluirComo o tempo corre, parece que foi ontem. Desejo a você e a todos os formandos de l982 a duplicidade de profissão. Que salvem mais e mais seus irmãos.