Setenta e hum anos depois, ainda é difícil entender tudo o que aconteceu naquela noite, nos 60 hectares do Sitio Caldeirão e porque morreram 700 ou 1000 segundo alguns de acordo com números oficiais seguidores de José Lourenço, beato, negro, filho de pais alforriados, discípulo de Padre Cicero..
Homens, mulheres e crianças assustados viram casas serem incendiadas e destruídas, crianças espancadas, tudo saqueado. O confronto era desigual. De um lado, pessoas sem habilidade nenhuma para guerrear, usando ferramentas de oficio como facões, ferroes e cacetetes, contra soldados treinados, armados até os dentes a atirando, com desenvoltura, com espingardas e metralhadoras.
Se o desespero já era grande, foi ainda maior quando os aviões da Força Aérea começaram o ataque. Gente que nunca tinha visto um avião, tornou-se alvo fácil para os pilotos experientes. Famílias inteiras tombaram. Alem dos mortos mais de cem pessoas foram presas e muitas crianças, sobrevivente, foram dadas as famílias da região a título de adoção, enquanto algumas dezenas foram levadas para Salvador, confinadas na Escola Profissional de Menores.
Nada disso teria acontecido se o Padre Cicero houvesse deixado a propriedade para quem de direito: A comunidade do Caldeirão. Foi deixar para igreja que decidiu reaver na justiça, e por isso, aconteceu toda a carnificina.
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