Em trinta e dois quando a seca
Devastou todo o sertão
Lá ninguem morreu de fome
Ou passou precisão
Repartiam o que sobrava
Com todos que ali chegavam
Cresceu a população.
Para o pobre retirante
Que da sequidão fugia
Procurando agua no Crato
Curral do governo havia
Era um chiqueiro pra gente
Morrer ou ficar demente
Só maldade acontecia
Os poucos que escapavam
Figiam pro Caldeirão
Sabendo que lá na serra
Receberiam proteção
Em troca do seu trabalho
Ganhariam agasalho
Agua, comida e oração
E o arraial foi crescendo
A fama foi se espalhando
De todo canto se via
A romeirada chegando
Uns vinham para morar
Outros só vinham olhar
Mas acabavam ficando
Lá se fabricava tudo
Foice, enxada e pá
Engenho de pau e porta
Tijolo, telha, emborná
Sela, arreio e gibão
Velas para oração
E redes pra se deitar
Depois de repartir tudo
E guardar pra precisão
O que sobravam vendiam
Nas feiras da região
Tinha tudo pra dar certo
O povo pobre é esperto
E sabe ter decisão.
Para que a comunidade
Funcionasse normalmente
O Beato nomeou
Isaias seu tenente
Que junto com Severino
Um homem de muito tino
Honrado e muito valente
Depois de todo trabalho
Oficiava a novena
Então o Beato pregava
A penitencia e as penas
Pra quem não andava direito
De Deus a lei é o preceito
E o que a justiça condena
No dia de Santa Curz
Fazia uma procissão
Com os Dez pares da França
Na frente da multidão
O seu cavalo enfeitado
O Trancelim afamado
Causava admiração.
Até pros bichos do mato
Ele dava proteção
Cuidava de ema e tatu
De onça, bode e pavão
Preguiça viado e anta
Mocó, xexeu, salamanta
Macaco, preá, gavião.
Até a proxima.
"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".
Dom Helder Câmara
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Quem leu e conheceu a historia do Campo de Concentração do Buriti em Crato, em 1932, deve se envergonhar do Brasil daquela época. Os Nazistas perdiam feio.
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