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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sábado, 6 de maio de 2017

Duque põe Lula na pauta da delação de Palocci - Por Josias de Souza.


Antonio Palocci mantém o propósito de celebrar com a Lava Jato um acordo de colaboração judicial. Em privado, afirma que o pedido de liberdade que sua defesa protocolou no Supremo Tribunal Federal não alterou o plano de se tornar delator. Nesse cenário, o depoimento de Renato Duque ao juiz Sergio Moro introduziu na pauta da delação de Palocci um tema incontornável: Lula.

Representante do PT no time de diretores acomodados na Petrobras para assaltar os cofres da estatal, o petista Duque esmiuçou para o juiz da Lava Jato um esquema de cobrança de propinas em contratos para a construção de sondas. Envolve a empresa Sete Brasil. Na versão de Duque, Palocci foi escalado para defender os interesses de Lula na partilha da verba de má origem.

Duque deu nome aos bois. Integram o roteiro, além de Lula e Palocci, o ex-gerente da diretoria de Serviços da Petrobras Pedro Barusco, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari, e o ex-ministro José Dirceu.

A certa altura, Duque contou a Moro: “Ele, Barusco, diz pro Vaccari que tinha fechado com todos os estaleiros a participação de 1% em cima dos contratos, sendo que Kepel e Jurong tinha fechado em 0,9%. Ele propôs nessa ocasião uma divisão ao estilo que ele praticou na Engenharia, com metade para a Casa [executivos da Petrobras] e metade pro partido [PT]. O Vaccari falou: ‘Nesse assunto específico eu vou consultar o Antonio Palocci’, porque o Lula encarregou o Palocci de cuidar desse assunto. Aí Vaccari vai, tem a conversa, retorna e diz que a posição não é de meio a meio; é 1/3 para a Casa e 2/3 para partido. A parte de 1/6 daria US$ 33 milhões; multiplicado por seis daria quase US$ 200 milhões. Os 2/3 do partido político, Vaccari me informou que iriam para o PT, José Dirceu e Lula. A parte do Lula seria gerenciada pelo Palocci.”

Não há hipótese de Palocci se entender com os procuradores da Lava Jato sem esclarecer sua participação neste e noutros episódios em que aparece engachado em Lula. Por exemplo: O delator Marcelo Odebrecht declarou a Moro que Palocci era o “Italiano” das planilhas do departamento de propinas da construtora. Entre outras atribuições, cabia a ele gerenciar uma verba suja de R$ 40 milhões destinada à rubrica “Amigo”, codinome atribuído a Lula.

Odebrecht relatou em sua delação: “A gente botou R$ 40 milhões que viriam para atender demandas que viessem de Lula. Veja bem: o Lula nunca me pediu diretamente. Eu combinei via Palocci. Óbvio, ao longo dos usos, ficou claro que era realmente para o Lula. […] O Palocci me pedia para descontar do saldo 'Amigo'.'' Nessa versão pelo menos R$ 13 milhões da cifra destinada a Lula foram repassados a um ex-assessor de Palocci em dinheiro vivo.

Confirmando-se a entrada dos petistas Duque e Palocci no rol de delatores, ficará de ponta-cabeça o discurso de Lula e do petismo. Será difícil encaixar dois personagens tão identificados com o PT na categoria de integrantes do hipotético complô que estaria tentando golpear a candidatura presidencial de Lula.

Foi à breca também o discurso da suposta seletividade da Lava Jato. Hoje, encontram-se sob suspeição desde Michel Temer até a cúpula do PSDB (pode me chamar de Aécio Neves, Geraldo Alckmin e/ou José Serra). A bancada de deputados e senadores encrencados é suprapartidária. De resto, foram imprensados oito ministros de Temer, entre os quais estão dois fraternais amigos do presidente (Eliseu Padilha e Moreira Franco).

Juridicamente, Lula ficou tornou-se um personagem duro de defender. Politicamente, ostenta um discurso desconexo. Se virar matéria-prima da delação de Palocci, ministro da Fazenda do seu governo, Lula terá difioculdade para desqualificar o delator. Xingá-lo seria como cuspir contra a própria imagem refletida no espelho.

2 comentários:

  1. Diante de tamanho escândalo o que se esperava era a prisão do Lula e não a soltura do Dirceu.

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  2. Imagine que ontem, sábado, durante o encontro Nacional do PT, que contou com a presença do ex-Presidente do Uruguai o ex-guerrilheiro tupamaro Jose Mujica, o "Pepe, Lula afirmou:

    -- Pepe, eu sou inocente e ainda vou mandar prender os que me acusam de ser ladrão...

    Lula merece ir para o Livro dos recprdes - Guinesse - como o maior hipócrita do Brasil e o segundo do continente americano (Lula só perde para o finado Fidel Castro, por enquanto)...

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