“Nasci paraibano sem querer”, afirmava Wilson Gonçalves, cajazeirense nascido em 6 de outubro de 1914, filho de Zacarias Gonçalves da Silva e Adília Gonçalves Cavalcante, que perseguidos por jagunços foram obrigados a fugir do Crato para Cajazeiras.
O conheci em uma de suas visitas a Cajazeiras no armazém de meu pai, a quem visitava para abraçar e conversar sobre política, a coisa que Wilson fazia muito bem e com prazer redobrado. Era irônico, bem informado e inteligente.
Vivia só para a política. Não vendia nem comprava. Não possuía empresas. Não enriqueceu na vida pública e de conduta inatacável e na cidade do Crato, durante as campanhas eleitorais, a única restrição que lhe faziam, residia no fato de ter nascido em Cajazeiras, tangido pela rebelião que derrubou o Presidente Franco Rabelo. Os seus adversários diziam: “porque votar num paraibano, se há tanto cearense candidato!”
Quando faleceu, em 14 de novembro de 2000, todo o estado do Ceará e em especial o Cariri cearense lamentou a morte dele. Foi sepultado em Fortaleza.
Foi advogado, professor, jurista, jornalista, político e ministro do antigo Tribunal Federal de Recursos. Bacharel em Direito, em 1937, pela Universidade Federal do Ceará, tendo exercido a advocacia no Ceará, Paraíba e Pernambuco, até fixar residência em Crato, onde foi secretário-geral da prefeitura e depois prefeito (1943-1945), pelas mãos do interventor Menezes Pimentel. Ingressou no PSD sendo eleito deputado estadual em 1947, período da redemocratização, e em 1951 (pleito extemporâneo) e 1954. Foi ainda vice-governador, em 1958, na chapa de Parsifal Barroso. Eleito senador em 1962, migrou para a ARENA após a deposição de João Goulart, sendo reeleito em 1970. Em 22 de novembro de 1978 foi nomeado para o Tribunal Federal de Recursos pelo presidente Ernesto Geisel.
Tenho tentado encontrar mais fontes sobre a passagem dos pais de Wilson Gonçalves por Cajazeiras, mas no ano de 1914 não havia ainda nenhum jornal na cidade que pudesse registrar este fato. Não temos também informações porque seus pais preferiram a cidade de Cajazeiras para se refugiar, talvez porque já teria sido escolhida para ser sede de Diocese, ou pela proeminência histórica do Padre Rolim ou ainda por ter familiares em Cajazeiras.
Não sei quando e em que tempo a cidade de Cajazeiras vai ter um gestor com sensibilidade e acima de tudo, com devoção e amor e que tenha a capacidade de entender da importância da preservação do nosso riquíssimo “arquivo público e histórico” e um dia talvez, destine um teto para guarda e conservação, para que os futuros pesquisadores possam escrever a nossa história baseada em fontes documentais e que não se repita o “desastre” de 1954, quando da transferência para a nova prefeitura, quando os documentos “velhos” foram incendiados.
Wilson Gonçalves faz parte da galeria dos cajazeirenses ilustres, mas infelizmente esquecido e ignorado, mas que precisamos resgatar a sua história e vinculá-la a de nossa cidade.
Se não bastasse tantas outras obras e títulos importantes bastava a criação do Colégio que leva o seu nome para dignificar sua carreira politica. O cariri e região são eternos devedores do seu trabalho na educação de seus filhos.
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