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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sábado, 22 de julho de 2017

"Agora ou nunca" - Por Antônio Mourão Cavalcante (*)

Desde criança aprendi a amar meu país. Cantava de peito aberto o Hino Nacional, acreditando que éramos um gigante adormecido. Na adolescência, fui entusiasmado com Juscelino. Criou Brasília, o novo símbolo dessa pátria, orgulho mundial. Os candangos foram homens e famílias que deixaram suas terras para construir essa esperança. E deu certo. No coração do Brasil. A pátria do futuro.

Mas agora ando meio sufocado. Uma revolta profunda com tudo o que acontece. Fomos traídos. A Constituição Cidadã, tão sonhada por Ulisses e outros grandes democratas, foi transformada numa colcha de retalhos. Aliás, o Brasil foi repartido por grupos econômicos que manipulam a classe política. Estes fazem tudo que aqueles determinam.

É um sistema de pilhagem sofisticado, que vai sugando, gota a gota, o que ainda temos de riqueza.

Há um sentimento de profunda frustração, sem remendo possível.

Perdemos o rumo. Ninguém se importa em criar veredas de oportunidades. Virou um salve-se quem puder. O exercício de um mandato não traduz a vontade do eleitor. Resulta mais em um arranjo entre amigos, valendo o leilão do “quem dá mais?”.

As manchetes anunciam – todos os dias – a descoberta de novas falcatruas. O Brasil sangra. Até quando vamos suportar? E não é mais figura de retórica. É real, no real.

Qual a saída? Só uma: povo na rua, mostrando indignação e revolta.

Pelos canais institucionais há um esvaziamento, um desmantelamento das perspectivas. A nossa indignação tem que assumir o tom que o momento exige. Uma pena que instituições pilares da sociedade brasileira estejam caladas. Refiro-me à CNBB, às universidades públicas, às escolas, à UNE, à OAB... No momento atual, esse silêncio é criminoso. E não adianta sair com notas oficiais, análises conjunturais, que induzem a uma passividade cavilosa. Isto é, não mudam. Tão nem aí.

Para finalizar: o aumento de impostos determinado nesta semana pela dupla Meirelles/Temer é um imenso escárnio ao povo brasileiro. Não há ânimo para mexer nos privilégios. Estamos condenados a pagar a fatura da farra. Vamos esperar até quando? Vamos reagir antes que acabem com o resto.

(*) Antonio Mourão Cavalcante, médico e antropólogo; professor universitário.

 E-Mail: a_mourao@hotmail.com

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