Relator da reforma trabalhista, o senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) festejou a aprovação nesta terça-feira do requerimento de urgência para a proposta. Passou com folga, por 46 votos a 19. Uma evidência de que deve ser aprovada pelos senadores na próxima semana. “A aprovação acontece a despeito do governo do presidente Temer, não por causa dele”, disse Ferraço ao blog. “Estou convencido disso.”
Afogado em problemas, Michel Temer agarra-se a qualquer jacaré imaginando tratar-se de um tronco. O Senado mal havia aprovado a urgência para a mexida na CLT e o presidente já tentava extrair dividendos políticos da novidade. Mandou o porta-voz do Planalto, Alexandre Parola, ditar para os jornalistas: “É mais um sinal do comprometimento da base de apoio ao governo com as medidas que estão modernizando o Brasil e a economia.”
Para Ferraço, o sinal é outro. “Houve um claro descolamento entre a reforma e o governo. O Brasil discute há décadas a necessidade de realizar esses aperfeiçoamentos. A proposta original encaminhada pelo Planalto era bem mais tímida. Estamos votando algo que vai muito além. Isso ocorre porque os senadores se convenceram de que é preciso agir apesar da perda de credibilidade do governo.”
O mesmo não ocorrerá com a reforma da Previdência, acredita Ferraço. “Nesse caso, como se trata de emenda constitucional, o quórum para aprovação é mais alto: na Câmara, são necessários 308 votos”, recordou o senador tucano. “Numa matéria como essa, que contraria poderosos interesses, tinha que ter um governo forte, capaz de absorver um eventual desgaste no curto prazo, para se recuperar no médio prazo, beneficiado pela melhoria da economia. Essas condições já foram perdidas.”
Não interessa o governo, se é bom para o Brasil valeu.
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