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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


domingo, 9 de julho de 2017

FUTEBOL COMO NEGÓCIO - Wilton Bezerra, cronista esportivo.


Confesso, vez por outra, ter enjôos do futebol quando o lúdico, os sentidos da paixão e a devoção das torcidas são secundarizados por interesses meramente econômicos.
A voracidade de agentes, cartolas e entidades a enxergar o futebol apenas como negócio.
Qualquer um a exteriorizar essa visão acaba sendo contestado por definições, até dolorosas, de que as coisas têm de funcionar dessa forma mesmo.
A atividade futebolística regida pelo livre mercado somente a visar o lucro, com os clubes transformados em multinacionais do entretenimento.
Desconfia-se, por trás da paixão, do funcionamento da máquina de lavagem de dinheiro a todo vapor.
Estamos carecas de saber que o capitalismo, com suas garras, promove mudanças impressionantes e jamais o futebol ficaria imune aos seus efeitos.
Este breve espaço de crônica é apenas para expressar um momento de desencanto com o futebol relegado ao papel de produto.
O esporte vai muito além disso.
Atentem para essa notícia do jornal O Globo: “Para atrair investidores chineses, o vice presidente do Fluminense, Diogo Bueno, viaja para a China em companhia de meninos do sub-12 que participarão de um torneio”.
Isto é, não precisa nem se preocupar com aliciamento de jovens jogadores. A entrega agora é direta, sem subterfúgios.
Vejam o que li meses atrás e que me veio à lembrança agora:
Não existe amor no futebol.
É como sexo pago.
Pouco dinheiro dá direito a pouco prazer.
Muito dinheiro dá direito a mais coisas.
Jogador é um homem de negócios.
Vai jogar para quem lhe pagar mais.
O alvo não pode ser apenas o jogador, como se o mesmo não fosse o resultado das transformações mercantilistas que o esporte sofreu

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