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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


domingo, 11 de novembro de 2018

A estratégia de Bolsonaro – por Lucinthya Gomes (*)

   Com apenas oito segundos de propaganda eleitoral gratuita no 1º turno, numa coligação que agrupa apenas duas siglas, vítima de atentado que o impediu de fazer atos públicos durante quase toda a disputa, ausente da maioria dos debates, o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) derrubou muitas certezas sobre métodos tradicionais de fazer campanha. Por outro lado, confirmou as apostas na força que a internet teria para impulsionar um candidato ao maior cargo eletivo do País.

    Há outros fatores, claro, mas uma forte explicação para o surpreendente desempenho nas urnas encontra abrigo na estratégia que o militar reformado adotou para conversar com o seu eleitorado. Mesmo antes do início da campanha, Bolsonaro já havia percebido o potencial das redes sociais.

     Postagens no Twitter, transmissões ao vivo pelo Facebook, mensagens por Whatsapp o ajudaram a levar sua mensagem. Uma fórmula que já se sabia promissora a exemplo da campanha presidencial norte-americana que resultou na eleição de Donald Trump.

     Além de ajudar a estreitar o relacionamento com seus seguidores, a estratégia de Bolsonaro garantia ainda o trunfo de que a mensagem chegaria sem a mediação jornalística. Pelas lives, ele não era confrontado em tempo real, não tinha eventuais contradições expostas. Das vezes em que participou de debates e sabatinas, teve que lidar com repercussão negativa de suas falas. O mesmo ocorreu quando seu vice, o general Hamilton Mourão esteve cercado por jornalistas. Assim como Mourão chegou a ser orientado a não falar com a imprensa em alguns momentos, de certo modo, pode-se dizer que a recomendação médica para não ir a debates até poupou Bolsonaro de maior exposição.
       Também foi parte da estratégia culpabilizar a imprensa pela repercussão negativa.

       De repente, o que era veiculado pela mídia tradicional passou a ser chamado de fake news. A exemplo do que temos visto após o resultado das urnas, o método de Bolsonaro será preservado. Jornalistas já têm sido barrados em eventos com a presença do presidente eleito. Ele vem concedendo entrevistas apenas a meios de comunicação escolhidos. Abandona entrevistas ao ser confrontado. O cenário é um alerta, já que a transparência e o contraponto são intrínsecos ao exercício democrático.

(*) Lucinthya Gomes. Jornalista do O POVO

Um comentário:

  1. O Jair Bolsonaro saiu peitando tudo aquilo que cansou o povo, tudo que tem a antipatia da população. Peitou a Rede Globo, quando disse que vai cortar verbas publicitarias, peitou os artistas poderosos que tiraram vantagens com a lei do ministério da cultura, peitou os velhos da esquerdista Academia Brasileira de letras, e assim foi peitando tudo que há de seboso no Brasil e por essa razão venceu. É, quer queiram ou não o futuro presidente.

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